O Flamengo anunciou a contratação de Manu, para a base, um jovem de apenas 14 anos com status de prodígio, pressão e uma trajetória, até aqui, longa para um jovem. Com 9 anos, estava aprovado no Grêmio. Logo, não se apresentou mais no Clube e viajou para a Espanha onde o Barcelona o colocou para treinar em seu CT. O Grêmio foi a Fifa e conseguiu que a entidade brecasse o Menino de assinar com o Barça.
Após o episódio, Manu foi para Portugal e lá o Benfica também tentou apadrinhar o jogador já colocando-o em partidas não oficiais. Mas acabou ameaçado de uma punição mais severa, após duas tentativas de legalizar a situação de Manu na federação local. “As portas, por sua vez, ficaram abertas” de acordo com manifestação dos portugueses.
“Só que a frustração nesses cinco anos foi a questão da inscrição que não foi possível por conta da notificação de um clube brasileiro. Um menor que vá para Europa por motivos futebolísticos não pode ser inscrito. Não dá para entender, mas lei a gente cumpre”, disse o pai do Manu.
Assim, treinando sozinho em Portugal durante a pandemia, viu o Flamengo entrar na história para contrata-lo, enquanto o rival Gaúcho tentava tê-lo de volta. Todavia, o Flamengo anunciou a contratação do Manu e junto com o Grêmio fizeram um acordo em dividir os percentuais do garoto. Isso quando ele tiver na idade de assinar um contrato oficial, que será com 16 anos.
Idas e voltas de Manu
A história de Manu no mundo da bola mostra como o jogador tem uma conturbada carreira para administrar, e com tantos olhares, fica difícil ter uma vida normal. Fica escancarado como tratamos os meninos da base como meros objetos, “jóias” e dando o status de craque prodígio para alguém tão jovem segurar. Em apenas 5 anos, uma criança que acabou de sair da infância, foi arrastado do Maranhão para o Sul do Brasil, do RS para Espanha, de lá para Portugal e, após denuncia do Grêmio, trazido forçado para o Brasil. Já que a FIFA não permite que jovens dessa idade viagem por motivos futebolísticos. Como fica a cabeça de um garoto nessas condições?
Um jogador precisa lidar com a loucura onde um jogo bom ele vira ídolo, e por outro lado, um jogo ruim, já é julgado. Os valores estão aí para provar. O garoto começa no futebol e assim começa a valer milhões de reais, joga um campeonato mal, já não vale mais nada e é dispensado para outro clube. Volta a jogar bem e os ‘Euros” já batem na porta novamente da casa dos milhões. Tirando aqueles que valem bilhões. Ao encerrar a carreira, o jogador já “não tem valor financeiro” e precisa lidar com toda uma vida pela frente.
Somos muito apegados ao dinheiro, onde você justifica o ato de massacrar um jogador pelo dinheiro que ele recebe, esquecendo que não são maquinários de uma empresa. O jogador precisa aprender a lidar psicológicamente com tudo isso para o sucesso da fase boa não subir a cabeça.
Seleção a flor da pele
Por muitos anos, acreditou-se que cuidar da saúde mental era besteira e frescura, e com essa ideia pré histórica, vimos casos como o Thiago Silva, considerado um líder, chorando sem controle antes das cobranças de pênaltis contra o chile na Copa do mundo de 2014. Válido lembrar que após esse dia, Thiago foi massacrado pela mídia e torcedores onde expos todos os jogadores daquele elenco, sem ninguém tentar, ao menos, entender o porquê dele estar daquele jeito, somente justificando que “ele não podia chorar”.
Aliás, a seleção de 2014 mostrou como não estávamos preparados psicologicamente para aquela competição, após tanta cobrança em casa. Um problema maior do que o 7 a 1.
Outro exemplo de destaque foi o Ronaldo Fenômeno, antes da final de 98 contra a França, que foi parar no Hospital devido a uma crise nervosa emocional.
Podemos colocar em pauta também os diversos exemplos de jogadores que perderam a razão em campo como o Neymar em várias polêmicas fora de si ou, também, os que nunca mais voltaram a vestir a amarelinha, como o caso do Felipe Melo em 2010 pisando no Robben.
Voltando ao Manu, o Flamengo anunciou a contratação do menino e todo esse holofote na cabeça dos jovens promissores mostra a importância de se ter um zelo com a saúde mental e uma boa assistência de psicólogos no interior do Clube. Os meninos não são máquinas e assim, devemos apoiar e ajudar nossas crianças que são covardemente arrastadas de um lugar para o outro e no final, fatiada entre clubes ou deixadas de lado.
-Você pode acompanhar tudo que acontece a princípio em nossa página no GOOGLE NEWS , se inscreva e não fique de fora.–
O post Opinião: No Fla, “Caso Manu” escancara a importância de cuidar da Saúde psicológica dos jogadores apareceu primeiro em A Folha Hoje.