Kamala Harris colocou adversário na defensiva com tom mais assertivo e agressivo, enquanto Donald Trump insistiu na narrativa anti-imigração e foi corrigido diversas vezes pelos apresentadores.
O primeiro debate entre Donald Trump e Kamala Harris, na noite desta terça-feira (11), foi marcado por trocas de acusações em temas centrais da corrida à Casa Branca, como economia, aborto, guerras e imigração. Realizado pela rede de TV ABC na Filadélfia, o enfrentamento durou pouco mais de 90 minutos e foi o primeiro encontro direto entre o republicano e a democrata.
Kamala, com um tom assertivo e agressivo, colocou o adversário na defensiva. A vice-presidente dos EUA criticou duramente o legado de Trump, especialmente sobre a economia e a gestão da pandemia de Covid-19. Segundo Kamala, ela passou os últimos anos “limpando a bagunça de Donald Trump”, acusando-o de deixar o país em crise com altas taxas de desemprego.
Aborto e economia dominam o início do debate
No início do debate, Kamala foi enfática ao abordar a questão do aborto, acusando Trump de planejar um “banimento nacional do direito ao aborto”. Trump negou, mas foi menos assertivo no tema. A candidata democrata também atacou Trump ao falar de economia, afirmando que “veio da classe média e governará para a classe média”, enquanto o bilionário “governaria para si mesmo”.
Trump, por outro lado, tentou se manter no centro das atenções ao conectar Kamala Harris à gestão de Joe Biden, dizendo repetidamente que “Kamala é Biden”, em uma tentativa de vincular sua adversária às críticas ao presidente atual. No entanto, Harris se defendeu afirmando que “claramente, eu não sou Biden, e certamente não sou Donald Trump”.
Trump foca em imigração e faz declarações polêmicas
Donald Trump insistiu em sua conhecida narrativa anti-imigração, afirmando que os EUA estão sendo “invadidos por criminosos”. Em cinco ocasiões, o ex-presidente repetiu o discurso, incluindo uma alegação polêmica de que “imigrantes estão comendo cachorros de norte-americanos”. A afirmação foi prontamente desmentida pelos apresentadores do debate.
Além disso, Trump culpou Kamala pela política migratória que ele considera falha, destacando os recordes de entrada de imigrantes ilegais nos últimos meses. Ele também acusou a candidata de querer realizar “operações transgênero pelo país” e a chamou de “marxista”, sugerindo que os EUA se tornariam “uma Venezuela com anabolizantes” caso Harris vencesse.
Guerra em Gaza e na Ucrânia: divergências entre os candidatos
Outro momento importante do debate foi quando o tema da guerra em Gaza e da invasão da Ucrânia veio à tona. Kamala Harris foi cautelosa ao tratar de Gaza, afirmando que defende o direito de defesa de Israel, mas lamentou o número de vidas perdidas no conflito. Ela também reforçou o apoio a uma solução de dois Estados.
Trump, por sua vez, foi direto ao afirmar que, se fosse presidente, “a guerra na Ucrânia nunca teria começado” e que tem “um bom relacionamento” tanto com Vladimir Putin quanto com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Ele afirmou que, se eleito, acabaria com a guerra rapidamente.
Kamala defendeu a gestão de Biden no conflito ucraniano, lembrando que “se não fosse por Biden, Putin estaria sentado na Europa”, enquanto Trump tentou ligar Harris a figuras polêmicas como Putin, afirmando que “ela admira ditadores”.
Estratégias diferentes de preparação para o debate
Antes do debate, os candidatos adotaram abordagens diferentes para se preparar. Kamala Harris passou o fim de semana em intenso treinamento, focando em respostas rápidas e um tom mais agressivo para enfrentar Trump. O treinamento incluiu a proibição de comunicação com sua equipe e o uso de anotações durante o debate, uma regra que também valeu para Trump.
Trump, experiente em debates e oratória, afirmou que não se preparou de forma específica para o evento, preferindo fazer campanha em estados-chave, como a Pensilvânia, onde o apoio dos eleitores ainda está indeciso.
Este primeiro debate presidencial entre Kamala Harris e Donald Trump foi marcado por ataques pessoais e divergências profundas em questões como aborto, imigração e as guerras em Gaza e Ucrânia. Kamala Harris mostrou-se mais agressiva, enquanto Trump manteve sua estratégia de focar em temas populistas, tentando vincular a adversária ao atual governo Biden.
A disputa acirrada entre os dois candidatos reflete o momento crítico das eleições americanas, que ainda estão em empate técnico nas pesquisas. O desempenho de cada um pode ser decisivo para os rumos da corrida à Casa Branca, especialmente em estados indecisos como a Pensilvânia, onde o debate ocorreu.