Mais um torneio estadual está interrompido devido ao avanço da pandemia do novo coronavírus (covid-19). Nesta sexta-feira (19), a Federação Norte-Rio-Grandense de Futebol (FNF) confirmou a paralisação do Campeonato Potiguar em razão do decreto editado pelo Governo estadual na última quinta-feira (18), com validade a partir deste sábado (20), que suspende atividades não essenciais pelos próximos 15 dias.
Segundo o Regula RN, que informa a situação dos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) no Rio Grande do Norte, mais de 91% das vagas em leitos críticos estão ocupadas e há somente nove disponíveis. Nos leitos clínicos, a taxa de ocupação é de quase 80%. O Estado tem mais de quatro mil óbitos pela covid-19. Conforme o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde potiguar, 63 cidades relataram dificuldade para comprar oxigênio e 13 alegaram que o estoque atual é insuficiente.
Em entrevista coletiva nesta sexta, o presidente da FNF, José Vanildo, reclamou da proibição ao futebol. “Não há um fato que justifique isso, pois já não temos público [nos estádios]. Hoje [sexta], recebi uma ligação do secretário [de Tributação, Carlos Eduardo Xavier], sobre a decisão de suspender o campeonato. Comecei a imaginar a dor dos clubes. A dos times pequenos é insanável. É colocar os clubes na insolvência, até na impossibilidade de continuar [o Estadual]. Não são só 15 dias. São mais 90 dias de contratos, que terão que ser reformulados”, argumentou o dirigente.
Pelo menos nove partidas que estavam previstas para ocorrer a partir de domingo (21) terão que ser remarcadas. A competição tem quatro rodadas disputadas e é liderada pelo América-RN, com 10 pontos, com o ABC em segundo, com sete pontos. Dos oito clubes que participam do Campeonato Potiguar, somente os dois primeiros colocados têm outros compromissos no ano. Ambos são os representantes do Rio Grande do Norte na Série D do Campeonato Brasileiro e jogam também a Copa do Brasil. O Alvinegro disputa, ainda, a Copa do Nordeste.
“E os outros clubes? Como pagarão mais duas folhas de pagamento? A maioria terá que dispensar os jogadores e o campeonato pode parar”, disse o presidente do América, Ricardo Valério, também presente na entrevista, assim como dirigentes de ABC, Palmeira e Santa Cruz-RN.