PF faz buscas contra empresários acusados de compartilharem mensagens golpistas no WhatsApp

Ordem foi determinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. Luciano Hang, dono da Havan, e José Koury, dono do Barra World, estão entre os envolvidos

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A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão nesta terça-feira contra oito empresários bolsonaristas que compartilharam mensagens golpistas em um grupo de WhatsApp. A ordem foi determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

De acordo com a colunista Bela Megale, Moraes só intimou o procurador-geral da República, Augusto Aras, sobre a operação contra empresários bolsonaristas nesta segunda-feira, véspera da ação ser deflagrada. O fato causou grande desconforto na cúpula do órgão, porque a decisão do ministro sobre as buscas já estava tomada e a operação planejada, quando a intimação chegou à PGR.

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Os diálogos foram revelados pelo site “Metrópoles”. A lista de alvos inclui o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, e Meyer Nigri, da Tecnisa. Também são alvos os empresários Afrânio Barreira Filho, Ivan Wrobel, José Isaac Peres, José Koury, Luiz André Tissot e Marco Aurélio Raymundo. Os mandados são cumpridos em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará.

Entenda

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro do mundo empresarial criaram um grupo de WhatsApp chamado “Empresários & Política”, no ano passado, e, recentemente, passaram a defender abertamente um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja eleito. As trocas de mensagens, reveladas pelo site Metrópoles, mostram que, no dia 31 de julho, o discurso de grandes empresários brasileiros a favor do golpe se intensificou, além de ataques ao STF e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

No grupo formado, entre outros, por Luciano Hang, dono da Havan; Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu; José Isaac Peres, dono da gigante de shoppings Multiplan; José Koury, dono do Barra World Shopping, no Rio de Janeiro; Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia; André Trissot, do Grupo Sierra, de móveis de luxo, e Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca de surfwear Mormaii, Koury foi o primeiro a abordar diretamente o tema na tarde do dia 31 de julho.

Na ocasião, Koury disse que preferia a ruptura democrática à volta do PT ao governo. “Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”, publicou.

Em resposta à Koury, Morongo, da Mormaii, escreveu: “Golpe foi soltar o presidiário!!! Golpe é o ‘supremo’ agir fora da constituição! Golpe é a velha mídia só falar merda”.

Por último, André Tissot disse que uma intervenção já deveria ter ocorrido. “O golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo. (Em) 2019 teríamos ganhado outros 10 anos a mais”.

O assunto do golpe foi iniciado após mensagem enviada por Ivan Wrobel, da W3, que se apresentou ao grupo como eleitor de Bolsonaro e trouxe à tona às manifestações do 7 de setembro. “Quero ver se o STF tem coragem de fraudar as eleições após um desfile militar na Av. Atlântica com as tropas aplaudidas pelo público”, disse em referência ao ato que Bolsonaro queria levar para a Avenida Atlântica, mas será restrito às proximidades do Forte de Copacabana.

Em dias anteriores, alguns empresários atacaram o sistema eleitoral, o STF e o TSE. O empreiteiro Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, demonstrou desconfiança em relação às urnas ao encaminhar um texto com ataques ao Supremo, com os dizeres: “Leitura obrigatória”. O STF será o responsável por uma guerra civil no Brasil”.

No mesmo dia, o alvo do ataque foram as pesquisas eleitorais por parte do empresário José Isaac Peres. Acionista majoritário da Multiplan, administradora de shoppings no país, disse que Bolsonaro pode perder nas urnas. “O TSE é uma costela do Supremo, que tem 10 ministros petistas. Bolsonaro ganha nos votos, mas pode perder nas urnas. Até agora, milhões de votos anulados nas últimas eleições correm em segredo de Justiça. Não houve explicação”.

“Sigo tranquilo, pois estou ao lado da verdade e com a consciência limpa. Desde que me tornei ativista político prego a democracia e a liberdade de pensamento e expressão, para que tenhamos um país mais justo e livre para todos os brasileiros”, declarou.

Em resposta ao GLOBO, o empresário Luciano Hang disse fazer parte do grupo e nega ter falado sobre golpe ou sobre o Supremo. “Eu faço parte de um grupo de 250 empresários, de diversas correntes políticas, e cada um tem o seu ponto de vista. Que eu saiba, no Brasil, ainda não existe crime de pensamento e opinião. Em minhas mensagens em um grupo fechado de WhatsApp está claro que eu NUNCA, em momento algum falei sobre Golpe ou sobre STF”, declarou.

Fonte; O Globo

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