No jogo em que igualou os gols de Pelé pela seleção brasileira, nas contas da Fifa, Neymar demorou, mas provava que quem é rei nunca perde a majestade. Já na prorrogação, conseguiu um raro lance de magia, e tirava o Brasil do sufoco diante de uma organizada Croácia. Só que depois de o camisa 10 chegar aos 77 gols em 124 partidas, o segundo nesta Copa do Mundo, a defesa brasileira se abriu, houve o empate, e na disputa por pênaltis o craque sequer cobrou, pois Rodrygo e Marquinhos perderam.
As quartas de final, que ficariam marcadas para Neymar como uma volta por cima depois de um jogo sem brilho individual e coletivo, depois de um início de Copa no Catar se recuperando de lesão, agora podem sinalizar o fim de um ciclo. Ao fim da partida, o camisa 10 desabou no campo, chorou muito e foi consolado por companheiros como Daniel Alves e Paquetá, mas parecia não acreditar no roteiro de seu terceiro Mundial.
Nesta Copa, aliás, o craque tinha sido a imagem da superação na seleção. Se lesionou na estreia, voltou nas oitavas diante da Coreia do Sul com gol de pênalti, mas ainda jogava aquém do que se esperava, e vinha até aqui assumindo um papel de coadjuvante, em uma equipe marcada por pontas agressivos e pelo artilheiro Richarlison.
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Uma Copa de lampejos
Diante da Croácia, reencontrou seus raros momentos de protagonismo no momento derradeiro do jogo. Caçado em campo em todas as partidas, Neymar teve dificuldade de encarar a boa defesa croata, tanto nas jogadas individuais como também nas tramas coletivas com os demais atacantes. Mesmo que tenha aparecido em um ou outro lance técnico acima da média, parecia sem o mesmo gás, sem a parte física com a qual tão bem começou a temporada no PSG.
Em todos os momentos de recomposição da seleção, Neymar era o último a fechar os espaços, andava em campo, como se tentasse se preservar para quando o Brasil tivesse a bola. Isso de fato aconteceu. No lance do gol, conseguiu enfim carregar e arrastar para cima da defesa, tabelou com Rodrygo, depois com Pedro, driblou o goleiro e finalizou bem.
Neymar já havia desperdiçado algumas chances na partida, sobretudo em passes de Richarlison. Não encontrou seus companheiros em situação favorável em nenhum momento, não foi um criador como Modric, de 37 anos. Aliás, longe disso. Viveu, como tem vivido na atual fase de sua carreira, de lampejos.
Aos 31 anos, Neymar já indicou que esta poderia ser a sua última Copa do Mundo. A expectativa é que, a partir de seu desempenho, avalie os próximos passos na seleção, onde até agora está marcado por três eliminações, 12 anos depois de surgir como a principal promessa do futebol brasileiro no Santos, em 2010.
Fonte: O Globo