Além da Covaxin, CPI investiga contrato de negociação de outra vacina

Comissão vai investigar uma carta de intenção assinada pelo Ministério da Saúde para aquisição de 60 milhões de doses da Convidencia – vacina produzida pelo laboratório chinês CanSino. Imunizante está sendo negociado com o apoio de um grupo empresários, entre eles Luciano Hang e Carlos Wizard, e intermediada por um laboratório brasileiro. Nessa caso, o sócio é filho de amigo pessoal de Ricardo Barros.

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Por Cézar Feitoza, Deborah Fortuna e Carolina Martins

Depois da Covaxin, outra negociação para compra de vacina com intermediação de uma empresa brasileira entra na mira da CPI da Pandemia. A comissão vai investigar uma carta de intenção assinada pelo Ministério da Saúde para aquisição de 60 milhões de doses da Convidencia – imunizante produzido pelo laboratório chinês CanSino.

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A reportagem CBN teve acesso ao documento, assinado no dia 4 de junho, prevendo que a negociação deve ser feita pela Belcher Farmacêutica do Brasil. A empresa é investigada na operação Falso Negativo, suspeita de fazer parte de um esquema que superfaturou testes de conronavírus adquiridos pelo Governo do Distrito Federal. Essa operação resultou na prisão da cúpula da Secretaria de Saúde de Brasília em agosto do ano passado.

A CPI também quer saber mais sobre a ligação da empresa com o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros, do PP. É que um dos sócios é filho de Francisco Feio Ribeiro Filho, que foi presidente da empresa de urbanização de Maringá, a Urbamar, durante a gestão de Ricardo Barros como prefeito da cidade, entre as décadas de 1980 e 1990.

Pela carta de intenção, a dose da vacina da CanSino seria vendia por 17 dólares – valor mais alto negociado até agora. No contrato da Covaxin, por exemplo, que já está sendo investigado pela CPI, cada unidade custa 15 dólares. A diferença, é que o imunizante da CanSino é de dose única.

No Brasil, um grupo de empresários liderados por Luciano Hang, dono da Havan, e Carlos Wizard faz lobby para a aquisição da Covidencia. Wizard já está na mira da CPI como suspeito de integrar o gabinete paralelo, que teria assessorado o presidente Jair Bolsonaro em assuntos ligados à pandemia. O depoimento dele à comissão está marcado para quarta-feira.

Com o apoio desses empresários, o pedido de uso emergencial da vacina foi protocolado na Anvisa, em maio, pela Belcher. O presidente da farmacêutica, Emanuel Catori, é quem acompanha as negociações com os chineses. Até o momento, o pedido está parado na agência reguladora por falta de documentos para a avaliação.

A reportagem CBN procurou Emanuel Catori e também o deputado Ricardo Barros, mas ainda não obteve retorno. O Ministério da Saúde também foi procurado para explicar porque assinou carta de intenção de compra com intermediação de uma empresa alvo de investigação, mas, até o momento, também não respondeu.

Fonte: Rádio CBN