O labirinto de vielas e corredores das arenas paralímpicas

Dois dias atrás, falei sobre a rotina de pequenas coisas que precisamos lembrar de fazer na cobertura de um grande evento esportivo. Pouco depois de entregar o texto, senti que uma parte importante ficou faltando. Com todos os bloqueios costumeiros que se faz no trânsito e todo o esforço da organização em comportar a quantidade fora do comum de profissionais de imprensa, é necessário preparo físico para aguentar as longas caminhadas, nunca em linha reta.

Para tentar colocar em números o quanto andamos, resolvi baixar um aplicativo de contagem de passos e ativá-lo assim que descêssemos do ônibus. Em uma tarde de cobertura (costumamos trabalhar em dois turnos) no Estádio Olímpico de Tóquio, cenário do atletismo nos Jogos Paralímpicos , o saldo definitivo foi de 5.609 passos e 3.8 quilômetros percorridos. Ao final do dia, os pés competem com as costas pelo posto de parte do corpo mais dolorida.

Essa andança toda acontece porque, além de começarmos nossa jornada rumo à área mista ainda fora da arena, o caminho até ela é um verdadeiro labirinto. Ziguezagueamos por escadas e corredores, dificultando qualquer memorização do trajeto. Isso quando acertamos de primeira. Principalmente nas arenas em que vamos pela primeira vez, é difícil assimilar rapidamente por qual porta entramos e onde descemos do elevador. A jornada se assemelha a uma fase de um game em que é preciso lembrar em que porta se encontra algum item especial ou onde se deixou alguma coisa ou, quem sabe, em que cantinho se consegue vidas extras.

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Para completar, já que estamos falando de game, não jogamos no modo ‘easy’. Todos esses passos são dados com quilos de equipamentos nos ombros e sob o sol – e muitas vezes lua também – escaldante do verão de Tóquio (30 graus e literalmente nenhum vento à meia noite). Ao fim da aventura, o cansaço nos faz perguntar a nós mesmos: quando passamos para a próxima fase?

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