Ex-presidente participa de manifestação no momento em que é alvo de investigação da PF
São Paulo, 25 de Fevereiro de 2024 – Em um ato que mobilizou milhares de apoiadores na Avenida Paulista, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou neste domingo (25), refutando veementemente as acusações de trama golpista e denunciando abusos cometidos por alguns setores. Diante da multidão, Bolsonaro criticou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por sua inelegibilidade, apontou o Supremo Tribunal Federal (STF) pelas penas relacionadas aos eventos de 8 de janeiro de 2023 e agradeceu aos presentes, enquanto também recordava o atentado que sofreu em 2018 e fazia um balanço de seu governo.
Em um discurso improvisado, o ex-presidente aproveitou para atacar o presidente Lula (PT) sem mencionar seu nome diretamente. Bolsonaro afirmou estar enfrentando perseguições e ataques, negando qualquer envolvimento em uma trama golpista em 2022. Ele esclareceu o conceito de golpe, destacando que, para ele, não houve conspiração ou ações antidemocráticas. Em relação à atual situação, Bolsonaro pediu anistia aos presos do episódio de 8 de janeiro, buscando, nas palavras dele, “pacificação para passar uma borracha no passado”.
Antes do ex-presidente, o pastor Silas Malafaia, um dos organizadores do ato, fez críticas ao STF e TSE em seu discurso, fazendo insinuações sobre o papel do presidente Lula no ataque de janeiro de 2023. O evento atraiu uma multidão, com pelo menos quatro quarteirões da Paulista superlotados, e não houve uma estimativa oficial pela Polícia Militar de São Paulo.
Investigações em curso e a busca por demonstrar força política
O ato liderado por Bolsonaro ocorre em meio a uma investigação da Polícia Federal sobre uma trama golpista organizada em 2022 para impedir a posse do presidente Lula. As acusações têm como base mensagens e a delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro na Presidência. Elementos como uma reunião com teor golpista e a elaboração de uma minuta de decreto para embasar um golpe de Estado também estão sendo investigados.
Bolsonaro, que já acumula condenações e investigações no TSE e STF, pode enfrentar sérias consequências caso seja indiciado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de Direito e associação criminosa. A prisão de aliados do ex-presidente foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, que afirmou já ter comprovação de crimes contra a democracia e associação criminosa.
Estratégia de Bolsonaro e tensões com o STF
Antes do ato, Bolsonaro instruiu seus apoiadores a não levarem faixas e cartazes, uma estratégia para minimizar tensões com o Supremo e o ministro Alexandre de Moraes, principal alvo do evento. O pedido visava evitar eventos paralelos que pudessem acirrar ainda mais as relações já tensas entre Bolsonaro e o STF. Durante seu mandato, o ex-presidente frequentemente criticou o tribunal, acusando-o de “politicalha” e alegando ligações com o PT e ativismo político.
O ato, que contou com a presença de diversas personalidades políticas, buscou demonstrar a força política de Bolsonaro e pressionar o STF em meio às investigações em curso. O ex-presidente encerrou seu discurso reiterando a promessa de um ato pacífico e respeitoso à Constituição Brasileira, enquanto a bandeira de Israel, onipresente no evento, foi escolhida como o primeiro gesto ao público.
Em um momento crucial para o cenário político brasileiro, o ato liderado por Bolsonaro na Avenida Paulista representa mais um capítulo na tensa relação entre o ex-presidente e as instituições democráticas do país, enquanto as investigações avançam e a incerteza paira sobre seu futuro político.