Venezuela Prendeu Mais de Mil Pessoas Desde Anúncio de Vitória de Maduro

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Desde o anúncio da vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais do último domingo (28), a Venezuela tem enfrentado uma onda de repressão e violência. O Ministério Público do país revelou que 1.064 pessoas foram presas em conexão com os protestos que se seguiram ao resultado controverso das eleições.

Repressão Imediata e Controvérsias

Os protestos começaram rapidamente após o anúncio do resultado, com milhares de venezuelanos se manifestando contra o que consideram uma eleição fraudulenta. O Procurador-Geral Tarek William Saab afirmou que os detidos serão acusados de envolvimento com violência durante os protestos. “Não vai ter clemência, vai ter justiça”, declarou Saab, exibindo vídeos que alegadamente mostram depredações ocorridas após o anúncio da vitória de Maduro.

Além das prisões, o Ministério Público também relatou a morte de um policial e ferimentos em 77 outros agentes em confrontos em todo o país. A ONG Foro Penal, que monitora a situação dos presos políticos, identificou 429 prisões diretamente ligadas aos protestos e pelo menos 11 mortes.

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Reação da Oposição e Demandas Internacionais

Líderes da oposição, como María Corina Machado e Edmundo González, contestam o resultado das eleições e alegam que Maduro foi derrotado. Machado afirmou que houve 16 mortes e 11 sequestros desde domingo. “Essa é a resposta criminosa de Maduro ao povo venezuelano que saiu às ruas em família, em comunidade, para defender sua decisão soberana de ser livre. Esses crimes não ficarão impunes”, disse a líder opositora.

A comunidade internacional, incluindo Brasil, Colômbia e Estados Unidos, está exigindo a divulgação das atas eleitorais para verificar a veracidade da vitória de Maduro. O governo venezuelano, no entanto, alega que um ataque hacker impediu a publicação desses documentos.

Violência e Repressão nas Ruas

Desde segunda-feira (29), a violência policial tem sido uma constante em diversos pontos do país. O chefe das Forças Armadas, Vladimir Padrino López, acusou a oposição de tentar um golpe de Estado com apoio de “interesses do imperialismo norte-americano”. Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional controlada pelo regime, pediu a prisão de María Corina e Edmundo González por “atos de vandalismo”. Diosdado Cabello, outro alto dirigente chavista, prometeu que os opositores seriam “acusados perante as autoridades competentes”.

A missão da ONU na Venezuela, organizada pelo Conselho de Direitos Humanos, expressou preocupação com a situação. Em nota, a missão revelou ter informações sobre a atuação de grupos paramilitares, conhecidos como “coletivos”, que estariam atacando civis durante as manifestações.

Preocupações Internacionais e Relatos de Violência

A ONU relatou atos de violência em 17 dos 23 estados da Venezuela e na capital, Caracas. Pelo menos seis pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas em confrontos com as forças de segurança. Os “coletivos”, originalmente formados para promover projetos comunitários durante o governo de Hugo Chávez, são acusados de atuar como grupos paramilitares que operam fora da lei.

O cenário na Venezuela continua a se deteriorar, com uma repressão severa às vozes dissidentes e uma comunidade internacional em alerta. A situação é uma indicação clara da crescente tensão e da crise política em curso no país.