Anderson Torres contesta resultados apresentados por empresas e diz que institutos podem ter divulgado pesquisas fraudulentas
Augusto Fernandes, do R7, em Brasília e Clébio Cavagnolle, da Record
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, determinou, nesta terça-feira (4), que a Polícia Federal abra uma investigação sobre institutos de pesquisa de intenção de voto que erraram as previsões para as eleições deste ano.
“Resultados muito discrepantes, números que destoaram muito da realidade, do resultado final da eleição. É uma dúvida que a população brasileira tem. Tem sido muito questionado a metodologia dos institutos de pesquisa. Então, por precaução e até para apurar se houve alguma conduta criminosa nesse resultado por parte de alguma dessas empresas, nós determinamos a instalação do inquérito pela Polícia Federal”, afirmou Torres, em entrevista à Record TV.
As principais empresas do país que fazem levantamentos sobre a preferência do eleitorado brasileiro erraram diversas previsões para o primeiro turno deste ano, que aconteceu no domingo (2). Algumas amostras, por exemplo, davam menos de 40% dos votos para o presidente Jair Bolsonaro (PL) e apontaram a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhar sem a necessidade de segundo turno, o que não aconteceu.
Para que o Ministério da Justiça comunique a PF sobre a necessidade de investigação, é necessário que ocorra uma representação por parte de alguém que se sinta prejudicado. No caso dos institutos de pesquisa, a comunicação de crime foi protocolada pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
Segundo Torres, os institutos de pesquisa podem ter incorrido em divulgação fraudulenta de pesquisa eleitoral, crime previsto na lei das eleições. “É um crime que, em tese, induz as pessoas a tomar a sua decisão. Fere o direito constitucional do voto, da livre decisão do cidadão. Então, é extremamente importante a apuração para evitar esse tipo de conduta. Se realmente houve, precisa ser investigado e precisa ser punido.”
De acordo com o ministro, uma das intenções do inquérito é dar mais segurança ao eleitor. “É uma atividade feita por empresas e a gente precisa entender isso. Para que a população tenha tranquilidade. Em uma era que se fala tanto de fake news, se uma pesquisa é falsa, fraudulenta, não tem fake news maior do que essa em um momento tão importante para a nação quanto é a eleição. A eleição presidencial principalmente, que vai decidir o rumo do país”, frisou.
“Toda eleição existe esse questionamento. Toda eleição nós temos esses resultados discrepantes das pesquisas e nós precisamos encerrar isso no Brasil. Entender essa metodologia, ver se isso realmente está funcionando. Acho que o inquérito policial é um instrumento adequado para isso”, completou Torres.
No Congresso, deputados e senadores demonstraram insatisfação com a falta de assertividade dos institutos. Parlamentares da base do governo prometeram pedir a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as empresas.
Além disso, o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), afirmou ao R7 que pretende apresentar um projeto de lei para punir institutos de pesquisa que errarem resultados de eleições no Brasil.
De acordo com Barros, o desempenho das empresas preocupa. Por isso, ele defende uma reação do Congresso. “Vamos discutir, ainda esse ano, um projeto para criminalizar pesquisas que não batam com o resultado das eleições ou que fiquem fora da margem de erro, com cadeia e multa”, detalhou.
Fonte: R7