O número de casos de covid-19 confirmados no município do Rio de Janeiro nos primeiros 18 dias de 2022 já corresponde a mais de um quarto de todos os casos que foram confirmados na cidade em 2021, segundo dados do painel mantido pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS).
Na atualização de hoje do painel, a secretaria informou que foram confirmados 76.466 casos de covid-19 em 2022, o que representa cerca de 26% dos 285.916 casos que o município registrou no ano passado e mais de um terço dos 217.833 casos confirmados em 2020.
Ainda que o número de casos esteja crescendo rapidamente, o Rio registrou desde 1° de janeiro 36 óbitos por covid-19. No primeiro mês do ano passado, quando a cidade não contava com cobertura vacinal e os casos eram causados por outras cepas do SARS-CoV-2, mais de 1,2 mil mortes por covid-19 foram confirmadas entre os dias 1 e 18 de janeiro, segundo dados do painel Monitora Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Assim como outras partes do país, o Rio de Janeiro têm enfrentado uma rápida disseminação da variante Ômicron do novo coronavírus, considerada uma variante de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Apesar de estar associada a casos mais leves de covid-19, a variante se mostrou muito mais transmissível que as outras mutações do vírus, o que tem motivado alertas de pesquisadores sobre a possibilidade de haver sobrecarga dos sistemas de saúde.
Segundo a SMS, havia ontem 674 pessoas internadas por covid-19 na rede pública da capital fluminense. Entre esses pacientes, 269 estão em leitos de unidade de terapia intensiva (UTI), o maior número desde 2 de outubro do ano passado.
A rápida disseminação da doença também causou uma alta na demanda por testes. A Secretaria Municipal de Saúde afirma que ampliou sua capacidade de testagem em 48 vezes e já realizou cerca de 600 mil testes desde o início do ano. “Nesse momento de grande demanda nos postos da rede municipal e da alta taxa de transmissão da variante Ômicron, a orientação é que preferencialmente pessoas sintomáticas procurem se testar para não sobrecarregar o sistema de saúde e para evitar a exposição ao vírus”, recomenda a SMS.
O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia no Rio de Janeiro, Rodrigo Lins, ressalta que o cenário requer que a população mantenha as medidas preventivas, como o uso de máscara e distanciamento social, e busque completar o esquema vacinal, com segunda dose, quando for o caso, e dose de reforço. Por parte do poder público, ele afirma que é preciso ter atenção para garantir que haja equipes de saúde suficientes e capacitadas para atender a esse maior número de casos.
“Vemos um aumento do número de pacientes internados, sendo a maior parte deles de pessoas que têm menos vacinas, uma boa parte não vacinados ou só com uma dose”, afirma ele, que lembra que a alta circulação do vírus também acaba infectando pacientes com outros problemas de saúde. “O hospital acaba tendo que internar para tratar não só a covid-19, mas a descompensação de outras doenças que ele já tinha”.
O infectologista avalia que a expansão da Ômicron foi potencializada pelas festas de fim de ano, marcadas por aglomerações e reuniões familiares, e afirma que é impossível estimar quando a variante vai atingir o ponto máximo de sua transmissão. “Houve uma subida muito alta, a curva é muito íngreme, e a tendência dessas curvas muito íngremes é ter uma queda também abrupta. Isso foi visto em outros países como a África do Sul”.