Capes defende retomada da ciência como indutora de desenvolvimento


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Retomar o valor da ciência e fortalecer a educação como um meio de desenvolvimento para o país estão entre as metas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para os próximos anos. Esses objetivos foram descritos pela presidente da instituição, Mercedes Bustamante, em entrevista ao programa Brasil em Pauta, que vai ao ar neste domingo (12), na TV Brasil. 

“É a ciência que vai poder nos conduzir, nos orientar nesse desenvolvimento que o Brasil precisa, com mais justiça social, com mais equidade e também com mais sustentabilidade. Então, acho que são duas ferramentas [ciência e educação] fundamentais que precisam ser trabalhadas e valorizadas se o Brasil quiser ter uma perspectiva de futuro até o final desse século”, disse a pesquisadora. 

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O reajuste das bolsas de pós-graduação, iniciação científica e formação de professores da educação básica anunciado pelo governo federal em fevereiro, foi outro tema tratado pela presidente da Capes. Segundo ela, é necessário que os reajustes ocorram com mais constância e tenham previsibilidade e estabilidade na forma como são feitos. O último reajuste nos valores das bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado havia ocorrido em abril de 2013.

“A ideia é que a gente não espere mais de dez anos pelo próximo reajuste. Esperamos que daqui para frente possamos contar com a implementação de reajustes mais periódicos e que consigam acompanhar um pouquinho mais o custo de vida no Brasil. Acho que isso vai ser um estímulo importante para a atração dos pesquisadores que o Brasil perdeu nos últimos quatro anos e para fixar os pesquisadores que estamos formando aqui”, afirmou. 

Mercedes Bustamante destacou que as bolsas têm papel importante na indução e na manutenção de jovens pesquisadores na carreira científica. 

Mulheres na ciência 

Em meio a discussões sobre a representatividade da mulher na sociedade e nos diversos setores produtivos, em razão da comemoração no Dia da Mulher, em 8 de março, Mercedes Bustamante falou sobre a participação das mulheres na ciência. Ela destacou que, quando considerado o número de bolsistas da Capes, as mulheres já são maioria nos mestrados e doutorados. A presidente da Capes observou que, no entanto, ainda há muito o que fazer para garantir que essas jovens pesquisadoras permaneçam na carreira científica e acadêmica. 

Segundo ela, é preciso construir um ambiente mais adaptado para acolher a presença feminina na área das ciências. Para isso, estão em discussão estratégias como a de incorporar a informação sobre a licença maternidade de jovens docentes e discentes nos relatórios de avaliação. Outra estratégia seria modificar a lei que restringe a prorrogação da bolsa por maternalidade ou parentalidade, estendendo o prazo atual de quatro meses para seis meses. 

“Percebemos que ainda há uma sobrecarga muito maior para as mulheres, ainda que existam mecanismos para fazer um pouco mais essa divisão de esforços, ele ainda é fortemente concentrado nas mulheres. Isso aponta que, muitas vezes, após o parto ou a adoção, existe uma queda da produtividade científica das mulheres.”

Mudanças climáticas

A presidente da Capes afirmou que o Brasil é sempre colocado como potência socioambiental e está na hora de ver a realização desse potencial, com o auxílio da ciência. Para isso, segundo a pesquisadora, é preciso mudar parâmetros da economia brasileira, já que, ao longo de séculos, o Brasil tem sido um exportador de commodities, o que tem pouco valor agregado e resulta em uma exploração predatória que traz impactos ao meio ambiente. “Parte desse processo da participação da ciência é como agregamos valor nacional e reduzimos os impactos ambientais ao mesmo tempo”, disse. 

Mercedes Bustamante avalia que, por ter biomas ricos em biodiversidade e também em carbono, o Brasil pode contribuir com a solução para duas das grandes agendas ambientais que é a perda da biodiversidade e a questão das mudanças climáticas. “O mundo esperava do Brasil exatamente essa liderança de servir como um exemplo para essa faixa tropical do globo que vai ser tão importante nessa discussão das mudanças ambientais globais.”

Confira a entrevista completa no programa Brasil em Pauta, que vai ao ar neste domingo (12) às 22h30. 

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