O Palmeiras se desdobrou taticamente. Jogou com o coração contra o favorito e, muito melhor tecnicamente, Flamengo. Pela terceira vez, o clube vence a Libertadores. Partida histórica no Uruguai
Quatro minutos do primeiro tempo da prorrogação.
Andreas Pereira a bola na intermediária.
Está cansado, se desconcentra, erra o tempo de bola.
Ela escapa.
E o inesperado acontece.
Deyverson surge de surpresa rouba a bola, invade a área e chuta. Diego Alves ainda toca na bola mas ela beija as redes flamenguistas.
O personagem mais inesperado da final marca o gol decisivo.
Porque o time paulista defendeu a vantagem com unhas, dentes e coração.
Vitória história do Palmeiras, no estádio Centenário, no Uruguai.
2 a 1 contra o favorito Flamengo.
Tricampeão da Libertadores da América.
Está classificado para o Mundial de Clubes, nos Emirados Árabes.
E consegue um recorde absurdo: a conquista de duas Libertadores no mesmo ano.
A de 2020 conseguiu em janeiro, há dez meses.
O jogo começou de maneira muito clara.
Com a tática se impondo sobre o talento.
Abel Ferreira fez muito bem o seu teatro, insistindo que Felipe Melo jogaria, ontem. Mas o treinador português sempre soube que o veterano volante de 38 anos não superou as fortes dores no joelho direito e que Danilo atuaria no seu lugar.
Como o blog informou hoje pela manhã, o técnico decidiu atuar com Gustavo Scarpa no time.
Só que se Renato Gaúcho foi previsível, escalando o Flamengo no 4-4-2, determinado a controlar o ritmo do jogo, trocando passes na intermediária e, aos poucos, sufocar o adversário, Abel Ferreira fez uma mudança significativa e importantíssima.
Ele tratou de segurar Piquerez, para atuar ao lado de Gustavo Gómez e Luan. Durante todo o primeiro tempo, o Palmeiras teve três zagueiro. E fez com que Gustavo Scarpa atuasse do meio de campo para trás, para ajudar Mayke na marcação de Bruno Henrique.
O português assistiu muito aos jogos do Flamengo e entendeu que o ponto fraco do adversário era a bola nas costas de Filipe Luis. E foi assim que logo aos quatro minutos, Gustavo Gómez acertou o lançamento que tanto treinou. A bola foi perfeita para Mayke. Bruno Henrique demorou para tentar travar o jogador que ‘era seu’, quando atacasse.
O cruzamento foi perfeito. E Raphael Veiga entrou por livre, de frente, para o gol. Sem chance para Diego Alves. 1 a 0, Palmeiras.
O Flamengo se enervou com o gol sofrido. E o time paulista ganhou muita confiança e marcando cada vez mais forte. Arrascaeta mostrava que estava sem ritmo. Bruno Henrique seguia tenso demais. Filipe Luis e Isla não conseguiam apoiar o ataque. Gabigol estava perdido, encaixotado entre os zagueiros.
Dudu e Rony se sacrificavam, assim como Raphael Veiga, marcando muito na intermediária, para evitar que os jogadores do time carioca pudessem trocar passes, como tanto gostam.
Aos 30 minutos, Filipe Luiz pediu para sair, estava com sério problema na panturilha direita. Renê entrou, jogador com muito menos recursos.
O Flamengo praticamente não criou chances reais na primeira etapa, por conta dos comandados de Abel.
O Palmeiras fez um primeiro tempo primoroso, no confronto com um adversário mais forte tecnicamente.
No segundo tempo, tudo se inverteu, por precipitação do treinador palmeirense. Ele recuou demais o Palmeiras. O que foi um convite para o Flamengo. Aceito.
Renato Gaúcho também tem seu mérito. Ele fez com que Arrascaeta jogasse mais à esquerda. Afundou Bruno Henrique, ao lado de Gabigol. E subiu todo seu time, para pressionar o Palmerias.
E o que se assistiu foi o time de Abel Ferreira tomar um sufoco incrível. Era como se fosse um treinamento: ataque contra defesa.
Renato Gaúcho tratou de colocar Michael no lugar do improdutivo Everton Ribeiro. Danilo, que teve uma atuação excelente, saiu desgastado. Patrick de Paula entrou no seu lugar, mais preocupado em marcar, do que armar.
Mas o previsível aconteceu. O empate. Mas de forma inesperada. Arrascaeta serviu Gabigol, às costas de Mayke, o chute foi no canto de Weverton. O goleiro que havia feito duas grandes defesas, falhou. 1 a 1, aos 26 minutos.
O Flamengo seguiu dando as cartas, mas o Palmeiras conseguiu sobreviver.
E veio a prorrogação.
Deyverson marcou.
Até mesmo com dores, Felipe Melo entrou nos últimos minutos. Atitude mais do que simbólica.
Renato Gaúcho deixou seu time com cinco atacantes, sem a menor estrutura tática.
Puro desespero.
Vitória justa do Palmeiras.
Tricampeão das Américas…
Fonte: R7