Quando se trata de cuidar das finanças, os brasileiros ainda têm muito o que aprender. Levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que 69% das pessoas do país não conseguem poupar dinheiro. Outra pesquisa, conduzida pelo Datafolha, constatou que 67% não fazem reserva financeira.
De acordo com os órgãos especializados em finanças, como a Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e a Serasa Experian, poupar e investir são ações fundamentais para quem busca estabilidade financeira.
Enquanto a primeira ação significa priorizar estratégias para economizar, a segunda busca opções para fazer o dinheiro poupado render. Neste sentido, a orientação é estudar sobre os produtos financeiros para reconhecer quais são os mais compatíveis com os objetivos do investidor. Para isso, é preciso informar-se sobre renda fixa e renda variável: o que é, quais são os riscos, a rentabilidade, a liquidez e como funcionam a dinâmica das operações.
Se, por um lado, o processo pode parecer complexo, por outro, há uma série de alternativas que prometem facilitar a vida de quem quer começar a economizar. Uma delas é a chamada kakeibo, estratégia bastante utilizada no Japão. Seus princípios básicos podem ser adotados por brasileiros que almejam a disciplina financeira.
O que é kakeibo?
O kakeibo foi desenvolvido pela primeira mulher jornalista do Japão, Hani Motoko, em 1904. Originalmente, o método era uma espécie de diário de contas domésticas para ajudá-la a organizar suas próprias finanças e alinhar o seu estilo de vida ao orçamento disponível.
Com o tempo, passou a ser uma estratégia com foco para ajudar mulheres ocupadas a lidar com a própria vida financeira. Para alcançar seu objetivo, Hani incorporou o conceito do kakeibo em uma revista feminina.
A ideia deu certo e, desde então, o método é bastante utilizado no Japão, sendo
passado de geração para geração e sobrevivendo diante dos inúmeros aplicativos que auxiliam na organização das finanças.
Como adotar a estratégia
Para adotar o kakeibo é fácil. O método pode ser aplicado por qualquer pessoa que tenha um caderno ou agenda em mãos. O primeiro passo é definir um período de foco que, geralmente, costuma ser de um mês. Em seguida, é preciso anotar onde se quer chegar no próximo mês.
As respostas variam de pessoa para pessoa. Nesse momento, a orientação é ser sincero e definir metas claras, estabelecendo objetivos de curto e longo prazo. A partir disso, será necessário registrar cada entrada e saída de dinheiro. Vale anotar se tomou um cafezinho na padaria, a quantidade e o valor gasto, pois, para Hani Motoko, os detalhes são essenciais.
Também pode ser interessante adicionar categorias para cada tipo de gasto. Entre as sugestões que podem ser utilizadas estão: necessidades, desejos, cultura e inesperados. A primeira é referente às contas cotidianas, como supermercado, água, luz, internet e outras.
A segunda refere-se a tudo aquilo que foi comprado com base em um desejo próprio, como hobbies, restaurantes e entretenimento. A categoria “cultura” é usada para os gastos com atividades culturais, como livros, museus, entre outros. Por fim, os gastos inesperados englobam as despesas que surgem por acaso, sem estarem previstas no planejamento do mês.
Para a japonesa que desenvolveu a estratégia, é importante adotar uma postura questionadora, com o propósito de entender se há gastos feitos sem necessidade. Para esta análise, é possível utilizar perguntas como “Posso viver sem isso?”, “Baseado no meu estado financeiro, posso comprar?” e “Eu, realmente, preciso disso agora?”.
Após realizar as anotações em relação ao período pré-estabelecido, a recomendação é analisar, criteriosamente, e fazer possíveis ajustes. Para a idealizadora do método, esta é a forma de ter uma relação mais consciente e saudável com o dinheiro.
O propósito da estratégia é encorajar a reflexão sobre cada despesa, fazendo a própria pessoa verificar quanto gastou e se seus gastos foram necessários para, assim, ajudar a criar hábitos que auxiliem a disciplina financeira.