Emocionado, Messi se despede do Barcelona e despista sobre PSG: ‘Não tenho nada fechado’

Argentino tirou foto com todos os troféus que conquistou pelo clube catalão e também citou Daniel Alves: ‘Pretendo alcançá-lo no número de títulos’

— Foto: ALBERT GEA / REUTERS

Fim de uma era. Nitidamente emocionado, o maior ídolo da história do Barcelona, Lionel Messi, veio a público para falar pela primeira vez sobre o adeus ao clube catalão. O astro argentino marcou uma entrevista coletiva para as 7h (de Brasília), no Camp Nou, a fim de esclarecer a novela que envolveu o longo processo de negociação para renovação contratual — agora frustrado.

— Nesses últimos dias fiquei pensando no que poderia dizer. A verdade é que não consegui pensar em nada. É muito difícil para mim sair depois de tantos anos. Não estava preparado. No ano passado, quando estourou a bagunça do burofax, eu estava (preparado), eu sabia o que tinha a dizer. Mas este ano não. Já tinha convencido a minha família que iríamos continuar, era o que mais queríamos. Nós sempre colocamos nossa vida em primeiro lugar aqui, mas hoje eu tenho que dizer adeus a isso. Depois de muitos anos, cheguei aos 13… depois de 21, vou embora com minha esposa, meus três filhos catalão-argentinos. E não posso estar mais orgulhoso do que fiz — iniciou Messi.

— Sempre dei tudo por esse clube, por essa camisa. Do primeiro dia ao último e saio mais do que satisfeito. Eu teria gostado de dizer adeus de uma forma diferente. Gostaria de me despedir das pessoas, no campo, para ouvir uma última ovação. Eu sentia muita falta do público nesta época de pandemia — completou o agora ex-camisa 10 do Barcelona.

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Na última sexta-feira, o presidente Joan Laporta concedeu uma coletiva para indicar os motivos que impediram que o clube conseguisse assegurar um novo vínculo com o astro. Segundo o clube, obstáculos econômicos e estruturais impediram a assinatura de um novo vínculo de Messi, que teve o último contrato encerrado no dia 30 de junho.

Segundo Laporta, o meia-atacante foi muito solícito durante as negociações e aceitou reduzir seus vencimentos, mas mesmo assim não foi possível um acordo. O argentino confirmou o ocorrido na coletiva.

— O clube tem uma dívida muito grande e não quer endividar-se mais. Estava tudo acertado. Tínhamos tudo combinado. Fiz todo o possível. O clube disse que não podia ser devido a um problema com a La Liga, mas ouvi muitas coisas sobre as razões pelas quais não continuei. No ano passado não queria ficar, mas este ano fiquei. Muitas coisas passam pela minha cabeça, estou um pouco bloqueado.

— Foto: ALBERT GEA / REUTERS

De acordo com a imprensa europeia, o craque argentino pode assinar em breve com o Paris Saint-Germain, que está confiante na sua contratação. Os valores oferecidos ao camisa 10, inclusive, podem superar os vencimentos de Neymar, que atualmente é dono do maior salário do elenco parisiense. O argentino receberá no PSG um salário que ronda os 35 milhões (R$ 215,4 milhões) a 40 milhões de euros (R$ 246,2 milhões) por temporada.

— O PSG é uma possibilidade, mas neste momento não tenho nada com ninguém. Quando saiu o comunicado, recebi várias ligações de clubes interessados. Ainda não há nada fechado, mas estamos conversando — declarou, citando o ex-companheiro Daniel Alves ao falar sobre o futuro:

— Sou um vencedor e quero continuar a competir. Quero continuar assim, somando títulos. A propósito, quero dar os parabéns ao Dani Alves pelo ouro olímpico, vou lutar para alcançá-lo. Essa é a minha mentalidade. Tenho que encontrar meu caminho para continuar competindo e vencendo.

Lionel Messi chegou ao Barcelona com 13 anos e estreou como profissional em outubro de 2004. Marcou 672 gols e anotou 288 assistências em 778 jogos oficiais. Ao todo, o argentino conquistou 35 títulos com a camisa da equipe catalã, dentre eles quatro edições da Liga dos Campeões e 10 do Campeonato Espanhol. Questionado sobre o momento mais feliz na Catalunha, ele não soube responder.

— É muito difícil ficar com um momento. São muitos anos, muitas coisas vividas. Talvez o momento que tive de estrear foi o momento de tudo, foi para realizar o meu sonho. Tudo o que veio depois foi maravilhoso — afirmou.

Confira outras respostas de Messi:

Dor da saída: “Cresci com os valores deste clube e tentei me portar com humildade e respeito, vestindo a camisa do Barça. Quero ser reconhecido por isso além do que fiz em campo. Agradeço pela minha carreira, com os títulos conquistados e também nas derrotas. São imagens muito bonitas

Momento mais difícil da carreira: “Sim, sem dúvida. É o momento mais difícil. Tive muitos momentos difíceis e muitas derrotas, mas isso não volta. É o fim de uma história com esse clube”

Futuro do Barcelona: “Os jogadores vão continuar a vir para o Barça. O clube é mais importante do que qualquer outro e as pessoas vão habituar-se a ele. No início vai ser estranho, mas vieram grandes jogadores e têm um grande elenco”.

Desejo de permanência com Laporta: “A realidade é que quando as eleições aconteceram, eu fui comer com o presidente e conversamos e então fiquei convencido de que iria continuar, que não teríamos nenhum problema. Então aconteceu o que aconteceu. Já sabíamos o que tínhamos planejado fazer”

Foto com jogadores do PSG: “Foi besteira (a foto com os jogadores do PSG). Tinha falado com Di María e Paredes em Ibiza. O Ney também me ligou e disse que estava em Ibiza. Disse que viessem à minha casa. Todos tiramos uma foto, nada mais. Disseram para ir a Paris, mas foi uma coincidência. Foi dada muita importância, não há nada de estranho. Era só uma foto de amigos”

Tinha mais algum desejo com o Barcelona? “Ainda queria ter ganho outra Champions League. Estivemos muito próximos nas semifinais do Liverpool e nas semifinais contra o Chelsea com o Pep. Sempre tentamos dar o nosso melhor, mas é verdade que ficamos com a sensação de que poderíamos ter ganho mais. O meu objetivo é continuar a ganhar alguns campeonatos e tentar buscar o Daniel (Alves). Vou tentar chegar mais perto, pelo menos ”

Entenda a saída de Messi

O Barcelona anunciou na última quinta-feira a saída definitiva de Lionel Messi. Segundo comunicado divulgado pelos espanhóis, o acordo já estava acertado entre as partes, mas “obstáculos econômicos e estruturais” impediram que fosse selado. O cenário ainda é nebuloso, mas tudo indica que tem a ver com as regras do fair-play financeiro, de acordo com declarações recentes do presidente Joan Laporta.

Na Europa, os clubes precisam adequar as suas finanças anualmente, com receitas superiores aos seus gastos. E isso tem que ser feita através de uma prestação de contas à Uefa. A determinação é para impedir lavagem de dinheiro e que clubes menores quebrem ao arriscarem altos investimentos.

O Barcelona é um dos clubes que está tendo problemas pela crise financeira em razão da pandemia da Covid-19 e dos gastos excessivos da última gestão, comandada por Josep Maria Bartomeu. Laporta assumiu a presidência do clube catalão no início deste ano e anunciou uma dívida de 1,2 bilhão de euros (R$ 7 bilhões).

O dirigente também afirmou que a folha de pagamentos do Barcelona chegou a 650 milhões de euros. Isso após a organizadora do Campeonato Espanhol reduzir o teto salarial do Barça de 671 milhões de euros, na temporada retrasada, para 383 milhões de euros, na última.

A primeira ação foi cortar gastos e apostar na dispensa de jogadores, que não se concretizou. Medalhões como Antonie Griezmann, Ousmane Dembelé, Philippe Coutinho, Samuel Umtiti e Maheem Pjanic foram colocados no mercado, mas despertaram pouco interesse. O maior problema: o alto salário pelo clube catalão. Sem saída, não há espaço para assinar a renovação de Messi dentro das regras do fair play financeiro.

De quebra, surgiu a polêmica com a Superliga. Segundo o ‘Marca’, o Barcelona não quis fazer parte do acordo com La Liga com o fundo de investimentos do torneio, porque ficaria “preso” por 40 anos, a troco dos 270 milhões de euros recebidos agora. Aceitar o acordo seria ficar de fora da Superliga Europeia. Porém, os espanhóis precisavam desse dinheiro para acertar as contas com o fair-play financeiro.

Para a temporada 2021/22, o clube se reforçou com Agüero, Depay, Eric Garcia e Emerson, e acertou saídas de Junior Firpo, Todibo, Aleñá, Matheus Fernandes e Trincão. Os que chegaram, vieram de graça. Os que saíram, não geraram dinheiro necessário para investimentos.

FONTE: O GLOBO

 

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