Deputado Da Cunha admite agressão verbal, mas nega violência física contra ex-mulher

Delegado Carlos Alberto da Cunha (PP-SP) é acusado de agressão pela ex-companheira Betina Raísa Grusiecki Marques em episódio ocorrido em Santos (SP) em outubro de 2023.

O deputado federal e delegado Carlos Alberto da Cunha (PP-SP) admitiu ter agredido verbalmente a ex-companheira Betina Raísa Grusiecki Marques, mas negou agressões físicas. O advogado do deputado, Eugênio Malavasi, lamentou o vazamento do material. Em nota enviada ao UOL, a defesa de Da Cunha disse que o deputado agiu “apenas para contê-la”. Segundo Malavasi, o caso corre em segredo de Justiça.

Agressões verbais foram “fruto de ríspida discussão”, diz advogado. Segundo a defesa, as ameaças e xingamentos que aparecem em um vídeo divulgado pelo “Fantástico”, da TV Globo, são “fruto de uma ríspida discussão conjugal e, agora, expostas por meio de uma gravação claramente premeditada”, diz a nota.

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Ele diz que não agrediu a ex-companheira fisicamente. A defesa dele diz, por meio de nota, que o deputado agiu “apenas para conte-la”. Na versão do advogado, “ele sim, [foi] atingido de forma violenta, causando-lhe grave ferimento na cabeça.”

Em depoimento à Justiça, a ex-mulher de Da Cunha, Betina Raísa Grusiecki Marques, disse que ele a agrediu. O caso ocorreu em 14 de outubro de 2023, em um apartamento em Santos (SP). A defesa de Da Cunha também disse que os exames não constataram lesões.

“Danos patrimoniais foram causados sob forte emoção”, disse a defesa. Segundo o advogado, Da Cunha “se prontificou, desde o início, a ressarcir tais prejuízos, antes mesmo das medidas protetivas impostas pela Justiça”.

O conteúdo principal da gravação é o áudio. O vídeo, gravado de um celular que estava em uma bolsa, mostra poucas imagens. É possível ver Betina e Da Cunha algumas vezes. Em seguida, é possível ouvir um barulho. Betina disse em audiência que, nesse momento, foi empurrada com força e sufocada por Da Cunha. Ela teria perdido a consciência.

Transcrição do áudio:

Da Cunha: Vai correndo para casa da mamãezinha.

Betina: Não. Não vou para casa da mamãe.

Da Cunha: Pode parar. Pode parar, senão vou te matar aqui.

Betina: Vai me matar?

Da Cunha: Matar.

Betina: Ah, então mata.

Agressão e perda de consciência, segundo a mulher. Em seguida, é possível ouvir um barulho. Betina disse em audiência que, nesse momento, foi empurrada com força e sufocada por Da Cunha. Ela teria perdido a consciência. Ao recobrar os sentidos, Betina teria sido agredida outra vez por Da Cunha. O deputado teria batido a cabeça dela contra a parede. No vídeo, é possível ouvi-lo dizendo:

Da Cunha: Desmaia aí. A tua conta já deu. A tua conta já deu.

Betina: Me solta. Chama a polícia. Chama a polícia. Sai.

Na audiência, Betina diz que bateu com um secador contra a cabeça de Da Cunha para parar as agressões. O deputado começou a sangrar. Em seguida, Betina teria chamado os filhos do deputado, que ficaram desesperados ao ver o sangue. Da Cunha disse, também em audiência, que “em momento nenhum” bateu a cabeça de Betina na parede. Ele abriu um boletim de ocorrência contra ela pelo ferimento com o secador. O Ministério Público concluiu que Betina agiu em legítima defesa. O IML atestou que Betina tinha escoriação no couro cabeludo e lesões corporais leves.

Áudio mostra que Da Cunha propôs um acordo para caso não ser divulgado.

Gravado após o episódio, ele mostra uma conversa entre Da Cunha e a mãe de Betina. O deputado disse que Betina não deveria divulgar o vídeo, ou ele iria “perder o mandato”.

Mãe de Betina: A minha filha tem moral. A minha filha é íntegra.

Da Cunha: Queria que você conversasse com ela para não lançar esse vídeo, porque esse vídeo acaba com minha vida. Colocar um vídeo desse, eu vou perder o meu mandato.

O deputado poderá responder na Justiça por três crimes: de ameaça, dano qualificado e lesão corporal decorrente da violência doméstica, segundo noticiou o “Fantástico”.

Trecho do boletim de ocorrência registrado por Betina no dia dos fatos:

“Hoje o autor, após consumir bebida alcoólica, promoveu uma discussão e atacou a sua honra, dizendo ‘putinha, não serve para nada, lixo’, passando a bater a sua cabeça na parede, e apertando o seu pescoço, vindo a vítima a desmaiar e, ao recordar, ele veio novamente em sua direção, e a vítima jogou um secador na cabeça dele, neste interregno, ele bate sua cabeça novamente na parede e disse: ‘Vou encher de tiros a sua cabeça, vou te matar e vou matar a sua mãe’, quebrando seus óculos e jogando cloro nas roupas da vítima.”

Quem são Da Cunha e Betina:

Carlos Alberto Da Cunha, 46, é delegado da Polícia Civil de SP. Em 2022, ele foi eleito para o seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados, com 181.568