O primeiro debate do segundo turno entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), realizado na noite desta segunda-feira (14), foi intenso e marcado por momentos inusitados. O debate, transmitido pela Band, contou com acusações mútuas, um abraço simbólico e a polêmica sobre o apagão que deixou parte da cidade sem luz.
O apagão como centro do debate
O debate começou com um tom forte quando Boulos cobrou ações de Nunes em relação ao apagão, ocorrido na última sexta-feira (11), que afetou 340 mil imóveis na capital. Boulos criticou a gestão municipal, responsabilizando o atual prefeito pela falta de respostas imediatas. Nunes, por sua vez, defendeu seu trabalho e afirmou que “trabalhou dia e noite” para resolver o problema, ao mesmo tempo em que também criticou a concessionária Enel, responsável pela distribuição de energia.
A discussão sobre o apagão trouxe à tona menções a figuras políticas de peso, como Lula e Bolsonaro. Nunes afirmou que é responsabilidade do governo federal rescindir o contrato com a Enel, enquanto Boulos destacou que o presidente da Aneel, Sandoval Feitosa, foi indicado por Bolsonaro, sugerindo que o prefeito deveria redirecionar suas cobranças ao ex-presidente.
Troca de farpas e embates diretos
A dinâmica do debate, que seguiu o modelo de banco de tempo e permitiu trânsito livre pelo estúdio, favoreceu momentos de confronto direto entre os dois candidatos. Em determinado momento, Nunes desafiou Boulos a abrir seu sigilo bancário, insinuando envolvimento do psolista em irregularidades ligadas à máfia das creches. Boulos rebateu, pedindo que o prefeito também fizesse o mesmo. A troca de alfinetadas foi constante, e até um abraço desconcertante ocorreu durante uma das falas de Nunes, que tentou intimidar Boulos com a proximidade.
Os temas abordados no debate foram amplos, indo desde saúde pública, segurança, mobilidade urbana, até a situação das pessoas em condição de rua. Ambos os candidatos também acenaram aos eleitores de Pablo Marçal (PRTB), oferecendo propostas voltadas para motoristas de aplicativo e empreendedores, buscando conquistar essa fatia do eleitorado.
Nunes x Boulos: Defesa da saída da Enel
Apesar das constantes divergências, os dois candidatos concordaram em um ponto: a necessidade de retirar a Enel da cidade. Nunes e Boulos criticaram duramente a atuação da concessionária, com o atual prefeito afirmando que é “inaceitável” o que a empresa tem feito, enquanto o psolista prometeu “ter pulso” para removê-la caso seja eleito. O tom firme de ambos em relação à concessionária foi um dos momentos de consenso no acalorado encontro.
Outro tema que esquentou o debate foi a experiência de gestão. Nunes usou a oportunidade para destacar sua vivência como prefeito, afirmando que “a experiência pesa” e isso seria um dos motivos para estar à frente nas pesquisas. Boulos, por sua vez, devolveu a crítica, destacando que não queria “a experiência de corrupção e incompetência” do adversário em sua trajetória política.
Pesquisas e próximos encontros
Segundo a última pesquisa Datafolha, Ricardo Nunes aparece com 55% das intenções de voto, enquanto Guilherme Boulos tem 33%. O segundo turno das eleições está marcado para o dia 27 de outubro, e a disputa segue acirrada. Um novo debate será realizado na quinta-feira (16), organizado por UOL, Folha e RedeTV!, o que promete ser mais um embate direto entre os candidatos.
O próximo debate ocorrerá às 10h20 e será transmitido nos canais digitais do UOL, onde os eleitores poderão acompanhar de perto as novas propostas e as trocas de acusações entre Nunes e Boulos.
O que esperar do segundo turno?
Com o segundo turno cada vez mais próximo, a tensão entre os candidatos tende a aumentar. O embate direto entre Nunes e Boulos coloca em evidência dois projetos distintos para São Paulo. Enquanto Nunes busca a continuidade de sua gestão, defendendo sua experiência, Boulos tenta apresentar uma alternativa, com foco em renovação e transparência.
O próximo debate promete novos momentos de confrontos, com ambos tentando conquistar os eleitores indecisos e definir o futuro da capital paulista.