Guilherme Boulos, do PSOL, enfrentou sua segunda derrota consecutiva na eleição para prefeito de São Paulo, mas destacou que, apesar da derrota nas urnas, a campanha trouxe uma “recuperação da dignidade” para a esquerda. Em um discurso emotivo para seus apoiadores, Boulos afirmou que, mesmo perdendo a eleição, a esquerda reconquistou sua essência ao aproximar-se da população e dialogar sobre temas importantes nas ruas e praças.
“A eleição se perde e se ganha, mas a dignidade se mantém. Apesar de não termos vencido na urna, houve uma vitória significativa: recuperamos a dignidade da esquerda e a conexão com o povo,” disse ele. A fala foi feita na Casa de Portugal, no bairro da Liberdade, em São Paulo, ao lado de sua vice, Marta Suplicy.
Além de fazer um balanço positivo, Boulos convocou a militância para as próximas “batalhas futuras,” referindo-se, de forma indireta, à eleição presidencial de 2026. Ele destacou a necessidade de resiliência e fortalecimento para enfrentar os próximos desafios.
Convocação para Batalhas Futuras
Boulos ressaltou que, apesar de o resultado ter sido negativo em outras capitais também, ele vê uma promessa de renovação à frente. “A luta não começa hoje nem termina aqui. Tenho confiança de que o futuro é nosso. Esta campanha mostrou que é possível fazer política de forma verdadeira e digna, olho no olho, sem medo de enfrentar os desafios nas ruas,” declarou.
O candidato aproveitou para agradecer aos apoios de José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB), além do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que fortaleceram sua campanha no primeiro turno. Ele também mencionou os desafios enfrentados, afirmando que foi alvo de ataques e crimes eleitorais ao longo da campanha.
- Crime Eleitoral: Segundo Boulos, o governador de São Paulo cometeu crime eleitoral no dia do pleito, algo que, segundo ele, será apurado pela Justiça.
- Discurso de Resiliência: Ele frisou que, apesar dos ataques, a campanha manteve a dignidade e provou que é possível fazer política de forma diferente.
Resultado do 2º Turno e o Desempenho de Nunes
Após o fechamento das urnas, o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), foi reeleito com 59,56% dos votos válidos, enquanto Boulos obteve 40,43%. O resultado foi confirmado às 18h43, com 89,78% das urnas apuradas. Nunes, que teve como principal cabo eleitoral o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), destacou em seu discurso de vitória a importância do equilíbrio sobre o extremismo e prometeu governar para todos.
Entre os agradecimentos, o prefeito reeleito destacou sua gratidão ao governador e fez questão de mencionar seu antecessor, Bruno Covas (PSDB), falecido em 2021, como um símbolo de inspiração para sua nova gestão. A eleição foi marcada pelo maior índice de abstenção em São Paulo, com 31% dos eleitores não comparecendo às urnas.
Campanha Marcada por Controvérsias e Alianças
A reeleição de Nunes foi impulsionada por uma ampla coligação de doze partidos, incluindo PP, MDB, PL, PSD, Republicanos, Solidariedade, entre outros, garantindo um dos maiores tempos de propaganda eleitoral no primeiro turno. O apoio do governador Tarcísio de Freitas foi um fator decisivo, especialmente após as acusações polêmicas de que o PCC teria incentivado familiares de presos a votar em Boulos. O TRE não apresentou nenhum relatório que confirmasse tais alegações.
Nunes finalizou seu discurso reafirmando seu compromisso em governar para todos e prometendo um mandato equilibrado, sem olhar para os conflitos do passado. Para ele, a democracia demonstrou que o equilíbrio prevaleceu, superando todas as polarizações. Ele agradeceu especialmente sua esposa, que, segundo ele, sofreu ataques durante a campanha.
- Alianças Estratégicas: A coligação de Nunes foi decisiva, somando forças de doze partidos.
- Apoio Político: Tarcísio de Freitas foi fundamental na reta final, mesmo após enfrentar polêmicas.
O Que Esperar do Futuro Político de Boulos?
Apesar da derrota, Boulos encerrou seu discurso demonstrando otimismo e reafirmando seu compromisso com o futuro da esquerda no país. Com uma visão de longo prazo, ele deixou claro que o trabalho não termina aqui e que o PSOL continuará na linha de frente na luta por um país mais justo.
A eleição de 2024 para prefeito de São Paulo revelou as diferenças ideológicas em jogo e preparou o terreno para a eleição presidencial de 2026, onde as disputas prometem ser ainda mais acirradas. Boulos reafirmou que a militância deve se manter ativa, comprometida e preparada para as próximas etapas.