Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro fecham seis trechos da BR-163 em ambos os sentidos da via Dutra em manifestação contra a eleição de Lula; lideranças divergem sobre os atos
Protestos promovidos por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) interditam 70 pontos de 11 estados e do Distrito Federal na manhã desta segunda-feira (31), de acordo com a PRF (Polícia Rodoviária Federal). Entre os pontos de bloqueio aparecem seis trechos da BR-163 em Mato Grosso, enquanto a via Dutra foi impactada em ambos os sentidos em trecho no Rio de Janeiro.
A CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos) divulgou balanço às 9h em que informava 19 pontos de interdições em rodovias, dos quais seis em Mato Grosso, seis em Santa Catarina, dois no Rio Grande do Sul, dois no Paraná, um em Minas Gerais e um no Rio de Janeiro.
Em vídeos que circulam na internet, é possível ver pneus pegando fogo em trechos da BR-163, importante rota de transporte para produtos do agronegócio em Mato Grosso em direção aos portos do Arco Norte, como o de Miritituba, em Itaituba, no Pará.
Em Barra Mansa, no Rio de Janeiro, há interrupção em ambos os sentidos da via Dutra, rota de interligação do estado com São Paulo, no km 281, segundo boletim às 9h19 da concessionária da rodovia, a CCR RioSP, da CCR.
As manifestações geravam cerca de 26 quilômetros de lentidão ao todo, e foi implantada uma operação de contingência no km 303 da pista sentido Rio de Janeiro para desvio de tráfego, segundo a concessionária. A PRF estava no local, disse a CCR Rio-SP.
Os bloqueios não são apoiados por toda a categoria. Marconi França, líder dos caminhoneiros autônomos, classifica as interdições como “tumulto” e “vandalismo”. “Não vai ser meia dúzia de baderneiros que vai tentar fazer uma paralisação usando o nome dos caminhoneiros. Não é um ato de reivindicação da nossa categoria.”
“Esses que estão tirando o seu direito de ir e vir não são caminhoneiros raiz, são aquelas mesmas figurinhas que estavam querendo dar um golpe político no dia 7 de setembro”, afirma ele, e pede a aceitação da eleição de Lula.
França solicita ainda que os caminhoneiros eleitores de Bolsonaro aceitem a vitória de Lula. “Vamos esperar o novo governo assumir, fazer as nossas reivindicações e mostrar as nossas pautas. Se não nos atenderem, poderemos nos reunir para avaliar se vamos ou não às pistas. Neste momento, temos que aceitar, porque vivemos em um país democrático”, diz.
O presidente da Abrava, Wallace Landim, conhecido com Chorão, partilha de uma posição alinhada com a de França. Ao reconhecer a eleição de Lula, ele defende a necessidade de promover um posicionamento entre a categoria e o próximo governo.
“Vamos lutar pelo nosso segmento dos transportes. Há muitas coisas que precisamos tirar do papel. […] Parar o país, neste momento, vai trazer um prejuízo muito grande para a nossa economia”, avalia Chorão.
O deputado federal Nereu Crispim (PSD-RS), presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, afirmou em nota oficial que os caminhoneiros não vão parar para protestar contra o resultado das eleições.
A categoria “não participa nem participará de nenhum movimento de paralisação ou bloqueio de rodovias para protestar e questionar o resultado que elegeu o candidato Luiz Inácio Lula da Silva como novo presidente do Brasil”, afirmou.
Fonte: R7
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