Debaixo de chuva, o engenheiro civil Daniel da Silva, de 22 anos, pedia informações no fim da manhã de hoje (31) a um guarda municipal na Praia de Copacabana. Ele e a namorada queriam a indicação de um hotel para hospedar o grupo de oito pessoas que veio de van para o Rio de Janeiro e chegou em cima da hora e sem reserva para a virada do ano.
“Somos oito. É o pai, a mãe, o casal de irmãos, a tia, o tio e o primo. Vamos ficar até o dia 2, segunda-feira. Não deu prazo para fazer reserva, não. Foi tudo em cima da hora e estava tudo lotado”, conta ele, que convenceu a família a vir de Divinópolis, em Minas Gerais, e agora está em busca de hospedagem até o dia 2 de janeiro. “Se não achar, nós estamos de van”.
Apesar da previsão de chuva e da garoa que já caía no bairro desde o início da manhã, grupos como o de Daniel começaram a aparecer desde cedo na Praia de Copacabana, onde ocorre a mais tradicional queima de fogos do país.
A administradora Romilda Moreira, de 58 anos, veio de Cuiabá com as três irmãs e o filho e as netas, em um grupo que soma sete pessoas da mesma família. Com as roupas brancas para a virada guardadas em bolsas, elas desembarcaram de um táxi em busca de um quiosque onde pudessem sentar e consumir até a madrugada.
“Ontem deu pra gente pegar uma praia aqui. Hoje a gente estava esperando um dia melhor, mas na época de festa, com chuva ou sem chuva, nós vamos festejar”, conta ela, que diz tranquila que a volta para o centro do Rio, onde está hospedada, está garantida: “Está tudo combinado com o taxista”.
A família veio curtir a virada do ano em Copacabana pela primeira vez, e Romilda e as irmãs esperam aproveitar a cidade até o dia 2. Já o filho e as netas dela, que estão de férias, ficam até o dia 12. “Eu sempre vi pela televisão e dizia: um dia eu vou. Este ano tive a oportunidade e vim”.
O grupo do soldador Rubens Felipe, de 25 anos, desistiu de procurar um hotel. Os 11 amigos chegaram de Belo Horizonte na Rodoviária Novo Rio na manhã de hoje e se assustaram com os preços de apenas uma noite de hospedagem.
“A gente estava procurando um hotel, mas tá osso. O pessoal tá pedindo muito caro. Pedindo 2 mil, 1,6 mil”, lamentou ele, que ajudava a carregar os isopores do grupo no Calçadão de Copacabana.
Mesmo sem hospedagem, ele garante que a chuva não vai atrapalhá-los a acampar na areia da Praia de Copacabana. “O plano agora é ficar na praia, dormir e molhar. Já tem barraca, roupa, tem tudo ali. Mas vai dar bom. Não vai chover, não”, torce ele, que planeja estar de volta à rodoviária às 17h de amanhã.
O engenheiro agrônomo Orlai Moreira, de 34 anos, também passeava no calçadão de Copacabana e fazia fotos apesar da chuva. Em seu segundo réveillon no Rio, ele acredita que as restrições de deslocamento para evitar aglomerações em Copacabana vão favorecer a festa de quem, como ele, pôde se hospedar no bairro.
“Acredito que vai ser bom. Pra curtir, vai ficar mais espaço, menos gente, menos tumulto”, avalia ele, que planeja passar o dia na praia, voltar para o hotel para se arrumar e descer para ver os fogos.