Coluna – Arbitragem cansa tanto quanto o calendário apertado

Dois assuntos pautam a imprensa ao longo do Brasileirão, além, é claro, dos jogos em si: o calendário apertado e a arbitragem. A cada rodada, um deles à frente na preferência popular.

Existem semelhanças nos dois assuntos: ambos cansam e tiram os jogadores de campo. Um pelo aspecto técnico, outro pelo psicológico. Imagino a cabeça do atleta, quando vai a campo para disputar a Copa Libertadores, ou a Copa do Brasil ou o Brasileirão, uma competição a cada semana, em intervalo de três dias. E também como aceitar o comportamento de alguns árbitros, que trabalham com o VAR em alguns jogos e sem ele em outros; que dão faltas seguidas numa partida e, em outras, deixam o jogo seguir; que aplicam cartão a um e não aplicam a outro. Tudo isso é cansativo.

Como falo do calendário volta e meia, hoje vou me dedicar à arbitragem. Que não passa uma rodada, nas quatro séries do Brasileirão, imune a críticas. Já escrevi várias vezes que o árbitro de campo, desde a implantação das câmeras de TV para a transmissão dos jogos, passou a ser o cara mais vigiado e cobrado, mas com a responsabilidade de tomar decisões em frações de segundos, sem qualquer recurso tecnológico. Ele está lá, dedo em riste apontando uma falta, enquanto nós, em casa, vemos e revemos o lance que a câmera insiste em nos mostrar que foi normal. “Que juiz ladrão”, logo será ouvido em algum sofá Brasil afora.

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Quando o árbitro de vídeo está presente no jogo, a situação fica ainda mais tensa. Porque ao ser chamado para rever alguma marcação, o árbitro já sabe que a indicação dele gera controvérsia. E como não aceitar o que o vídeo mostra, não só para ele, como para a torcida? Ou ele vai precisar de muita convicção ou teimosia. Não é brinquedo, não!

É evidente que o nível da arbitragem no Brasil não é excelente, mas eu não diria que é ruim. Vejo, isso sim, uma cobrança excessiva em cima da exposição a que o árbitro é colocado, pelas câmeras e pelo VAR. Na grande maioria dos jogos ele sai como o personagem mais comentado de um jogo, mais até do que os jogadores. E isso não está certo. A questão chama tanto a atenção que a CBF, que já havia mudado o presidente da Comissão de Arbitragem, agora interferiu na estrutura do núcleo, demitindo o responsável pelo VAR.

De que isso vai adiantar? De nada, se não mudar o comportamento dos árbitros de vídeo, mas principalmente o dos árbitros de campo, de forma a haver uma padronização das arbitragens nos jogos. Muito menos se continuarmos com tanta demora na definição de um lance observado pelo VAR.

Como o calendário não vai mudar, fiquemos com a esperança de dias melhores, com uma arbitragem mais justa e assertiva nos jogos do Brasileirão.

* Sergio du Bocage é apresentador do programa No Mundo da Bola, da TV Brasil