Após conquistar a medalha de bronze nos 400 metros (m) com barreiras da Olimpíada de Tóquio (Japão), estabelecendo a melhor marca da vida, Alison dos Santos quer mais. Segundo o paulista de 21 anos, eleito o principal nome do atletismo nacional em 2021 entre os homens, uma nova estratégia de prova será colocada em prática a partir do próximo ano, ao lado do técnico Felipe de Siqueira, pensando nos Jogos de Paris (França), em 2024.
“A gente vinha estudando [a mudança] antes de Tóquio, mas achamos melhor não mexermos naquela época, porque toda mudança gera uma adaptação e não sabíamos como seria. Pensamos que naquele momento era melhor sermos mais tranquilos, mais resguardados. Tanto que deu certo. Agora, vamos aproveitar o treino de base [do novo ciclo] para trabalhar em cima disso e fazer uma boa tática de prova”, explicou Alison, à Agência Brasil.
Alterações como essas demandam tempo e paciência, o que torna o novo ciclo de Piu – como o barreirista é conhecido – mais desafiador. Afinal, restam somente dois anos e meio até Paris. No caminho até a próxima Olimpíada, estão dois Mundiais de Atletismo. O primeiro deles, inicialmente marcado para 2020 e adiado devido à pandemia da covid-19, será de 15 a 24 de julho de 2022, na cidade norte-americana de Eugene. Em 2023, o campeonato ocorrerá entre 19 a 27 de agosto, em Budapeste (Hungria), seguido pelos Jogos Pan-Americanos de Santiago (Chile), com início em 20 de outubro.
“Eu não vou competir no Mundial Indoor [pista coberta, entre 18 e 20 de março, na capital sérvia Belgrado], então o ano que vem será mais tranquilo. É um Mundial a menos. Meu foco é todo no outdoor [céu aberto], brigando para bater recordes e atingir a meta de ser melhor a cada prova, chegar à final do Mundial e fazer um bom resultado, buscar um novo PB [sigla em inglês para personal best, ou melhor marca pessoal]. Continuar com essa constância de sempre evoluir, acertando detalhes”, projetou o barreirista.
Constância, aliás, foi a marca de Piu no último ciclo olímpico, mesmo competindo internacionalmente somente a partir de 2018, dois anos após os Jogos do Rio de Janeiro, aos 18 anos. Na ocasião, ele teve 49s78 como marca pessoal. Já em 2019, foi medalhista de ouro no Pan de Lima (Peru) com 48s45 e finalista do Mundial de Doha (Catar) com 48s15, chegando na sétima posição.
Alison explodiu de vez em 2021, correndo oito vezes abaixo dos 48 segundos e quebrando em seis delas o recorde sul-americano. Na final olímpica, o paulista cravou 46s72 e se tornou o terceiro mais rápido da história dos 400m com barreiras, superado apenas pelos atletas que ficaram à frente dele em Tóquio: o norte-americano Rai Benjamin (46s17) e o norueguês Karsten Warholm (45s94), que estabeleceu o novo recorde mundial. Para se ter ideia do nível da disputa, os três medalhistas teriam derrubado a marca recordista de Kevin Young, dos Estados Unidos, que durou 30 anos até ser quebrada por Warholm a um mês dos Jogos no Japão.
“Foi um ano mágico, de surpresas, gratidão, felicidade, conquistas e choro. De olhar para trás e ver que todo o sacrifício e batalha que a gente teve, tanto no começo da temporada, mas na pré-temporada também, valeram a pena. Vou levar para a vida as experiências, oportunidades e apoio que tive esse ano. Fomos muito constantes nos resultados e conseguimos ser impecáveis em algumas provas”, concluiu o brasileiro.