No Jornal Nacional, Lula defende governo Dilma e diz; a ‘Lava Jato ultrapassou limite da investigação e entrou no limite da política’

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Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência da República, afirmou durante a sabatina ao Jornal Nacional (JN) na noite desta quinta-feira, 25, que a Operação Lava Jato cometeu equívocos que a fizeram ultrapassar os limites da investigação para a política. Lula, ex-presidente da República, foi o terceiro candidato entrevistado na série de sabatinas realizadas pelo telejornal.

“A Lava Jato  ultrapassou o limite da investigação e entrou no limite da política. O objetivo era o Lula. Eu quero voltar a presidente da República e qualquer hipótese de uma pessoa cometer crime que ela seja investigada e julgada”, disse o candidato.

O âncora do jornal, William Bonner, iniciou a sabatina de 40 minutos de Lula questionando sobre os casos de corrupção envolvendo os ex-governos do petista, sobretudo com relação aos escândalos da Petrobras.

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Lula admitiu ter havido corrupção na Petrobras: “Você não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram”, disse Lula, em relação aos escândalos na Petrobras durante os governos petistas.

Bonner questionou como Lula faria para que casos de corrupção não se repetissem em um eventual futuro governo, mas ele não respondeu o que pretende fazer para evitar novos escândalos em caso de vitória.

“A corrupção só aparece quando a gente permite que seja investigada. A gente lutou contra o crime organizado, contra a lavagem de dinheiro, criamos o Coaf e colocamos o CAD a combater os cartéis, além do que a Polícia Federal recebeu mais liberdade que em qualquer outro momento na história. Só existe uma possibilidade de alguém não ser investigado, que é não cometer crime”, disse o petista.

O candidato do PT à Presidência da República criticou as decisões do ex-juiz Sérgio Moro, que foi responsável pela sua condenação na operação Lava Jato. Lula ficou preso em Curitiba por mais de dois anos. Entre 2017 e 2019, o ex-presidente Lula foi condenado, por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, em três instâncias, julgado por nove juízes, mas em 2021 teve as sentenças anuladas por Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), em razão de entendimento de erro processual por incompetência de foro. Em janeiro deste ano, a 12ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal arquivou ação contra Lula, em razão da extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva estatal.

Em junho de 2021, o STF considerou Sergio Moro parcial no caso do triplex e anulou também aquela condenação. O entendimento sobre a parcialidade se estendeu a outros processos e todas as ações voltaram à estaca zero.

Durante a sabatina, Lula evitou se comprometer com uma futura indicação do Procurador-Geral da República, mas afirmou que irá manter a indicação por meio da lista tríplice, como foi feito nos seus governos anteriores.

“As medidas estão colocadas. Eu poderia ter procurado um procurador engavetador, eu não fiz isso. Eu podia ter escolhido que a Polícia Federal tivesse um delegado que eu pudesse controlar, eu não fiz. Vamos continuar a criar mecanismos para a investigar qualquer delito na máquina pública. Eu poderia fazer decreto de 100 anos, que está na moda agora e nada ser apurado. Mas a corrupção só aparece quando você governa de forma republicana”, disse o candidato.

As sabatinas

Um sorteio em 1º de agosto definiu Bolsonaro como o primeiro candidato a ser entrevistado pelo Jornal Nacional, no estúdio da Globo no Rio de Janeiro.  O Jornal Nacional começa às 20h30, e as entrevistas com os presidenciáveis devem durar 40 minutos, com condução dos apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos.

Segundo a Globo, foram convidados, além de Bolsonaro, os outros quatro candidatos mais bem colocados em pesquisas de intenção de voto. Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) vão estar nos estúdios do Jornal Nacional para ser entrevistados por Bonner e Renata Vansconcellos.