Cazaquistão: presidente determina atirar para matar durante tumultos

Manifestações começaram em resposta à alta de preços de combustíveis

O presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, disse hoje (7) que determinou às suas forças de segurança que atirem para matar em tumultos provocados por quem chamou de bandidos e terroristas. A informação foi dada um dia após a Rússia enviar tropas para ajudar a reprimir um levante em todo o país. 

As forças de segurança pareciam estar no controle das ruas da principal cidade do país, Almaty, na manhã desta sexta-feira, mas tiros ainda podiam ser ouvidos após dias de tumultos, nos quais dezenas de pessoas foram mortas e prédio públicos saqueados e incendiados.

“Os militantes não baixaram suas armas, eles continuam cometendo crimes ou se preparando para eles. A luta precisa ser levada até o fim. Quem não se render, será destruído”, afirmou o presidente em pronunciamento na televisão.

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“Eu dei ordem às agências de segurança e ao Exército que atirassem para matar, sem aviso”.

Tokayev culpa terroristas com treinamento internacional pelo pior episódio de violência do país da Ásia Central, em 30 anos de independência.

O ministro da Defesa da Rússia, citado pela agência Interfax, disse que mais de 70 aviões estão fazendo viagens ininterruptas para levar tropas russas para o Cazaquistão, e que eles estão ajudando agora a controlar o principal aeroporto de Almaty, retomado nessa quinta-feira dos manifestantes.

As manifestações começaram como resposta à alta de preços de combustíveis e se desdobraram para um movimento contra o governo e o ex-líder Nursultan Nazarbayev, de 81 anos, o governante mais longevo de todas as ex-repúblicas soviéticas.

Nazarbayev passou a presidência a Tokayev há três anos, mas acredita-se que sua família tenha mantido poderes em Nur-Sultan, a capital construída especialmente para o governo e que leva o nome do ex-presidente.

O Ministério do Interior informou que 26 “criminosos armados” foram “liquidados”, enquanto 18 membros da polícia e da guarda nacional teriam sido mortos desde o início dos protestos, números que parecem não ter sido atualizados desde ontem. O canal estatal de televisão falou em mais de 3,7 mil prisões.

Na manhã desta sexta-feira, novos tiros podiam ser escutados perto da principal praça em Almaty, onde as tropas haviam lutado contra manifestantes durante o dia anterior. Correspondentes da Reuters viram veículos blindados de transporte de tropas ocupando a praça.

Algumas centenas de metros dali, um cadáver estava em um carro altamente danificado. Em outra parte da cidade, uma loja de munições havia sido saqueada.

Agitações generalizadas foram registradas em outras cidades por todo país, de 19 milhões de pessoas. A internet foi cortada desde quarta-feira (5), tornando difícil determinar a extensão completa da violência.

Fonte: Reuters