Após uma interrupção para tentar solucionar a crise que afeta o sistema de distribuição de água na região metropolitana do Rio de Janeiro, a Estação de Tratamento de Água (ETA) Guandu foi religada hoje (7) pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), estatal vinculada ao governo estadual que responde pelo serviço. A situação decorre da alteração do gosto e do sabor da água que chega na torneira dos moradores de diversos bairros.
A operação da estação foi prevista para ser interrompida às 18h de ontem (6) e retomada às 5h desta manhã. Segundo a Cedae, trata-se de um plano de contingência. “A ação consiste na abertura das comportas para o escoamento com maior volume e velocidade, renovando parcialmente a água da lagoa”, informou.
Segundo a Cedae, a crise é causada pelo aumento da proliferação de algas e cianobactérias nos mananciais que desaguam na Estação Guandu, as quais seriam responsáveis por liberar substâncias como a geosmina e o 2-metilisoborneol (2-MIB), que conferem à água um cheiro e um sabor de terra molhada. Há duas semanas, quando o problema teve início, o governador em exercício, Cláudio Castro, realizou uma reunião de emergência com técnicos da Cedae para cobrar explicações.
Em comunicado divulgado ontem (6), a Cedae afirmou que as concentrações de geosmina e 2-MIB na água tratada estavam baixas, mas reconheceu que a quantidade de algas na lagoa próxima à estação de tratamento vinha crescendo nos últimos dias. “Três fatores levam à proliferação de algas nos mananciais: água parada, presença de nutrientes e luz solar. O fenômeno ocorre com maior frequência no verão, exigindo medidas preventivas para manutenção da qualidade da água que sai das estações de tratamento”, disse a estatal.
Por conta a suspensão temporária do funcionamento da Estação Guandu, a Cedae alertou que pode haver desabastecimento em áreas de ponta do sistema e recomendou que sejam adiadas tarefas não essenciais que exijam grande consumo de água. A normalização pode levar até 48 horas e um esquema especial foi montado pela estatal para atender hospitais e outros serviços essenciais com carros-pipa, caso haja necessidade.
Na última quinta-feira (4), o Ministério Público (MPRJ) e a Defensoria Pública do Rio de Janeiro moveram uma ação judicial contra a Cedae pleiteando desconto na conta dos consumidores e a fixação de prazos para a solução do problema. Também foi pedida a apresentação de relatórios das reclamações recebidas pela estatal, o que seria utilizado para calcular o valor da multa a ser aplicada. A Justiça decidiu ontem (6) que a Cedae deve disponibilizar esses documentos. Também foi determinado a ela que apresente explicação detalhada acerca do método de análise dos parâmetros de gosto e odor.
Segundo a Cedae, o consumo de água com geosmina e 2-MIB não traz risco à saúde dos consumidores. Situação similar já havia ocorrido no início do ano passado, quando o problema demorou mais de um mês para ser solucionado. Na ocasião, a Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do estado (Agenersa) aplicou uma multa de R$ 5,7 milhões na Cedae.