Em entrevista ao programa “Roda Viva”, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a instituição “não gosta de juros altos”, negou atuação política à frente do BC e afirmou ser contra alterar a meta da inflação. Ele afirmou que é possível conciliar o bem-estar social com juros baixos, mas que, no momento, a prioridade é controlar a inflação.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa Selic em 13,75% ao ano no início deste mês, índice criticado pelo presidente Lula. Em discursos recentes, Lula demonstrou insatisfação em relação à política monetária atual do BC e criticou a atuação de Campos Neto, a quem acusou de agir politicamente. Campos Neto afirmou que sua “função é explicar” e que irá ao Congresso “quantas vezes for necessário” para prestar esclarecimentos sobre a política de juros da instituição.
Campos Neto também foi questionado sobre a autonomia do Banco Central, que foi classificada por Lula como uma “bobagem”. O presidente do BC afirmou que uma cultura de juros altos é um problema do país, e não a independência do BC. Uma lei sancionada por Bolsonaro em 2021 estabeleceu a autonomia do BC, com mandatos fixos de quatro anos para o presidente e diretores, que não coincidem com o do presidente da República.
Campos Neto diz que BC ‘não gostou de juros altos’, negou ação política e se disse contrário à mudança da meta de inflação.
O presidente do Banco Central disse que é possível conciliar previdência com juros baixos, mas ao mesmo tempo expressou a necessidade de controlar a inflação. Em entrevista nesta segunda-feira (13), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse que a instituição “não gostava de juros altos”, negando a ação política do mandatário. ele discordou disso. mudar a meta de inflação.
“Bancos centrais não gostam de juros altos. Toda a nossa agenda é social. Acreditamos que é possível implementar impostos e previdência, mas é difícil ter previdência com inflação zero. controlada”, disse o economista ao participar da o programa “Roda Riva”.
No início deste mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa Selic inalterada em 13,75% ao ano – taxa aplicada desde o início de agosto de 2022. Esse indicador é alvo de comentários duros e reiterados sobre a política monetária. parte do presidente. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas últimas semanas.
Lula também criticou a atuação de Campos Neto, que foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por indicação do ex-ministro da Economia, Paulo Guedes.
Lula e Campos Neto se chocam
▶️ Juros: Lula tem manifestado em entrevistas recentes que não está satisfeito com a atual política monetária, que é responsabilidade do BC.
“É uma vergonha esse aumento de juros e a explicação que eles dão ao público brasileiro”, disse Lula no dia 6 de fevereiro durante seu discurso em evento no Banco de Desenvolvimento Econômico e Sociedade Nacional (BNDES).
No dia seguinte, ele voltou ao assunto em entrevista a outras fontes da mídia.
“Não podemos querer que esse país volte a crescer para 13,75%. Não temos a inflação que queremos. Isso é o que eu acho desse cidadão [Campos Neto] que foi nomeado pelo Senado. responsável, capaz de crescer, de pensar e saber administrar este país. Ele tem uma grande responsabilidade”, afirmou.
A Comissão Nacional do PT aprovou a decisão de pedir a Campos Neto que explique à Assembleia Nacional sobre a política do centro de interesse.
Sobre a proposta dessa explicação, disse que “a função dele é explicar” e que iria ao Congresso “sempre que possível”.
▶️ Ação política: além das críticas aos juros, integrantes do governo Lula também são da opinião de que o BC de Campos Neto está agindo politicamente e não apenas tecnicamente.
Uma foto do jornal “Folha de S.Paulo” o mostra como integrante, pelo menos até 11 de janeiro deste ano, do grupo de WhatsApp denominado “Ministro Bolsonaro”.
Durante o programa, Campos Neto foi questionado sobre essa relação com integrantes do governo Bolsonaro e as críticas recebidas pelos petistas.
“Em quatro anos, você vai acabar ficando próximo de outras pessoas. Tem que separar proximidade de independência. Se o BC quiser atuar politicamente, não vai interessar [em um ano] voto].
Nas eleições de 2022, Campos Neto votou para vestir a camisa amarela da seleção brasileira de futebol.
Questionado sobre o look do desfile, ele disse que é hora de “esquecer as pequenas coisas”:
“É hora de nos unirmos, esqueça essas pequenas coisas.”
▶️ Independência do BC: Recentemente, Lula voltou a classificar a independência do Banco Central como “bobagem”.
“O problema não são os bancos privados, nem os bancos afiliados ao governo, o problema é que este país tem o hábito de viver com altas taxas de juros”, disse ele. “Quando o Banco Central encosta em mim, todo mundo reclama. Um dia, a Fiesp [federação das indústrias de São Paulo] se pronunciou quando aumentou os juros. Foi um dia […]. Agora, não se fala mais ”, afirmou o Presidente da República.
O ato aprovado por Bolsonaro em 2021 estabelece a independência do BC. De acordo com esta lei, o presidente e o diretor têm mandato determinado de quatro anos, o que é incompatível com o mandato do Presidente da República. Campos Neto vence no final de 2024.
Campos Neto disse que caso houvesse “qualquer forma de interferência no processo de autorregulação” do Banco Central, ele deixaria o cargo de presidente da instituição.
Meta de inflação
Nesta semana, o Conselho Nacional de Fazenda (CMN) se reunirá pela primeira vez no governo Lula. Cabe ao conselho, por exemplo, definir a meta de inflação – tema que vem sendo criticado pelo presidente Lula.
Diante dessa situação, surgiram rumores de que o CMN poderia modificar as metas estabelecidas. No entanto, Campos Neto disse que na segunda-feira desta semana vai se opor à mudança dos indicadores neste momento. “É importante dizer que não mudamos a meta. Não entendemos que a meta é uma ferramenta de política monetária”, afirmou.
“Acho que se mudarmos agora, sem ter um lugar de tranquilidade e um lugar onde possamos facilmente atingir nossos objetivos, o que vai acontecer é que vai levar ao resultado contrário do que está acontecendo. Queremos”, concluiu o presidente do BC .
Em 2023, a meta de inflação média é de 3,25% e será oficialmente alcançada se a inflação cair entre 1,75% e 4,75%.
Para 2024 e 2025, a meta está fixada em 3% e será atingida se ficar entre 1,5% e 4,5%.
Isso ocorre porque há um limite de tolerância maior ou menor que 1,5 por cento.
O CMN é composto por três membros:
o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (também presidente do conselho);
a ministra do Planejamento, Simone Tebet;
Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.