Boulos pede prisão e cassação de Marçal após divulgação de laudo com indícios de falsidade

Divulgação de laudo falso gera polêmica na corrida eleitoral

Os candidatos Pablo Marçal (PRTB) e Guilherme Boulos (PSOL) durante debate na TV Globo, em 3 de outubro de 2024. — Foto: Fabio Tito/g1

O candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), entrou na Justiça com pedidos de prisão e cassação da candidatura de Pablo Marçal (PRTB). A ação ocorreu após Marçal divulgar um suposto laudo médico falsificado, em que Boulos teria testado positivo para cocaína. O prontuário foi compartilhado nas redes sociais de Marçal, gerando acusações de fraude e manipulação.

Durante o debate da TV Globo, Boulos apresentou um exame toxicológico para rebater as acusações, mostrando que não fez uso de substâncias ilícitas. O laudo divulgado por Marçal contém erros graves, como o uso de dados incorretos de Boulos, incluindo o número errado do RG e a assinatura de um médico já falecido, além de falhas gramaticais.

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O dono da clínica responsável pelo documento, Luiz Teixeira da Silva Junior, já foi condenado por falsificação de diploma e documento público. A campanha de Boulos classificou o episódio como uma tentativa criminosa de tumultuar as eleições.

Clínica Mais Consultas e ligações com Marçal

A clínica envolvida no escândalo, Mais Consultas, tem como sócio Luiz Teixeira, que já foi condenado por falsificação. Ele é próximo de Marçal, tendo aparecido em vídeos com o candidato. Após a divulgação do laudo, Teixeira fechou suas redes sociais. Marçal, por sua vez, não se pronunciou após o post com o prontuário falso ser removido de suas plataformas.

Teixeira já enfrentou outras condenações por uso de documentos falsos e desvio de dinheiro público. Ele foi sentenciado a prestar serviços comunitários e pagar multas, mas continua atuando no setor de saúde, levantando questionamentos sobre sua credibilidade.

Justiça eleitoral em ação

Os advogados de Boulos pediram à Justiça Eleitoral a remoção dos documentos falsos publicados por Marçal, alegando que a divulgação de informações falsas visa prejudicar a imagem de Boulos e manipular a opinião pública. O pedido incluiu a retirada imediata do conteúdo e punições severas para Marçal e Teixeira.

A Justiça já reconheceu indícios de falsidade no documento e ordenou a remoção dos posts. Contudo, a defesa de Boulos exige que os responsáveis sejam punidos criminalmente, argumentando que o uso de informações falsas nas eleições é um atentado contra a democracia.

Repúdio de adversários políticos

Outros candidatos à Prefeitura de São Paulo também criticaram duramente a atitude de Marçal. Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito e candidato à reeleição, afirmou que, apesar das divergências com Boulos, considera inaceitável o uso de falsificações para prejudicar adversários. Nunes defendeu que a Justiça seja rápida em punir esses atos.

José Aníbal (PSDB), que concorre como vice na chapa de Datena, classificou Marçal como um “delinquente compulsivo” e defendeu uma punição exemplar, argumentando que esse tipo de atitude coloca em risco a integridade do processo eleitoral. Tabata Amaral (PSB), também crítica de Marçal, reforçou que o candidato tem um histórico de criar mentiras e manipulações.

Boulos reage e reforça pedido de prisão

Após a divulgação do laudo, Boulos realizou uma live para denunciar o que chamou de “fake news de última hora”. Ele destacou a gravidade da falsificação e anunciou que já entrou com um pedido de prisão contra Marçal e Luiz Teixeira, dono da clínica.

Na live, Boulos acusou Marçal de ter ultrapassado todos os limites éticos na campanha, afirmando que a ação foi uma tentativa desesperada de tumultuar o processo eleitoral. Segundo o candidato do PSOL, a falsificação é criminosa e será enfrentada com rigor na Justiça.

A campanha de Boulos emitiu uma nota oficial condenando o ato como criminoso e afirmando que Marçal deverá responder em todas as instâncias da Justiça, incluindo as esferas eleitoral, cível e criminal.

Impacto nas eleições e próximos passos

O episódio envolvendo a divulgação do laudo falso traz mais tensão para as eleições municipais de São Paulo. A poucos dias da votação, o caso pode influenciar a percepção dos eleitores e levanta questões sobre a utilização de fake news como estratégia política.

A Justiça já começou a tomar providências, mas a pressão por punições exemplares aumenta, especialmente diante da repercussão negativa entre os candidatos e a opinião pública. A expectativa é que novas ações sejam movidas contra Marçal nas próximas semanas.