Coluna – Seletiva do Mundial abre ciclo paralímpico do halterofilismo

O ciclo paralímpico de Paris (França) já começou. Menos de um mês após o fim da Paralimpíada de Tóquio (Japão), os calendários do tênis em cadeira de rodas e da paracanoagem foram retomados com os respectivos campeonatos mundiais. Entre 28 de novembro e 5 de dezembro, na cidade de Batumi (Geórgia), será a vez do halterofilismo.

A delegação brasileira na competição será definida no próximo dia 13, em uma seletiva no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo. Podem participar atletas situados até a 25ª colocação do ranking mundial da categoria que disputam. No halterofilismo paralímpico, os competidores são divididos por peso e não conforme a deficiência de cada um.

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Segundo Valdecir Lopes, técnico da seleção brasileira da modalidade, os atletas terão de atingir, na seletiva, ao menos o equivalente à 12ª marca do mundo na respectiva categoria para se credenciarem à competição na Geórgia. A comissão técnica espera levar até 26 halterofilistas ao torneio: dez homens, dez mulheres e seis representantes na disputa de juniores (até 20 anos), que ocorre simultaneamente ao evento adulto.

“A gente entende que o atleta que atinge essa marca [12ª do mundo] tem a possibilidade de melhorá-la durante o ciclo e chegar, pelo menos, à oitava posição do ranking. Apenas os oito melhores vão à Paralimpíada. Claro que nas categorias em que já tivemos representantes em Tóquio, a referência [a ser alcançada na seletiva] é a marca deles. A expectativa é que a gente preencha pelo menos 80% das vagas”, explicou Valdecir à Agência Brasil.

A expectativa é que os sete atletas que competiram no Japão também disputem o Mundial: Ailton de Souza (até 80 quilos), Bruno Carra (até 54 quilos), Evânio Rodrigues (até 88 quilos), João Maria França (até 49 quilos), Lara Aparecida (até 41 quilos), Mariana D’Andrea (até 73 quilos) e Tayana Medeiros (até 86 quilos). Por já terem marcas recentes, eles não precisarão disputar a seletiva.

“Consideramos a marca dos sete de Tóquio porque estiveram o tempo todo ativos, mas eles estão à vontade para participarem [da seletiva]. Os demais, como não tivemos eventos devido à pandemia [da covid-19], terão de mostrar que estão ativos e prontos para competir”, argumentou o treinador, que espera ter entre dez e 15 atletas participando da seletiva, e que considera o Mundial o início da trajetória brasileira até os Jogos de 2024.

“É possível classificarmos um número maior de atletas em Paris. A ideia é dobrarmos [o número de representantes] ou pelo menos chegarmos a dez”, projetou.

O halterofilismo paralímpico brasileiro vive um momento ascendente. Nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016, o país subiu ao pódio pela primeira vez com a prata de Evânio. Em Tóquio, Mariana fez história ao conquistar uma inédita medalha de ouro. A juventude da campeã (23 anos), em uma modalidade onde a carreira é de longo prazo, inspira atletas da nova geração. Alguns, inclusive, que podem ir a Geórgia competir entre os juniores.

“A medalha da Mariana deu uma motivação grande à turma da base. Aqui em Itu [cidade do interior paulista] tem um menino, o Cleiton, de 16 anos, que treina com ela e já colocou na cabeça [o sonho de] ganhar medalha em Paralimpíada. É de um grupo que a gente ainda não pensa [ver] em Paris, mas em Los Angeles [Estados Unidos, nos Jogos de 2028]. Mas o Mundial é importante para eles ganharem ritmo de competição internacional, sentirem a diferença de nível”, destacou Valdecir.

“Fico muito feliz quando lembro que tudo começo quando eu competia no júnior. Vejo hoje meninos e meninas que treinam comigo percebendo que também podem conseguir. Eu me inspirei no meu técnico [Valdecir], na Márcia Menezes [primeira medalhista brasileira em um Mundial, há sete anos], com quem sempre treinei, além do Bruno Carra”, destacou Mariana, que em 2018 foi recordista mundial paralímpica até 20 anos, à Agência Brasil.