Chacina de família no DF: polícia diz que vítimas em cativeiro eram ameaçadas para dar senhas bancárias e responder mensagens de parentes

Renata Juliene Belchior e Gabriela Belchior — sogra e cunhada da cabeleireira Elizamar Silva — teriam permanecido no local por vários dias, segundo investigadores. Desaparecimento de 10 pessoas ainda é cercado de mistérios.

Em depoimento, um dos suspeitos presos pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) por envolvimento no desaparecimento de 10 pessoas da mesma família informou que vítimas eram ameaçadas, com uma arma de fogo, para fornecerem senhas bancárias e responderem mensagens de familiares, enquanto eram mantidas em cativeiro.

A informação foi confirmada nesta quinta-feira (19), pelo delegado Ricardo Viana, da 6ª Delegacia de Polícia, responsável pelas investigações. Pelo menos duas pessoas foram mantidas no local: Renata Juliene Belchior, de 52 anos, e Gabriela Belchior, de 24 anos, teriam permanecido na casa, em Planaltina, por cinco dias, segundo investigadores.

Elas são, respectivamente, sogra e cunhada da cabeleireira Elizamar Silva. Foi o desaparecimento dela e dos três filhos que deu início às investigações sobre o caso, que continua cercado de mistérios. Três pessoas foram presas por envolvimento no crime.

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“[As vítimas] davam senhas e respondiam mensagens se passando por pessoas que estavam bem. Quando pessoas da família ligavam de forma insistente, eles [os criminosos] perguntavam como responder a mensagem, elas ditavam e eles respondiam”, disse Vianna.

Cativeiro da família que desapareceu no DF — Foto: Reprodução

Um dos presos afirmou à polícia que ele e os outros suspeitos detidos tentaram fazer diversas transações bancárias nos dias que mantiveram as vítimas em cativeiro. No entanto, não tiveram sucesso. A Polícia Civil ainda não confirmou a informação.

Os investigadores suspeitam que os dois corpos localizados em um carro carbonizado em Unaí, em Minas Gerais, seriam de Renata e Gabriela. O Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte afirmou que os corpos encontrados eram femininos.

Novos indícios

 

Ao todo, 10 pessoas da mesma família estão desaparecidas. Sete corpos supostamente ligados ao caso foram encontrados nos últimos dias. E, apesar de ainda não haver identificação oficial, a polícia suspeita que seis deles sejam de:

  • A cabeleireira Elizamar Silva, de 39 anos;
  • Os três filhos dela e de Thiago: os gêmeos Rafael e Rafaela, de 6 anos, e Gabriel, de 7 anos;
  • A sogra de Elizamar, Renata Juliene Belchior, de 52 anos, esposa de Marcos Antônio;
  • A cunhada de Elizamar, Gabriela Belchior, de 24 anos, irmã de Thiago e filha de Marcos Antônio.

 

Os outros quatro desaparecidos são:

  • O marido de Elizamar, Thiago Gabriel Belchior, de 30 anos;
  • O sogro de Elizamar, Marcos Antônio Lopes de Oliveira, de 54 anos;
  • A ex-esposa de Marcos Antônio, Cláudia Regina e a filha deles, Ana Beatriz.

Gráfico sobre caso de 10 pessoas da mesma família desaparecidas no DF — Foto: Editoria de Arte/g1
Gráfico sobre caso de 10 pessoas da mesma família desaparecidas no DF — Foto: Editoria de Arte/g1

Segundo o delegado Ricardo Viana, há indícios de que eles podem estar mortos. A hipótese ganhou força após o corpo de um homem adulto ser encontrado no cativeiro onde foram mantidas as vítimas, em Planaltina.

“Se esse corpo se confirmar [como sendo] do Thiago ou do Marcos, [a tese] é que Gideon, Fabrício e Horácio se associaram e, com fim de subtrair valores, mataram as pessoas da família do Marcos”, disse Ricardo Viana, em entrevista à TV Globo, sobre os três presos durante a semana.

 

Inicialmente, com base no depoimento de um dos suspeitos, a polícia afirmou acreditar que Thiago e Marcos Antônio seriam os mandantes do crime. Apesar de ter perdido força, os investigadores afirmam que a possibilidade não está descartada.

Motivação

A suspeita é que o crime teria sido motivado por dinheiro. Elizamar tinha uma quantia guardada em uma conta bancária e Renata Juliene Belchior, de 52 anos, mãe de Thiago e esposa de Marcos Antônio, tinha R$ 400 mil pela venda de uma casa em Santa Maria, no DF.

Os investigadores descobriram ainda que a ex-esposa de Marcos Antônio, Cláudia Regina, também teria vendido um imóvel, em dezembro do ano passado. As quantias das três mulheres seriam alvo dos criminosos.

Na casa de um dos presos por suposto envolvimento no crime, Gideon Batista de Menezes, de 55 anos, a polícia encontrou R$ 14 mil em espécie. Já na conta de outro preso — Horácio Carlos Ferreira Barbosa, de 49 anos —, os investigadores encontraram R$ 40 mil. A Polícia Civil suspeita que o dinheiro seja das vítimas.