Laudo divulgado por Pablo Marçal aponta uso de substância ilícita por Guilherme Boulos, mas filha do médico assinante afirma que o documento é forjado.
Assinatura falsa e local de trabalho incorreto, diz família do médico
A filha do médico José Roberto de Souza, Aline Garcia Souza, denunciou que o documento usado por Pablo Marçal, no qual seu pai teria atestado um surto de Guilherme Boulos (PSOL) por uso de cocaína, é falso. O médico, que faleceu em 2022, nunca trabalhou na clínica “Mais Consultas”, em São Paulo, como consta no documento, e nem emitiu tal laudo. Aline afirmou que seu pai trabalhava exclusivamente na região de Campinas e que sua especialidade era hematologia, não psiquiatria.
O laudo, divulgado por Marçal nas redes sociais, motivou os advogados de Boulos a pedirem a retirada do conteúdo do ar. A Justiça Eleitoral reconheceu indícios de falsificação e ordenou a remoção do vídeo.
Médico estava debilitado na data do laudo
Aline Garcia Souza esclareceu, em entrevista à TV Globo, que seu pai estava muito debilitado em abril de 2022, data em que o laudo foi supostamente emitido. José Roberto de Souza, aos 82 anos, estava recluso em Campinas, lutando contra uma doença rara, e não atendia mais pacientes. Segundo a família, ele não teria condições de trabalhar, muito menos de emitir um documento médico.
Aline ainda destacou que o pai jamais trabalharia em uma clínica psiquiátrica, pois não era sua área de atuação. “Ele sempre atuou em Campinas, jamais atenderia em São Paulo”, reforçou.
Assinatura do médico difere do documento
Outro ponto destacado pela filha do médico é a falsidade da assinatura no laudo. Após a morte do pai, Aline tatuou sua assinatura como homenagem e revelou que o autógrafo apresentado no documento não corresponde ao verdadeiro. “A assinatura dele sempre foi a mesma, eu até tatuei em homenagem. O que está naquele documento é completamente diferente.”
A família também está preocupada com o uso indevido do nome e do CRM de José Roberto de Souza, considerando a situação descabida e ofensiva, já que ele nunca esteve envolvido em política.
Repercussão do caso e ação judicial
Diante das revelações, a família pretende processar Marçal e o proprietário da clínica “Mais Consultas” por danos morais. Pablo Marçal, por sua vez, declarou que apenas divulgou o laudo ao recebê-lo e que não tinha conhecimento de sua autenticidade. O candidato enfrenta críticas de outros concorrentes à prefeitura de São Paulo, que repudiaram a ação.
Além de Boulos, outros candidatos à prefeitura, como Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB), manifestaram repúdio ao ataque, classificando-o como uma tentativa criminosa de manipular o processo eleitoral.