‘Brasil vive num estado de exceção no governo Bolsonaro’, diz a cientista social Suzeley Kalil

Cientista Política e Social, Suzeley Kalil vê mais do que bravatas na postura beligerante e agressiva de Bolsonaro; ela vê risco real à democracia

Bolsonaro (Divulgação)
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Estado do absurdo.

Cientista Política e Social, Suzeley Kalil vê o Brasil vivendo em um ‘estado de exceção’ ao longo do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) e com risco à democracia, segundo ela ‘por covardia dos democratas’.

Professora, pesquisadora e membro do Grupo de Estudos de Defesa e Segurança Internacional da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Suzeley acredita que Bolsonaro vem fazendo “tudo aquilo que prometeu na campanha” e “destruindo as instituições que permitem a vigência de um governo democrático, de respeito às eleições”.

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Os recentes ataques feitos por Bolsonaro ao sistema eleitoral brasileiro, as acusações de fraude sem apresentar provas, são uma deterioração do tecido democrático brasileiro que ameaça a própria democracia. É como se fosse um tumor que ataca o corpo de dentro para fora.

“Era previsível o que está acontecendo hoje, de entrar numa quadra em que as regras do jogo pouco valem. Não sei se existe tanto uma polarização, mas há uma falta de regra”, afirmou a intelectual.

Segundo ela, Bolsonaro já cometeu mais crimes de responsabilidade do que a ex-presidente Dilma Roussseff (PT) e ainda permanece no cargo, por conivência da classe política que se beneficia do “desgoverno bolsonarista”.

“A imprensa corporativa e os poderosos não querem que ele caia. Enquanto parte da população passa fome, o Brasil aumentou a lista de bilionários. Tem gente rica ganhando dinheiro com o que o Bolsonaro faz, e por isso ele não cai. O capital ganha muito com o que ele faz. Não se pode acusar o presidente de não cumprir aquilo que disse na campanha. Ele veio para destruir. Está destruindo as instituições que permitem a vigência de um governo democrático, de respeito às eleições.”

Há risco de o Brasil acompanhar um episódio semelhante ao vivido nos Estados Unidos, em janeiro de 2021. Apoiadores do então presidente americano Donald Trump invadiram o Capitólio após discurso inflamado do republicano, que lançou suspeitas, sem provas, de fraudes na eleição em que foi derrotado por Joe Biden. A invasão resultou em cinco pessoas mortas.

“Precisamos reconstruir o país, é o que está em jogo nessas eleições. Há muito o que fazer no Brasil”, disse Suzeley.

Fonte: O Vale