Como um croissant levou a polícia de SP ao ‘sniper do tráfico’, suspeito de matar PM da Rota no Guarujá

Descoberta através de uma nota fiscal, análise de câmeras de segurança e o depoimento de uma testemunha chave levaram os policiais a identificarem Erickson David da Silva como o principal suspeito do crime

A compra de um croissant em um estabelecimento comercial foi o ponto de partida que levou a polícia de São Paulo ao suspeito apelidado de “sniper do tráfico”, Erickson David da Silva, relacionado à morte do policial militar Patrick Bastos Reis na comunidade Vila Zilda, no Guarujá, Baixada Santista. A revelação veio à tona durante uma coletiva de imprensa com a presença do governador Tarcísio Freitas e do secretário de Segurança Pública de SP, Guilherme Derrite.

Erickson David da Silva é apontado como o ‘spiner do tráfico’ responsável pelo tiro que matou o policial Foto: Patrick Bastos Reis Reprodução

A união das polícias Civil e Militar nas primeiras 24 horas após o crime foi fundamental para identificar o principal suspeito, bem como outros 10 indivíduos. Uma testemunha chave, supostamente responsável por comprar alimentos para traficantes, foi a peça-chave para encontrar os suspeitos. Os depoimentos dos indivíduos detidos também contribuíram para esclarecer a autoria do crime.

Nota fiscal e análise de câmeras de segurança corroboram as investigações

No local do incidente, os policiais encontraram uma nota fiscal de um estabelecimento comercial, que os levou a rastrear a compra de um croissant. Utilizando imagens das câmeras de segurança do estabelecimento e de todo o percurso até onde o policial foi atingido, os investigadores identificaram uma mulher que realizou o trajeto suspeito. Ao prendê-la, ela forneceu informações sobre os outros suspeitos, revelando seus nomes e apelidos. O trabalho investigativo continua em busca de um indivíduo que possivelmente estava presente no momento do disparo.

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A voz do suspeito e a verdadeira arma do crime

Antes de ser detido, Erickson gravou e compartilhou um vídeo em que negava envolvimento na morte do policial Patrick e apelava para o fim da violência na comunidade. No entanto, as autoridades afirmam que a gravação é apenas uma “narrativa” construída por ele e seu advogado.

Contrariando o apelido de “sniper”, o policial não foi morto por uma arma de precisão, mas sim por uma pistola 9mm. A perícia concluiu que o projétil entrou pelo ombro e transfixou, atingindo o peito do soldado.

Divergências de números de mortos e denúncias de abuso

Enquanto a polícia oficialmente registrou 8 mortos na operação em Vila Zilda, a Ouvidoria das Polícias de São Paulo relata 10 mortes, uma discrepância que ainda precisa ser esclarecida pelas autoridades. Dois corpos não foram identificados até o momento e, portanto, não foram incluídos nas estatísticas.

Além disso, há denúncias de moradores sobre abusos policiais durante a incursão. Acusações de truculência, invasão de residências e revistas em menores de idade foram relatadas à Ouvidoria. O ouvidor Cláudio Silva está no Guarujá e está entrevistando testemunhas para coletar mais informações. Câmeras corporais dos policiais envolvidos na ação também foram requisitadas para a investigação.

A união entre as forças de segurança, evidenciada pela descoberta inusitada do croissant, mostra como o trabalho conjunto pode ser eficaz para solucionar crimes complexos. As investigações seguem em andamento para esclarecer todos os detalhes do caso e garantir justiça às vítimas e suas famílias.