Coluna – Em casa, basquete paralímpico do Brasil mira topo da América

O primeiro grande desafio do basquete em cadeira de rodas brasileiro rumo à Paralimpíada de Paris (França), em 2024, após ficar fora dos Jogos de Tóquio (Japão), no ano passado, começa nesta quarta-feira (13). A partir das 15h (horário de Brasília), a seleção feminina estreia na Copa América da modalidade, diante do Canadá. Mais tarde, às 19h, será a vez da equipe masculina debutar, também contra os canadenses.

O evento será no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo. A entrada é gratuita e pode ser adquirida mediante cadastro. O equipamento fica no quilômetro 11,5 da Rodovia dos Imigrantes, zona sul de São Paulo. Outra opção é acompanhar online, no canal da Confederação Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas (CBBC) no YouTube. A cerimônia de abertura será às 17h, mas a bola já subiu pela manhã, com Venezuela e Porto Rico abrindo o torneio masculino.

A Copa América reúne sete seleções no torneio dos homens e oito no das mulheres. Os quatro participantes mais bem colocados no masculino e os três no feminino garantem lugar no Campeonato Mundial de Dubai (Emirados Árabes Unidos), em novembro.

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Na primeira fase da Copa América, as equipes estão divididas em dois grupos, onde jogam entre si. Todos vão à fase seguinte no masculino, com os duelos servindo para definir os confrontos eliminatórios. O líder do Grupo A (o único que possui quatro times) vai direto às semifinais. No feminino, somente os dois primeiros de cada chave se classificam à semifinal.

Entre os homens, o Brasil figura no Grupo B. Além do Canadá, três vezes campeão paralímpico, a Argentina (atual campeã sul-americana) integra a chave. O México seria o quarto membro, mas desistiu do torneio. No Grupo A, estão Estados Unidos (nove ouros em Paralimpíadas, inclusive em Tóquio), Venezuela, Porto Rico e Colômbia. Esta última venceu os brasileiros nas quartas de final dos Jogos Parapan-Americanos de Lima (Peru), em 2019, que serviram de classificatório para o megaevento no Japão. Os colombianos foram dirigidos pela paulista Ana Cardoso, que assumiu a seleção masculina verde e amarela após a competição em solo nipônico.

“O Brasil, hoje, ainda não está no cenário que deveria no basquete em cadeira de rodas. Outras seleções da América estão passando. Então, temos de voltar a esse cenário, ter uma representatividade e galgar nosso espaço. Temos de estar atentos à nossa chave, primeiro, depois pensar nos cruzamentos. É um campeonato de alto nível e o Brasil está crescendo”, disse Ana, que também já trabalhou no basquete para cadeirantes na Itália e na Letônia, à Agência Brasil.

No feminino, as anfitriãs terão Bolívia, Guatemala e Canadá como adversárias, também pelo Grupo B. As canadenses, rivais da estreia, são as atuais campeãs parapan-americanas, responsáveis por deixarem o Brasil fora de Tóquio e despontam como principais concorrentes na primeira fase. No Grupo A, aparecem Estados Unidos (tetracampeões paralímpicos), Argentina, Chile e México. As brasileiras, assim como no masculino, estão sob nova direção desde o segundo semestre do ano passado. O atual treinador é Rogério Pinheiro, que estreou com o título sul-americano, alcançado na capital argentina Buenos Aires, contra as donas da casa.

“A gente fez teste com quase 30 atletas diferentes para chegar no grupo que está hoje. Além da vaga para o Mundial, tem a situação das meninas quererem subir mais um degrau. Elas sempre vêm chegando em segundo ou terceiro [na Copa América]. Talvez, seja a nossa hora, aproveitarmos que estaremos dentro de casa, ter a força da torcida empurrando o time para, quem sabe, subirmos esse degrau”, comentou Rogério.

Tanto Ana como Rogério tiveram a missão de renovar as respectivas seleções na jornada rumo à Paris. A masculina, segundo a treinadora, tem metade do elenco formada por caras novas. Algumas, inclusive, fizeram parte do grupo que se classificou para o Campeonato Mundial sub-23 (na Tailândia, ainda este ano, sem data definida), como Sérgio Júnior (18 anos) e Cristiano Clemente (23 anos). A outra metade é de veteranos, como Anderson Ferreira, de 43 anos, que após 16 anos defendendo o Brasil, sonha chegar à primeira Paralimpíada da carreira.

“Por mais que alguns de nós já tenham experiência, depois do baque que tomamos [por ficar fora de Tóquio], a gente começou do zero. O processo que estamos fazendo aqui é para chegarmos ao Mundial e buscar um lugar entre os quatro melhores. Enquanto estiver treinando no alto rendimento, buscarei esse sonho [de ir a uma Paralimpíada]. E sonho alto, quero voltar com medalha”, projetou Anderson.

No time feminino, de acordo com Rogério, seis das 12 convocadas já representaram o país anteriormente em Copas Américas e outras seis disputarão o torneio pela primeira vez. A última edição do torneio ocorreu há cinco anos, em Cali (Colômbia). Na ocasião, as mulheres conquistaram a medalha de bronze e a equipe masculina ficou em quarto. Ambos se classificaram para o Mundial de 2018, em Hamburgo (Alemanha).

“A gente vêm em uma crescente. Cada competição é uma experiência, um aprendizado, para que a gente não cometa os mesmos erros. Estamos muito esperançosas, trabalhando muito física e taticamente, onde a gente, às vezes, deixa a desejar, acho que pelo nervosismo. Estamos trabalhando isso para entrarmos mais centradas e desenvolvermos um ótimo trabalho”, concluiu Perla Assunção, dez anos de seleção e eleita a melhor jogadora do país no ano passado, no Prêmio Paralímpicos.