Citação do parlamentar na delação premiada de ex-policial levanta novos questionamentos sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes.
Clayton Lima, Nitro News Brasil – 20 de março de 2024, 13h29
O Supremo Tribunal Federal (STF) viu-se imerso em um novo capítulo do controverso caso Marielle Franco com a recente homologação da delação premiada de Ronnie Lessa, ex-policial militar responsável pelos disparos que vitimaram a vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes. No epicentro dessa reviravolta está o nome do deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ), citado por Lessa em seu depoimento. Em meio a negações veementes por parte do político, a menção a seu nome foi suficiente para levar o caso a tramitar no mais alto tribunal do país.
Após seis longos anos de investigações, os esforços para desvendar os intricados detalhes por trás do assassinato de Marielle e Anderson parecem estar convergindo para um desfecho. A última etapa da apuração concentra-se na identificação e acusação dos mandantes do crime, na elucidação da motivação por trás dos assassinatos e na exposição daqueles que, desde os primórdios das investigações, trabalharam ativamente para obstruir a busca pela verdade.
Chiquinho Brazão, irmão do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Domingos Brazão, também mencionado por Ronnie Lessa, tem sua trajetória entrelaçada com o caso Marielle desde seus primórdios, negando enfaticamente qualquer envolvimento. Durante sua passagem pela Câmara Municipal, onde ocupava o cargo de vereador, Brazão prestou depoimento à Delegacia de Homicídios nas primeiras semanas após o crime. No entanto, uma reviravolta sinistra se deu no mesmo dia de seu depoimento, quando uma denúncia anônima buscava incriminar um adversário político de sua família, o ex-vereador Marcelo Siciliano, e o miliciano Orlando Curicica.
O contexto em que se dá a menção de Brazão na delação de Ronnie Lessa lança novas sombras sobre um caso já envolto em mistérios e reviravoltas. Em 2019, um relatório da Polícia Federal evidenciou a plantação de testemunhas falsas na tentativa de relacionar Siciliano ao assassinato de Marielle, evidenciando os meandros sombrios que permeiam essa trama complexa.
Depoimento do Deputado
Indagado sobre seu relacionamento com Marielle, Chiquinho Brazão afirmou que “nunca manteve relacionamento pessoal com a mesma, somente dentro do parlamento”, acrescentando que tomou conhecimento de sua morte enquanto jantava com outro vereador, na Barra da Tijuca.
Posicionamento Oficial
Por meio de nota oficial, o deputado Chiquinho Brazão rebateu as insinuações, declarando que “a despeito das hipóteses levantadas pela mídia e da falta de idoneidade do relato de um criminoso que fez dos assassinatos sua forma de vida, coloca-se à disposição das autoridades para todo e qualquer esclarecimento, ao passo em que, com serenidade e amparado pela verdade, aguarda o esclarecimento dos fatos”.
A inclusão do nome de Chiquinho Brazão na delação de Ronnie Lessa coloca uma nova camada de complexidade em torno do caso Marielle, lançando luz sobre possíveis conexões políticas e interesses ocultos por trás do brutal assassinato da vereadora e seu motorista. Enquanto o país aguarda os desdobramentos dessas revelações, o clamor por justiça para Marielle e Anderson permanece tão vigoroso quanto no dia em que foram covardemente silenciados.