Entre novembro do ano passado e janeiro deste ano, a internação de menores de 18 anos com covid-19 em unidades de terapia intensiva (UTI) cresceu 61,3%. A informação foi dada hoje (19) pelo governador de São Paulo, João Doria, que lembrou que esse dado reforça a necessidade de que esse público também seja vacinado contra a covid-19.
No dia 15 de novembro de 2021 haviam 106 pacientes menores de 18 anos internados em estado grave no estado de São Paulo por causa da covid-19. Já na última segunda-feira (17), esse número subiu para 171 internações em UTIs. “Os dados da Secretaria de Saúde mostram alta de 61% na hospitalização de menores de 18 anos em UTIs, nos últimos dois meses, no estado de São Paulo. Os dados evidenciam a necessidade de acelerarmos a vacinação infantil”, disse o governador.
“Os dados evidenciam que a variante Ômicron do novo coronavírus está contaminando rapidamente nossas crianças e que a vacinação é urgente e fundamental para prevenir casos graves, internações e óbitos nessa população”, reforçou Jean Gorinchteyn, secretário estadual de Saúde.
Crescimento de internações
Com a chegada da variante Ômicron, as internações em unidades de terapia intensiva de São Paulo cresceram não somente entre as crianças e adolescentes, mas em todos os públicos. “Temos observado uma crescente de novas internações nas últimas cinco semanas, mas especialmente nas últimas duas semanas epidemiológicas tivemos quase 89% de elevação”, falou o secretário.
Hoje, o estado tem uma taxa de ocupação de leitos de UTI de 54,17%, com 2.842 pessoas internadas em estado grave e 5.556 em enfermarias. Na semana passada, a taxa de ocupação estava em 39,01%, com 1.824 pessoas internadas em estado grave e 3.679 pessoas internadas em enfermarias de todo o estado. Apesar desse aumento, o número de pessoas internadas ainda é inferior ao que foi observado no pico da segunda onda da pandemia, ocorrida entre os meses de março e maio do ano passado.
“É muito importante lembrarmos que, a despeito desses números percentuais, quando olhamos o número absoluto, vemos que os internados em UTIs são 2.842. No pico da primeira onda, tivemos 6,5 mil internados. No pico da segunda onda, só nas UTIs, tivemos 13,1 mil pessoas internados. Portanto, é um número bem menor hoje”, disse o secretário. Segundo ele, o menor número de pessoas internadas hoje se deve à vacinação. “Isso é o resultado sim da vacinação. Vacinar é proteger tanto das formas graves quanto das fatais”.
De acordo com João Gabbardo, secretário executivo do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, o aumento das internações neste momento ocorre principalmente por pessoas que estão internadas não por covid-19, mas por outras doenças e que acabam testando positivo para o novo coronavírus.
“É muito diferente do que observamos em outras fases da pandemia. As pessoas procuravam atendimento porque apresentavam Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) com falta de ar, dispneia, baixa saturação. Elas internavam nas UTIS e enfermarias para tratar covid-19. Mas hoje as pessoas internam por outras razões: por um problema cardiológico, neurológico e ou mesmo a gestante que vai ao hospital para fazer o parto. Sem sintoma nenhum, elas são testadas e apresentam teste positivo [para covid-19]”, disse ele, citando uma pesquisa feita na cidade de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, entre mulheres gestantes e que demonstrou que 40% delas apresentam teste positivo para a covid-19, mesmo sem apresentar quaisquer sintomas da doença.
“O que acontece: quando testa positivo para a covid-19 é creditado uma internação para paciente covid-19. Ele [paciente] não internou por problema de covid-19, mas ele é internado em leito de covid-19 porque ele precisa de isolamento”, explicou. “Esse aumento das internações hospitalares está ocorrendo em pessoas que internaram por outras razões e que foram testadas positivas para covid-19. Isso é consequência da vacinação. Elas apresentam positiva mas não apresentam sintomas ou sintomas leves”, explicou Gabbardo.
Vacinação
A vacinação de crianças entre 5 e 11 anos de idade teve início na última sexta-feira em São Paulo. Neste momento estão sendo vacinadas crianças indígenas, com comorbidades ou com deficiência. Para esta vacinação está sendo utilizado o imunizante da Pfizer/BioNTech, que é um pouco diferente da vacina que é aplicada em adultos e tem uma dosagem menor. O governo de São Paulo espera que amanhã (20), a partir das 10h, a Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa) aprove o uso da CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan e pelo laboratório chinês Sinovac, para crianças e adolescentes entre 3 e 17 anos. Caso a Anvisa aprove esse imunizante, São Paulo tem um estoque de 15 milhões de doses dessa vacina, podendo vacinar todas as crianças do estado nessa faixa etária no prazo de três semanas e ainda distribuir parte das doses para outros estados.
Segunda Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan, os estudos feitos em crianças com a vacina CoronaVac tem demonstrado uma efetividade de cerca de 90% para prevenção de casos graves, superior ao que é observado entre adultos. O esquema vacinal é o mesmo para o adulto: são aplicadas duas doses, com intervalo de 28 dias entre elas. Essa vacina já vem sendo aplicada em crianças em países como Chile e China e tem se mostrado segura.