Conheça a história do leão que acordava moradores do litoral de SP com seu rugido

A história do leão foi marcada por resgates, cuidados e um desfecho que chamou a atenção da Justiça

Apesar do histórico de maus-tratos, o leão surpreendeu a vizinhança por sua docilidade, convivendo pacificamente com o ambiente ao seu redor / Fernando Feijó/Arquivo/PMPG

Acordar com o rugido de um leão pode parecer cena de filme, mas isso se tornou uma experiência comum para os moradores do bairro Vila Sônia, em Praia Grande, litoral de São Paulo. A origem desse despertador inusitado era Timbó, um leão africano que se tornou uma figura emblemática e símbolo do bairro.

A história de Timbó, marcada por resgates, cuidados e um desfecho que chamou a atenção da Justiça, ainda é lembrada pelos moradores mais antigos da região.

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Naquela época, os circos itinerantes eram populares no Brasil e sempre traziam atrações com animais selvagens, como leões e tigres. Foi em um desses circos que um comerciante local encontrou Timbó, então um filhote de apenas 10 meses.

O leão estava desnutrido e, infelizmente, havia sofrido maus-tratos: seus dentes e garras foram removidos, prática comum para facilitar o manuseio do animal em espetáculos. Sensibilizado, o comerciante decidiu intervir e negociou a compra do leão com o circo, levando-o para sua chácara na Vila Sônia.

O local escolhido para o novo lar de Timbó foi uma velha cocheira, onde o leão viveria o restante de sua vida no bairro, em Praia Grande. O comerciante providenciou comida e um espaço confortável para que o leão pudesse se recuperar. Apesar do histórico de maus-tratos, o leão surpreendeu a vizinhança por sua docilidade, convivendo pacificamente com o ambiente ao seu redor.

No entanto, havia um detalhe que se tornaria famoso: todos os dias, logo ao amanhecer, Timbó soltava um rugido forte e característico que acordava a vizinhança, marcando seu território e lembrando a todos que ele estava por ali.

Com o passar do tempo, Timbó se tornou parte da rotina dos moradores e uma espécie de mascote do bairro. Muitos se acostumaram a ouvir o rugido como um “bom dia” vindo do leão africano.

Entretanto, na década de 1990, o comerciante decidiu vender a chácara, mas havia uma condição: o comprador deveria manter Timbó no local e comprometer-se a alimentar o leão até que uma solução definitiva fosse encontrada.

Esse acordo, no entanto, não foi cumprido. Por conta de desentendimentos, o comerciante passou a ser impedido de entrar na chácara para ver ou alimentar Timbó, o que levou o animal a sofrer novamente com a negligência e, possivelmente, com a fome.

Preocupado com o destino de Timbó, o comerciante denunciou a situação por maus-tratos, buscando amparo judicial para assegurar o bem-estar do leão. Em resposta, a Justiça determinou que o animal fosse retirado da chácara e encaminhado para um lugar onde pudesse receber cuidados adequados.

Timbó foi então transferido para um santuário no interior de São Paulo, onde viveria seus últimos anos em paz, cercado por profissionais preparados para lidar com animais selvagens.

A história de Timbó é lembrada em Praia Grande como um capítulo único na vida do bairro Vila Sônia. Um leão, símbolo de força e selvageria, tornou-se um vizinho tranquilo e, apesar dos rugidos diários, era um animal dócil que nunca causou problemas à comunidade. Seu destino final em um santuário deu-lhe a chance de viver seus últimos dias com a dignidade que sempre mereceu.

Fonte: Diário do Litoral