Bruno Covas decide se licenciar do cargo de prefeito de SP por 30 dias para tratar câncer

A licença foi anunciada pelo próprio prefeito, que disse precisar de “dedicação integralmente à recuperação”. Covas será internado ainda neste domingo (2) para dar continuidade ao tratamento da doença. O vice-prefeito, Ricardo Nunes (MDB), deve assumir a cidade assim que tiver autorização da Câmara Municipal de SP.

Prefeito Bruno Covas em coletiva de imprensa no dia 4 de fevereiro, na sede da Prefeitura de SP — Foto: Reprodução/Youtube

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), decidiu se licenciar por 30 dias do cargo para dar continuidade ao tratamento que enfrenta contra um câncer no sistema digestivo. A licença foi anunciada pelo próprio Covas, em comunicado publicado nas redes sociais neste domingo (2).

“Nesses últimos meses, a vida tem me apresentado enormes desafios. Tenho procurado enfrentá-los com fé, cabeça erguida e com muita determinação. (…) Nesse momento, com muita força e foco que preciso colocar na minha saúde, fica incompatível o exercício responsável de minhas funções como Prefeito de São Paulo, por isso, vou solicitar à Câmara de Vereadores uma licença do cargo pelo período de 30 dias, para me dedicar integralmente à minha recuperação”, disse Covas.

Segundo o médico David Uip, que acompanha o tratamento do prefeito no hospital Sírio Libanês, no Centro de São Paulo, Covas será internado novamente ainda neste domingo (2) para dar continuidade ao tratamento da doença.

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Com a decisão, o vice-prefeito da cidade, Ricardo Nunes (MDB), deve assumir a gestão da cidade assim que a Câmara Municipal de SP autorizar. O pedido de licenciamento do prefeito será enviado nesta segunda-feira (3) aos vereadores.

Bruno Covas e o vice Ricardo Nunes durante posse em São Paulo, em 1 de janeiro de 2021. — Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO CONTEÚDO
Bruno Covas e o vice Ricardo Nunes durante posse em São Paulo, em 1 de janeiro de 2021. — Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO CONTEÚDO

Por meio de nota, as secretarias de Governo e Comunicação da Prefeitura de SP disseram que a licença vai se dar para que Bruno Covas possa ter “dedicação integral ao tratamento” e para fazer a passagem provisória de posto com “total transparência”.

“Com o surgimento de novos focos, o Prefeito de São Paulo precisará de dedicação integral ao tratamento e entende que não será compatível com as suas responsabilidades e compromisso com a cidade e os paulistanos. Diante do exposto, o ofício com o pedido de afastamento por 30 dias será enviado nesta segunda-feira, 03/05, com base nos Artigos 65 e 66 da Lei Orgânica do Município”, disse a nota.

Na carta publicada nas redes sociais, Bruno Covas disse que confia no vice para dar continuidade ao plano de governo dele, “priorizando o combate à pandemia e seus efeitos”.

“Tenho certeza que vamos superar mais essa batalha. Assim como tenho a convicção que nosso vice Ricardo Nunes e nossa equipe de secretárias e secretários manterão a cidade no rumo certo, cumprindo nosso programa de metas e plano de governo, priorizando o combate à pandemia e seus efeitos. Fiquem bem e até breve”, escreveu Covas.

Carta do prefeito Bruno Covas comunicando o pedido de licença por 30 dias.  — Foto: Reprodução
Carta do prefeito Bruno Covas comunicando o pedido de licença por 30 dias. — Foto: Reprodução

Apesar da nova internação, os médicos dizem que o quadro de saúde de Bruno Covas é estável e que não há uma previsão do período em que o prefeito ficará internado nessa nova hospitalização.

A internação deste domingo (2) faz parte do cronograma de tratamento do prefeito paulistano, que combina sessões de quimioterapia e imunoterapia a cada 15 dias.

O médico infectologista David Uip, que cuida do prefeito Bruno Covas  — Foto: Mister Shadow/ASI/Estadão Conteúdo
O médico infectologista David Uip, que cuida do prefeito Bruno Covas — Foto: Mister Shadow/ASI/Estadão Conteúdo

Tratamento

Bruno Covas foi internado em 15 de abril para a realização de exames de controle, que descobriram novos focos de tumor nos ossos e no fígado. Durante a internação, ele apresentou uma piora no quadro de saúde e foi diagnosticado com líquido no abdômen e nas pleuras, tecidos que revestem os pulmões.

Drenos foram colocados para a retirada do líquido e uma suplementação nutricional também foi iniciada e Covas teve alta em 27 de abril.

Segundo o boletim médico na ocasião da alta, o prefeito “foi submetido a drenagem pleural e seu quadro evoluiu com sucesso, com redução do líquido e melhora clínica”. Assim, ele estava “apto a manter suas atividades pessoais e profissionais, porém sem participar de agendas públicas por enquanto”.

‘Luta pela vida’

Covas disse em 26 de abril nas redes sociais que “continua a luta pela vida” e com “vontade gigante de vencer”. Em uma postagem para homenagear o filho Tomás, de 15 anos, o prefeito escreveu que vai “enfrentar, combater e vencer” a doença.

“Enfrentar, combater e vencer. A luta pela vida continua, e com você ao meu lado, a vontade de vencer é gigante. Obrigado por estar sempre aqui, filho. Eu te amo”, afirmou o prefeito.

Postagem do prefeito de SP, Bruno Covas, nesta segunda-feira (26).  — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Postagem do prefeito de SP, Bruno Covas, nesta segunda-feira (26). — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Primeiro diagnóstico em 2019

O prefeito da capital foi internado pela primeira vez em outubro de 2019, quando chegou ao hospital com erisipela (infecção), que evoluiu para trombose venosa profunda (coágulos) na perna direita. Os coágulos subiram para o pulmão, causando o que é chamado de embolia.

Durante os exames para localizar os coágulos, médicos detectaram o câncer na cárdia, região entre o esôfago e o estômago, com metástase no fígado e nos linfonodos.

Covas passou por oito sessões de quimioterapia que fizeram com que o tumor regredisse. Mas, segundo a equipe médica, não foram suficientes para vencer o câncer. Após novos exames, o prefeito iniciou o tratamento com imunoterapia.

Em janeiro de 2021, após ser reeleito nas eleições municipais e continuar no cargo, Covas anunciou uma nova fase de procedimentos no combate à doença.

Ele tirou uma licença de 10 dias, quando passou a ser submetido a sessões de radioterapia. Na época, estavam previstas 24 sessões de radioterapia complementares para o tratamento.

Em abril deste ano, exames apontaram novos pontos de câncer nos ossos e no fígado.

Fonte: G1