Élcio Queiroz revela detalhes sobre a participação de Edimilson “Macalé” no caso Marielle Franco e Anderson Gomes
Em uma delação obtida pela CNN, o policial militar reformado do Rio de Janeiro, Élcio Queiroz, preso na penitenciária federal de Brasília (DF), apontou Edimilson Oliveira da Silva, também conhecido como “Macalé”, como a pessoa que contratou o ex-PM Ronnie Lessa para assassinar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes.
Na delação, Élcio Queiroz afirmou que Edimilson “Macalé”, ex-sargento da PM, foi o responsável por apresentar Ronnie Lessa ao mandante do crime contra Marielle e que esteve presente em todas as operações de vigilância contra a vereadora. No entanto, a investigação chegou tarde demais, pois Edimilson “Macalé” foi assassinado no Rio de Janeiro em 2021, o que dificulta o avanço das apurações.
No inquérito conduzido pela Polícia Federal, também acessado pela CNN, o nome de “Macalé” aparece descrito 23 vezes. A PF considera Edimilson um “novo personagem” no caso, destacando que ele e Ronnie Lessa tiveram nove conversas telefônicas em seis datas distintas antes do duplo homicídio, o que é incomum, já que Lessa não costumava falar ao telefone com frequência.
A relação entre Élcio Queiroz e Ronnie Lessa era de amizade há três décadas, segundo o depoimento do policial reformado. Élcio enfrentava dificuldades financeiras e Ronnie o ajudou, embora Ronnie tivesse uma boa situação financeira própria. O ex-PM tinha quiosques em uma favela de Manguinhos, mas Élcio afirmou que nunca os viu e que Ronnie também se envolvia em atividades ilegais, como o comércio clandestino de internet e máquinas caça-níqueis, que Maxwell Corrêa, ex-bombeiro, também participava como sócio.
Élcio Queiroz detalhou que o carro utilizado no assassinato de Marielle foi recuperado por Ronnie Lessa após uma apreensão. A primeira conversa sobre o homicídio aconteceu durante o réveillon de 2017 para 2018, quando Lessa mencionou que “tinha um trabalho a fazer e o alvo seria uma mulher”. Maxwell já estava posicionado para agir como motorista, enquanto Ronnie ocuparia o banco do carona com uma metralhadora.
De acordo com Élcio, a arma usada no crime pertencia ao Batalhão de Operações Especiais (BOPE) e foi extraviada após um incêndio. No dia do crime, Élcio só soube que o alvo era Marielle no momento em que ela apareceu, mas ele notou que Ronnie tinha algum conhecimento prévio sobre a presença do motorista Anderson Gomes. No momento dos disparos, Ronnie já havia coberto o rosto com uma balaclava.
Após o homicídio, Élcio e Ronnie deixaram o carro na casa do irmão de Lessa e seguiram em um táxi. A intenção inicial era matar somente Marielle, e Élcio afirmou que não viu o rosto da vítima. No dia seguinte, eles trocaram a placa do veículo e Ronnie evitava ligar para a casa de Élcio diretamente, usando outros programas de mensagem para se comunicar.
Élcio ressaltou que, após o crime, ficou “bêbado”. Ele descreveu Ronnie Lessa como uma pessoa precavida, sempre tomando medidas para evitar deixar rastros, como no caso da troca da placa do carro e da comunicação discreta.
Essa delação traz informações cruciais para o avanço das investigações sobre o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, apontando o envolvimento de Edimilson “Macalé” na contratação de Ronnie Lessa para cometer o crime e revelando detalhes sobre a preparação e execução do homicídio. A colaboração de Élcio Queiroz pode ser fundamental para que a justiça seja feita em um dos casos mais emblemáticos da história recente do Brasil.