Megaincêndios: Uma Ameaça Descomunal ao Pulmão do Planeta
O megaincêndio é uma catástrofe de dimensões colossais que transcende os limites de um incêndio florestal comum, consumindo vastas áreas equivalentes a dez mil campos de futebol. As marcas profundas e irreversíveis que deixa no ecossistema amazônico são agora alvo de sérios alertas por parte de pesquisadores.
Na região do Baixo Tapajós, próximo a Santarém, o estrondo de folhas secas e o cinza das árvores revelam o rastro devastador do megaincêndio. Imagens impressionantes capturadas na área evidenciam a magnitude dessa calamidade que desequilibra a Amazônia, deixando cicatrizes que ecoam por décadas.
Responsável pelo fenômeno, a seca na Amazônia é um fator crucial para a ocorrência desses megaincêndios. A pesquisa alerta para a devastação causada, destacando que mesmo três décadas após um incêndio, as florestas afetadas armazenam 25% a menos de carbono, afetando a biodiversidade de maneira irreparável.
O aumento na frequência desses incêndios de proporções épicas é atribuído a uma combinação de fatores, incluindo o aquecimento global e fenômenos climáticos extremos, como o El Niño. A pesquisadora Liana Anderson, do CEMADEN, ressalta a influência do El Niño na redução de chuvas e no aumento da temperatura, amplificando o risco de incêndios e queimadas.
Em 2015, durante um forte episódio de El Niño, a região do Baixo Tapajós testemunhou um megaincêndio que alterou irreversivelmente a paisagem. A técnica ambiental do ICMbio, Paolla Bianca Coelho, alerta para a vulnerabilidade crescente da floresta a incêndios, especialmente quando está em processo de recuperação.
Os incêndios de proporções gigantescas são também resultado de mudanças na floresta ao longo do tempo. Quedas de árvores criam clareiras, áreas expostas ao sol e vento, tornando a floresta menos úmida e propensa a incêndios. Na Amazônia, as chamas começam com a ação humana, seja para desmatar pastagens ou estabelecer pequenas roças.
O desafio atual reside em evitar novos focos de incêndio e permitir a recuperação natural da floresta, uma tarefa que, segundo Jos Barlow, pesquisador das universidades UFPA e Lancaster, levará séculos. Diante desse cenário, é crucial não apenas prever, mas agir de maneira proativa para proteger o pulmão do planeta contra os devastadores megaincêndios.