Caso Porsche: Testemunha diz que Fernando Sastre tinha bebido no dia do acidente

Depoimentos emocionantes e contraditórios marcam a audiência

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São Paulo — Os depoimentos dos três amigos do empresário Fernando Sastre Filho, de 24 anos, denunciado por dirigir embriagado, bater um Porsche na traseira de outro veículo e matar um motorista de aplicativo, no dia 31 de março, na zona leste de São Paulo, foram marcados por desmentidos, choro e pelo esquecimento dos principais momentos do acidente.

Amigo no banco do passageiro

Todos os depoimentos da audiência de instrução, etapa do processo feita para colher as provas das partes e ouvir as testemunhas antes do julgamento, ocorreram no dia 28 de junho. Marcus Vinícius Machado Rocha, de 22 anos, o amigo que estava no banco do passageiro do Porsche no momento da colisão, afirmou à Justiça paulista que “não se recorda” se Fernando estava alcoolizado ao assumir o volante do carro de luxo.

Marcos estava no banco do passageiro do Porsche e foi gravemente ferido quando o carro de luxo dirigido pelo amigo bateu na traseira do Renault Sandero do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos, que morreu após ser levado ao hospital. O jovem foi internado em um hospital da zona leste, onde passou por cirurgia para retirada do baço.

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No depoimento, Marcos preservou Fernando diversas vezes, principalmente ao afirmar que não se lembrava dos horários dos acontecimentos, nem da quantidade exata de drinks consumidos pelo empresário no restaurante e na casa de pôquer. Ele disse que Fernando “saiu e ficou bem devagarinho, depois deu uma acelerada” com o carro, mas que não se recorda da velocidade atingida.

Assista ao vídeo do depoimento de Marcos:


Laudo pericial

Um laudo do Instituto de Criminalística da Polícia Civil de São Paulo indica que o Porsche conduzido pelo empresário trafegava a uma velocidade média de 156 km/h quando atingiu a traseira do Renault Sandero, na Avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé.

Depoimento das namoradas

No mesmo dia, também depuseram a namorada de Marcos, Juliana de Toledo Simões, 22, e a namorada de Fernando, Giovanna Pinheiro Silva, 23. Juliana se emocionou na audiência de instrução ao comentar que decidiu falar toda a verdade sobre o caso.

Segundo informações da coluna True Crime, de Ullisses Campbell, no jornal O Globo, Juliana confirmou, de forma categórica, que Fernando havia ingerido bebida alcoólica antes de assumir a direção do Porsche. Ela falou em juízo que havia sido pressionada por amigos do réu a não contar tudo o que sabia, pois correria o risco de cometer traição.

“Isso foi dito uma vez que a gente tinha chamado uns amigos para a nossa casa depois do acidente. Certamente eles queriam ver como o Marcus estava, pois ele tinha recebido alta, e aí lá a gente começou a conversar sobre todo o corrido”, explica Juliana.

Assista ao vídeo do depoimento de Juliana:

Choro e emoção

“Cheguei a falar que eu tinha que falar toda a verdade porque era um caso muito complexo, que não era algo simples, que diz respeito a duas vidas, uma que se perdeu e outra que quase se perdeu.”

Nesse momento do depoimento, a jovem interrompe a fala para chorar.

Contradições na audiência

Já Giovanna Pinheiro Silva, a namorada de Fernando, foi desmentida pelas promotoras de acusação durante uma audiência de instrução. Segundo o colunista, ela foi contrariada ao responder sobre as atitudes de Daniela Cristina de Medeiros Andrade, de 45 anos, mãe de Fernando, no local do acidente.

O juiz perguntou a Giovanna como o empresário foi retirado do local, já que ela esteve com ele o tempo todo.

Giovanna afirmou que Daniela chegou no local do acidente para “ver o que tinha acontecido”. Nas palavras da depoente, “o Fernando estava com o nariz e a boca sangrando. Ele precisava ir ao hospital. Ele também estava vomitando. Todas as vezes que ele se estressa, ele vomita muito. Aí veio uma policial. Ela olhou o Fernando de cima abaixo e autorizou a gente a sair do local”.

Testemunho da policial

A policial militar Dayse Aparecida Cardoso Romão afirma que a mãe de Fernando prontificou-se a levar o filho ao hospital, como foi registrado pela câmera corporal da policial no local do acidente. Daniela, porém, não fez o combinado. O empresário não compareceu a nenhuma unidade de saúde e só se apresentou à Polícia Civil mais de 36 horas após o crime.

Giovanna explicou que Daniela havia ligado para a policial tentando informar que não levaria mais o filho ao hospital, pois ele estava em estado de choque e havia tomado calmantes.

Nesse momento, as promotoras de acusação perguntaram se a jovem havia visto, de fato, Daniela fazer essa ligação. Ela respondeu que sim. Giovanna então foi desmentida. “Você não tem como ter visto essa ligação porque a Daniela disse na delegacia que havia esquecido o celular no carro”, rebateu uma das promotoras. “Eu sei que ela ligou”, insistiu Giovanna.

Desde o dia 11 de maio, o empresário Fernando Sastre Filho está preso na Penitenciária 2 de Tremembé, no interior paulista, conhecida como a “cadeia dos famosos” por abrigar detentos de casos que ganharam grande repercussão. Antes, ele permaneceu por três dias no Centro de Detenção Provisória (CDP) 2 de Guarulhos, na Grande São Paulo. Como mostrado pelo Metrópoles, o empresário chorou e ficou sem dormir em sua primeira noite atrás das grades, em uma carceragem do 31º DP (Vila Carrão).