Só em Rio Branco (AC), mais de 2.500 pessoas ficaram desalojadas ou desabrigadas, enquanto em Manaus (AM), vídeo mostra muro sendo destruído. Cidades de Tocantins, Pará e Rondônia também foram afetadas.
Pelo menos seis estados do Norte e do Nordeste sofrem o impacto das fortes chuvas que atingiram as regiões nos últimos dias. Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Tocantins e Maranhão têm áreas em estado de emergência e famílias desalojadas ou desabrigadas.
Em Rio Branco, capital do Acre, mais de 32 mil pessoas foram afetadas pela inundação de rio e igarapés. A Defesa Civil Municipal informou que pelo menos 500 pessoas estão desabrigadas (precisam deixar suas casas e necessitam de apoio do governo porque não têm para onde ir) e quase 2 mil pessoas estão desalojadas (precisam deixar suas casas, mas tem para onde ir) em cerca de 30 bairros da cidade.
Em Manaus, capital amazonense, vídeos mostram moradias sendo arrastadas pelas enxurradas e famílias tentando fugir das casas totalmente alagadas. Em algumas ruas de Marabá tomadas pelas águas apenas o telhado das casas não está submerso.
Acre
Em Rio Branco, da madrugada de quinta-feira (24) até a manhã deste sábado (25), choveu cerca de 203 milímetros, mais de 75% de todo o esperado para o mês de março. Ao todo, 30 bairros foram atingidos pela alagação em Rio Branco e mais de 2.500 pessoas estão desabrigadas ou desalojadas.
A Defesa Civil Municipal reservou 24 abrigos, espalhados por escolas na capital, para abrigar as famílias atingidas.
Sete igarapés transbordaram depois da forte chuva e, neste sábado, cinco deles ainda estão inundados e atingem casas. O nível do Rio Acre subiu mais de 7 metros. Na medição feita às 15h deste sábado, passou dos 16 metros — acima da cota de transbordo, que é de 14 metros.
Para o domingo (26), o alerta é de mais temporais. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) voltou a emitir um novo alerta laranja de chuvas intensas para todo o Acre. A previsão é de chuva entre 30 e 60 milímetros por hora ou 50 e 100 milímetros por dia, com ventanias que podem chegar a 100 quilômetros por hora.
Amazonas
Em Manaus, as fortes chuvas deixaram ruas e moradias alagadas. Um vídeo mostra duas casas de madeira sendo carregadas pela enxurada (veja no início da reportagem) e sendo destruídas no caminho, ao passar por uma espécie de passarela. Moradores, assustados, correm para fugir da passagem dos destroços.
Outro vídeo, que pode ser visto acima, mostra a parede de uma casa sendo destruída pela força da água. Pelo menos dez bairros da capital tiveram ocorrências por conta dos temporais.
Muitas famílias tiveram que deixar suas casas, que estavam completamente tomadas pela enchentes. Outro vídeo que circula nas redes sociais mostra uma criança sendo transportada dentro de um isopor pelo pai, em um beco alagado.
Outras duas crianças, de 8 e 4 anos, ficaram soterradas após um barranco deslizar em cima de uma casa no bairro Zumbi dos Palmares, em Manaus. Elas foram encontradas já desacordadas pela família e levadas para o Hospital João Lúcio. O quadro delas é estável.
Pará
O Pará está sendo atingido pelas chuvas desde terça-feira (21). Na região sudeste do estado, o rio Tocantins chegou a quase 12 metros de profundidade, o dobro do nível normal. Já são mais de 2.500 famílias atingidas pelas enchentes.
Um dos pontos mais críticos está em Marabá, onde mais de 1.800 pessoas estão fora de casa, alojadas com familiares, abrigos da Prefeitura ou até ilhadas nos telhados das próprias moradias.
A Prefeitura local tem construído abrigos para a população, localizados em praças e prédios públicos. Cerca de 700 famílias estão sendo levadas para esses espaços com auxílio de militares, que também ajudam no transporte de móveis que conseguiram ser resgatados.
Rondônia
Pelo menos quatro aldeias da Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, na região de Guajará-Mirim (RO), a mais de 300 km da capital do estado, Porto Velho, ficaram alagadas depois da inundação do rio Pacaás Novos.
Indígenas tiveram que se acomodar em barcos ou improvisar abrigos. Plantações cultivadas por eles também foram afetadas. Vídeos mostram casas praticamente submersas. A Defesa Civil informou ao g1 que deve se deslocar para as áreas afetadas na segunda-feira (27). O trajeto da zona urbana até as comunidades dura, em média, 15 horas.
Índigenas da TI Karipuna sofrem com os alagamentos há quase uma semana, desde o dia 17 de março, por conta das chuvas que causaram a cheia do rio Jaci Paraná. O Ministério Público Federal deu um prazo de 72 horas para que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) informe quais medidas foram adotadas para auxiliar os Karipuna.
Tocantins
Em Lagoa da Confusão, na região oeste do estado, foi decretada situação de emergência na sexta-feira (24) depois que rios e lagos transbordaram. A população mais afetada foi a que vive na zona rural, incluindo aldeias indígenas.
Devido à enchente, não é possível ver mais a região da orla da cidade, que tem a lagoa como cartão postal. Segundo o município, também houve rompimento de um cabo de energia e por isso toda a área do Bosque da Lagoa foi interditado.
Indígenas de aldeias da região estão sendo retirados, mas o secretário ainda não tem um balanço de quantos foram afetados.
Maranhão
Ao menos 38 municípios decretaram estado de emergência no Maranhão, onde centenas de famílias tiveram que deixar suas casas e ir para abrigos. Até a manhã de sábado, 1.358 famílias estavam desabrigadas e 2.954 desalojadas. O Corpo de Bombeiros informou haver seis mortes no estado devido às chuvas.
Os municípios mais afetados são Pedreiras e Trizidela do Vale. Os dois sofrem com a enchente do rio Mearim, que já está oito metros acima do nível normal.