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Detido por injúria racial, Rafael Ramos vai com o Corinthians para a Argentina mesmo sem poder

Lateral foi acusado por Edenilson, do Inter, de tê-lo chamado de macaco e precisou pagar fiança de R$ 10 mil. Ele nega. Jogador português não está inscrito na Libertadores

Rafael Ramos, lateral-direito do Corinthians acusado de ter cometido injúria racial contra Edenílson, na partida contra o Internacional, neste sábado, seguirá com a delegação do Corinthians para Buenos Aires, na Argentina, mesmo sem estar inscrito na fase de grupos da Copa Libertadores.

O Timão enfrenta o Boca Juniors, terça, às 21h30, na Bombonera.

A inclusão do jogador na viagem já estava prevista. Vítor Pereira levou 30 jogadores para as viagens de Porto Alegre e Buenos Aires, ciente de que sete teriam que ser cortados do banco.

Contra o Inter, ficaram fora os goleiros Matheus Donelli e Carlos Miguel, o zagueiro Robert Renan, o volante Xavier, e os atacantes Giovane, Felipe e Wesley. Para Buenos Aires, a comissão ainda aguarda a possível viagem do lateral-direito Fagner, que ficou no Brasil tratando uma torção.

A tendência é que o Timão jogue com três zagueiros, com Lucas Piton fazendo a ala direita.

Houve pouca movimentação de jogadores no hotel do Corinthians em Porto Alegre nesta manhã de domingo. Apenas os reservas deixaram o local para realizar um treinamento no campo de uma universidade. O grupo viaja por volta das 16h30 para Buenos Aires.

Rafael Ramos, lateral do Corinthians — Foto: Marcelo Braga

Rafael Ramos, lateral do Corinthians — Foto: Marcelo Braga

Rafael Ramos foi preso pela Polícia Civil na madrugada de domingo no Estádio Beira-Rio, prestou depoimento e foi liberado após pagamento de fiança de R$ 10 mil.

Antes de deixar o local, Rafael Ramos fez um pronunciamento e negou ter chamado Edenilson de macaco, como afirmou o atleta do Inter.

– Eu estou aqui com a consciência e cabeça limpas para explicar o que aconteceu. Foi puramente um mal entendido entre mim e o Edenilson. No fim do jogo estive com ele e tivemos uma conversa tranquila, onde expliquei o que tinha acontecido. Ele explicou o que realmente entendeu, que não é verdade. Eu expliquei a verdade daquilo que eu tinha dito. Foi isso que aconteceu. Tivemos uma conversa tranquila. Ele mostrou um receio de se passar por mentiroso, e aí eu falei que ele não é um mentiroso, apenas entendeu as palavras erradas. Apertamos a mão e desejei ele boa sorte – declarou.

Mesmo após a conversa relatada pelo atleta do Corinthians, Edenilson decidiu prestar queixa à Polícia. Por meio das redes sociais, o volante do Inter se manifestou sobre o incidente e escreveu “eu sei o que ouvi”.

Durante a noite, o português voltou a se manifestar, desta vez pelo Instagram:

– Há muito pouca coisa nas nossas vidas de que temos certezas absolutas. Esta é uma delas. Não fui, não sou e nunca serei racista. Graças a Deus me educaram com a plena consciência de que todos somos iguais nesta vida, com os mesmos direitos e os mesmos deveres. Por isso, com esta certeza, fui me explicar ao meu colega de profissão. Sempre me pautei por uma correta em toda a minha carreira, e não iria ser de outra forma agora. Que este caso tenha servido para que este tema seja novamente levantado. E que possamos todos reafirmar: racismo não!

Por meio de nota oficial, o Corinthians informou que “coerente com seus 111 anos de história, repudia e não compactua com o racismo” e prometeu colaborar com as investigações.

O advogado Fabiano Serveira, que acompanhou Rafael Ramos durante o depoimento, também falou com os jornalistas que estavam no Beira-Rio.

– Foram prestados todos os esclarecimentos. Aqui não há nenhuma conduta criminosa. Todos os procedimentos foram realizados, todos os esclarecimentos prestados. A conduta foi demonstrada com nenhum cometimento de crime. Tanto clube, como atleta, estão muito tranquilos em relação aos esclarecimentos prestados deste mal entendido. Foi tudo esclarecido à autoridade policial, encerrando-se o procedimento – comentou.

Já na súmula da partida, o árbitro Bráulio Machado relatou a acusação de Edenílson, e alegação de Rafael Ramos de que teria dito “foda-se, caralho”. Segundo o documento, nenhum dos membros da equipe de arbitragem conseguiu atestar o que ocorreu.

O incidente aconteceu aos 30 minutos do segundo tempo. O jogo chegou a ser paralisado após denúncia de Edenilson, mas, foi reiniciado instantes depois. Pouco depois, o lateral corintiano foi substituído.

Edenilson, do Inter, diz ter sofrido injúria racial de Rafael Ramos, do Corinthians — Foto: Silvio Avila/Getty Images

Edenilson, do Inter, diz ter sofrido injúria racial de Rafael Ramos, do Corinthians — Foto: Silvio Avila/Getty Images

Veja a nota oficial do Inter

“Mais uma vez, um lamentável caso de racismo é registrado no futebol nacional. Desta vez, em nossa casa, contra um jogador do Internacional. Na partida deste sábado (14/05), pelo Campeonato Brasileiro, Edenilson relata ter sofrido injúria racial por parte de Rafael Ramos, atleta do Corinthians.

É inadmissível que ainda ocorram fatos desse tipo em 2022, não há espaço para o racismo em nossa sociedade. O Clube do Povo reitera que repudia todo e qualquer ato de preconceito e apoia o seu atleta”.

Veja a nota oficial do Corinthians

“O Corinthians reafirma que, coerente com seus 111 anos de história, repudia e não compactua com o racismo.

O atleta Rafael Ramos foi ouvido pelo clube e deu versão diferente do incidente no Beira-Rio, durante a partida contra o Internacional pelo Brasileirão 2022. Logo depois, seguro de que não proferiu injúria racial, fez questão de se explicar a Edenilson, no vestiário do Internacional.

Em decorrência da denúncia feita pelo atleta colorado, a lei obriga que se trate o caso como flagrante, seguido de detenção. O pagamento de fiança não implica admissão de culpa, permitindo ao atleta que se defenda em liberdade no inquérito.

Clube e atleta continuarão a colaborar com as autoridades, certos de que tudo será esclarecido o mais rapidamente possível.”

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