O número de mortes em decorrência da aids (síndrome da imunodeficiência adquirida) caiu 74% no estado de São Paulo, 24 anos depois do pico de óbitos pela doença. Segundo o Panorama de Mortalidade por Aids no estado de São Paulo, contido na nova edição da série SP Demográfico, elaborada pela Fundação Seade ( Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados Estatísticos), houve 2.049 mortes em 2019, 5.690 a menos em comparação com o total de 1995, quando foi atingido o recorde histórico de 7.739 de óbitos por aids em um ano.
De acordo com o levantamento, em mais de duas décadas, a taxa de mortalidade despencou, caindo de 22,9 óbitos por 100 mil habitantes em 1995 para 4,6 em 2019. A queda foi maior entre o público masculino – 5.850 homens faleceram em 1995 contra 1.397 em 2019, uma redução de 76,1%. Entre as mulheres, a queda foi de 65,4%, com 1.889 óbitos contra 652 nesses anos. Conforme as análises da fundação, os números indicam que houve mudança de comportamento sexual, já que as mortes ocorriam mais entre homens, com a proporção de seis óbitos entre eles para um entre mulheres em 1990, caindo para três para um em 1995 e mantendo-se em dois para um até 2019.
A fundação diz que a queda nos números deve-se às estratégias de prevenção, testagem e tratamento para controle da doença, principalmente depois da descoberta dos antirretrovirais em meados da década de 1990. “A descoberta precoce da doença e utilização dos medicamentos adequadamente, em tempo oportuno, tem auxiliado na redução do agravamento da doença e, consequentemente, da mortalidade, aumentando assim a expectativa de vida para os que vivem e convivem com a doença, para a qual ainda não foi identificada a cura.”
O coordenador do Programa Estadual DST/Aids-SP, Alexandre Gonçalves, lembrou que, quando o primeiro caso da doença foi descoberto em 1980, a doença ainda não tinha tratamento ou cura, mas, ao longo dos anos, diversos estudos e projetos científicos foram criados e contribuíram para o surgimento de um tratamento, e esses estudos continuam visando à descoberta da cura.
“Enquanto isso não acontece, seguiremos focados na prevenção e no tratamento com medicamentos, pois nosso objetivo é que todos tenham acesso a um cuidado adequado e possam continuar a viver, porque é possível viver mesmo tendo a doença. O tratamento é o caminho, e é fundamental que os pacientes sigam corretamente, pois, só assim, veremos esses índices terem ainda mais queda ao longo dos anos”, disse Gonçalves.
Ele ressaltou que o Centro de Referência e Treinamento DST/Aids-SP, criado em 1988, tem lutado para que medidas de prevenção, testagem e tratamento estejam disponíveis para todos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) em São Paulo, ampliando seu alcance e servindo de exemplo para diversos estados. “Temos lutado a cada ano para melhorar a vida das pessoas que têm aids e evitar que mais pessoas adoeçam, destacando sempre a importância da prevenção.”
Ainda segundo os dados da Fundação Seade, a mortalidade por aids caiu nas 17 regiões do estado em 2019.
Na comparação com 1995, além do Vale do Ribeira (Registro), as taxas ficaram abaixo de 4,9 em dez regiões: Grande São Paulo, Araçatuba, Bauru, Campinas, Franca, Marília, Piracicaba, Presidente Prudente, Registro, São João da Boa Vista e Sorocaba. E seis regiões que ultrapassaram a proporção de 20 óbitos por 100 mil habitantes 24 anos atrás, hoje têm taxas inferiores a oito: Baixada Santista (7,6), Barretos (5,7), Araraquara (5,5), Vale do Paraíba (5,5), São José do Rio Preto (5,2) e Ribeirão Preto (5,1).