Um mercado aberto, de gente querendo comprar e vender, anunciando seus produtos, pechichando preços. Só que de produtos criativos da cultura: peças de teatro, livros, filmes, música, artesanato.
Essa é a dinâmica das rodadas de negócios que marcam o 3º Mercado das Industrias Criativas do Brasil, o MICBR, evento que ocorre em Belém, no Pará, até domingo (12).
O Ministério da Cultura selecionou 260 empreendedores culturais de todo país para financiar a participação deles no MICBR. Além disso, outros 200 fazedores de cultura se inscreveram para as rodadas de negócios.
A diretora de desenvolvimento econômico da Cultura do Ministério da Cultura (Minc), Andrea Guimarães, ressalta a importância de um mercado de acesso público para negócios da cultura.
“Em geral, os mercados que existem são setoriais e são pagos. Então, há muitos empreendedores que não têm condições de pagar para estar no mercado. Então, fazer um mercado público é importante por isso, porque você dá oportunidade para outras pessoas que não teriam se fosse um mercado privado e pago”, afirma.
Contatos
O artista Flowjack, do Rio Grande do Sul, veio apresentar projetos de qualificação no hiphop. Ele aponta a importância da construção de redes de contatos para o fortalecimento dos empreendimentos culturais.
“A gente consegue interagir, fazer projetos integrados com outras áreas. Um exemplo é o hiphop, que interage com audiovisual, com a indústria do cinema, com artes plástica. Quando a gente consegue fazer integração e criar rede com esses outros segmentos da cultura criativa industrial, a gente consegue muito mais coisas. A gente consegue potencializar principalmente os talentos que tem em todas as periferias do Brasil”, afirma Flowjack.
Já Bárbara Sturm, da distribuidora de filmes Elo Studios, veio para o MICBR em busca de filmes brasileiros produzidos na Região Norte do país. Ela aponta como diferencial do evento a presença de vários setores da cultura. Ela dá dicas de como um vendedor pode conquistar um comprador cultural:
“Eu acho que a primeira coisa é ter confiança e cara de pau, porque tem muita gente e você tem que realmente saber o que perguntar, o que tirar daquela pessoa. Mas eu acho que, em termos de apresentar um projeto, eu acho que saber o que está falando, isso é o mais importante”, diz Bárbara.
Jaqueline Moura é escritora e fundadora de uma pequena editora de Goiânia. Na rodada de conversas, ela busca a publicação com outras editoras e também parcerias para adaptação de roteiros. “Uma característica do MICBR é trazer novos empreendedores para o mercado, novos autores, novas editoras, mas também dar oportunidades para que eles se encontrem com grandes titãs, como empresas maiores”.
“Nós estamos trazendo um público novo (para essas rodas de negócio). Essas atividades também têm o condão de capacitar, qualificar essas pessoas, para que possam participar de outros eventos de mercado, vender os seus produtos, seus bens e serviços, e todas as atividades que acontecem aqui, para além da rodada de negócios. Também tem o objetivo de profissionalizar esses empreendedores”, afirma Andrea Guimarães, do MinC.
A expectativa da organização do MICBR é que ocorram mais de duas mil reuniões em três dias das rodadas de negociação, e que sejam fechados até 30 milhões de dólares em negócios a partir do evento.
O repórter viajou a convite do Ministério da Cultura.