Júnior Tavares despontou no São Paulo em 2017, sob o comando de Rogério Ceni. Mas, no momento, ele disputa o Campeonato Português e defende o Portimonense, na luta contra o rebaixamento. O jogador já recebeu proposta para permanecer no clube, mas não tem certeza do futuro. E não descarta a possibilidade de voltar ao Morumbi, mesmo que só daqui a um ano. Afinal, ele tem contrato com o Tricolor até junho de 2021.
Nessa entrevista exclusiva à Agência Brasil, ele fala da volta do futebol – Portugal é o segundo país europeu a retornar às competições oficiais depois da pandemia de covid-19 (o primeiro foi a Alemanha, em 16 de maio); da briga pelo título, a nove rodadas do fim da temporada, entre Porto e Benfica; da luta contra o rebaixamento, já que o Portimonense está em penúltimo e, ao lado do Desportivo Aves, o lanterna, seria um dos times rebaixados para a Segunda Liga. Na briga para fugir do descenso, o Portimonense conseguiu uma importante vitória na última rodada: 1 a 0 em casa, sobre o Gil Vicente. Júnior Tavares foi titular nesse jogo.
Agência Brasil: Como foi a volta do campeonato, depois de três meses de paralisação? Você de titular na vitória do Portimonense, mas em jogo sem público.
Júnior Tavares: É muito bom poder voltar a fazer aquilo que a gente gosta. E regressar vencendo é ainda melhor. A gente precisava muito da vitória. Poder jogar entre os titulares e ter essa chance de ajudar o Portimonense e o nosso grupo foi muito bom. Agora é dar sequência na temporada.
Agência Brasil: Como foi para você esse período de paralisação? O dia-a-dia, rotina, treinamentos em casa…
Júnior Tavares: A quarentena foi bastante estranha, cada um na sua casa. Treinamos por vídeos com o acompanhamento da comissão técnica. Nunca tinha passado por nada parecido, foi bem diferente. Mas eu estava focado, sei muito bem aquilo que eu quero. Temos de sair dessa zona de rebaixamento e manter o clube na Primeira Liga. Quando voltamos a trabalhar juntos no gramado, o plantel ficou ainda mais forte e unido.
Agência Brasil: O Lucas Fernandes (ex-São Paulo), que inclusive fez o gol da vitória no jogo da volta, é mais um dos brasileiros do Portimonense. Quantos são no time? Vocês têm bastante contato? E isso ajudou na sua adaptação?
Júnior Tavares: Somos 15 brasileiros no Portimonense. Tem o Dener (meio-campista formado na Portuguesa, com passagem pelo São Paulo), o Lucão (zagueiro formado na base do São Paulo), o Anderson (atacante que saiu do Londrina, na série B, para o Portimonense), o Rômulo (meio-campista, que também jogava a Série B pelo Londrina antes de ir para o Portimonense), o Lucas Fernandes (meia formado na base do São Paulo), o Rodrigo (zagueiro também formado na base do São Paulo). Eu cheguei aqui e me adaptei o mais rápido possível. Já tinha jogado com alguns deles no próprio São Paulo, e os outros eu já tinha enfrentado também aí no Brasil. Então, a adaptação foi realmente rápida.
Agência Brasil: O próximo adversário de vocês vai ser o Benfica. Na semana passada, depois de empatar em casa e deixar escapar a chance de ser líder, os jogadores foram agredidos quando o ônibus em que estavam foi apedrejado. Você chegou a conversar com alguém do Benfica? E como você avalia esse tipo de atitude dos torcedores da equipe da capital?
Júnior Tavares: Essa é uma situação ruim, que não é comum no futebol. Eu acho vergonhoso que os atletas tenham de enfrentar esses atos de vandalismo cometidos por torcedores, ainda mais em um grande clube como o Benfica. É um pouco complicado falar sobre isso, porque não estou jogando lá. Estou um distante, só acompanho pela TV e pelos jornais. Mas acho vergonhoso. Me ponho no lugar deles, no momento em que o clube está brigando pelo título do campeonato, a torcida deveria estar ao lado deles e não fazendo isso. É estranho.
Agência Brasil: E o seu futuro? O vínculo com o Portimonense vai até o final da temporada. O clube está em uma situação muito difícil na tabela. O que você está projetando? Cogita voltar ao Brasil agora?
Júnior Tavares: Estou bem aqui. A fase do time não é nada boa. Mas eu me dou bem com todos por aqui, jogadores, comissão, diretoria. Inclusive, eles me procuraram para tratar da renovação do meu contrato. Mas, pela situação que o clube se encontra, a minha cabeça, agora, está totalmente focada em ajudá-los a sair da zona de rebaixamento. No momento, nem penso em regressar ao Brasil. Vivo aqui na Europa, onde o futebol é diferente. A cultura é diferente. Estou bem por aqui. Hoje a minha cabeça está 100% no Portimonense.
Agência Brasil: O seu contrato com o São Paulo vai até junho de 2021. Você segue acompanhando os jogos? Chega a conversar com alguém do clube atualmente? Você ainda projeta uma volta ao clube em algum momento para reeditar aqueles bons jogos que você fez em 2017, sob o comando do Rogério Ceni?
Júnior Tavares: Sempre que posso vejo os jogos do São Paulo. Converso com alguns amigos que ainda estão por aí. Sei que o time vinha bem antes da parada pela pandemia. O Fernando Diniz estava conseguindo ajustar a equipe. O futebol é dinâmico. Tenho contrato com o clube até o ano que vem. Quem sabe, no futuro, eu volto para o São Paulo e posso repetir aqueles bons jogos que fiz em 2017. Mas no momento estou aqui, com a cabeça focada totalmente em livrar o Portimonense do rebaixamento.