Assassinos de Marielle Franco, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, são condenados a 78 e 59 anos de prisão

O julgamento dos responsáveis pela execução da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes teve fim nesta quinta-feira (31), após uma sessão de dois dias no 4º Tribunal do Júri da Justiça do Rio de Janeiro. Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, ex-sargentos da Polícia Militar, receberam penas de 78 anos e 9 meses e 59 anos e 8 meses, respectivamente. Além da prisão, ambos foram condenados a indenizar as famílias das vítimas em R$ 706 mil cada por danos morais.

Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são condenados a 78 e 59 anos de prisão em regime fechado, pelo assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes Foto: Internet

O Júri Popular e a Decisão Judicial

O júri popular teve início na manhã de quarta-feira (30) e contou com o depoimento de nove testemunhas e a argumentação da Promotoria e da Defesa. Os réus, que participaram da sessão por videoconferência, estão presos em penitenciárias federais – Lessa no Complexo de Tremembé em São Paulo e Queiroz no Complexo da Papuda em Brasília. Após análise das provas e depoimentos, o júri decidiu pela condenação dos acusados como responsáveis diretos pela morte de Marielle e Anderson.

  • A sessão ocorreu no 4º Tribunal do Júri, no centro do Rio, mais de seis anos após o atentado.
  • Marielle foi atingida por quatro tiros, enquanto Anderson levou três tiros nas costas.
  • Segundo o Ministério Público, a motivação para o crime envolvia tentativa de queima de arquivo, sugerindo que nenhum ocupante do carro deveria sobreviver.

A Promotoria e as Provas Apresentadas

No segundo dia do julgamento, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) apresentou imagens e provas que demonstraram a brutalidade do crime. O promotor Eduardo Martins afirmou que Ronnie Lessa, identificado como o atirador, tinha como objetivo eliminar todos os ocupantes do veículo para evitar testemunhas. O Ministério Público também mostrou aos jurados o conteúdo das pesquisas na internet feitas por Lessa, indicando que ele buscava informações relevantes para a execução do crime.

  • O promotor destacou o uso de uma submetralhadora com silenciador por Lessa, planejando o assassinato de Marielle e Anderson.
  • As imagens do carro baleado foram exibidas para reforçar a intenção dos réus de não deixar sobreviventes.

Defesa: Argumentos e Tentativas de Redução de Pena

A defesa dos réus argumentou por uma condenação “justa” e tentou reduzir as penas com base na extensão de responsabilidade de cada um. O advogado de Ronnie Lessa, Saulo Carvalho, afirmou que seu cliente teria colaborado com as investigações após um acordo de delação premiada, e pediu que Lessa fosse condenado apenas pelos atos que ele realmente praticou. A defesa de Élcio Queiroz, por sua vez, argumentou que ele apenas dirigia o veículo e que desconhecia o alvo da execução até momentos antes do crime.

  • A advogada de Élcio, Ana Paula Cordeiro, destacou que ele soube do plano apenas na hora do crime e que sua responsabilidade era menor.
  • Élcio afirmou que ficou sabendo que o alvo era Marielle apenas quando viu Lessa sacar a arma.

Depoimentos das Testemunhas

O primeiro dia do julgamento também contou com depoimentos impactantes de testemunhas, incluindo Fernanda Chaves, assessora sobrevivente do atentado, e familiares das vítimas. Chaves narrou detalhes da noite do crime, mencionando que viu Anderson esboçar uma reação de dor enquanto Marielle permaneceu imóvel após os disparos. Outras testemunhas incluíram Marinete Silva, mãe de Marielle, e Mônica Benício, viúva da vereadora, que deram depoimentos emocionantes e reforçaram a cobrança por justiça.

  • A primeira testemunha, Fernanda Chaves, descreveu o momento em que os tiros atingiram o carro.
  • Além de familiares, foram ouvidos peritos e investigadores que participaram das investigações do crime.

Relembre o Caso Marielle Franco

Marielle Franco foi morta na noite de 14 de março de 2018, em um ataque orquestrado que chocou o país. Os assassinos seguiram o carro da vereadora e abriram fogo, matando Marielle e Anderson. O crime foi associado a disputas de poder envolvendo milícias no Rio de Janeiro, e o processo de investigação teve uma complexa divisão entre autoridades estaduais e federais. Em 2019, Lessa e Queiroz foram presos, e novas prisões de mandantes ocorreram em 2024, incluindo Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa.

  • Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram presos em 2019, um ano após o crime.
  • Em 2024, três novos suspeitos foram apontados como mandantes, incluindo membros de milícias.