EUA voltam a registrar mais de 2 mil mortes por dia por Covid, pela primeira vez em sete meses

Aumento do número de óbitos ocorre em meio à estagnação da campanha de vacinação e crescimento das hospitalizações no Sul do país

Ciclista pedala em frente a uma exposição de bandeiras brancas representando americanos que morreram de Covid-19, em Washington, EUA Foto: JOSHUA ROBERTS / REUTERS/17-09-2021

Pela primeira vez desde fevereiro, os Estados Unidos voltaram a registrar, nesta semana, uma média de mais de 2 mil mortes diárias por Covid-19, segundo informações do site Our World in Data, da Universidade de Oxford. O novo pico é provocado pela disseminação da variante Delta, mais contagiosa, em especial em áreas do país com baixas taxas de vacinação.

As mortes relacionadas ao coronavírus vem aumentando no país nos últimos dois meses, chegando a uma média de 2.031 por dia na terça-feira, e a 2.047 nesta quinta-feira, o maior número desde 27 de fevereiro. Em 5 de julho, quando os EUA registraram o menor índice de mortalidade pela doença, a média de óbitos por dia foi de 217. Ao todo, desde o início da pandemia, 681,2 mil americanos morreram de Covid-19, mais do que em qualquer outro país. No Brasil, segundo país com mais mortes — mais de 592 mil mil — a média diária de óbitos está em cerca de 530.

Segundo dados compilados pelo New York Times, os números de novos casos e de hospitalizações estão em queda nos EUA, com reduções de 12% e 10%, respectivamente, na média nacional dos últimos 14 dias. No entanto, essas taxas variam amplamente de estado para estado, com um em cada quatro hospitais do Sul do país, epicentro local da variante Delta, com mais de 95% dos leitos de UTI ocupados.

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O país lida com a baixa procura pela vacina e o negacionismo de grupos sociais, ao passo que o ritmo de vacinação tem se mantido estável em torno das 742 mil doses por dia, depois de um pico de mais de 3 milhões em abril.

Cerca de 55% dos americanos já estão totalmente imunizados — variando de 69% no estado de Vermont a 40% na Virgínia Ocidental. Esse número chega a 73,5% no Uruguai, 64% em Israel e 62% na média dos 27 países da União Europeia. No Brasil, onde a vacinação começou depois, menos de 39% da população completou o ciclo vacinal, mas 69% tomaram a primeira dose.

O plano do presidente Joe Biden era de que pelo menos 70% dos adultos americanos tivessem recebido ao menos uma dose da vacina até 4 de julho, quando é comemorada a Independência do país. Mas, até o momento, este número não passou de 63%, com analistas apontando a polarização política, a desinformação e a má comunicação como os principais fatores do atraso.

A desinformação sobre a vacina que o governo Biden está combatendo inclui a circulação de mentiras como as de que os imunizantes contra a Covid-19 são ineficazes, carregam microchips e  prejudicam a fertilidade das mulheres, disse um funcionário da Casa Branca em julho.

Em meados de agosto, quando os EUA registraram mais de mil mortes por dia pela primeira vez desde março, Biden fez um apelo, dizendo que não descansará “enquanto os governadores que são contra o uso de máscaras continuarem intimidando funcionários locais”.

— Ainda estamos em uma pandemia de não vacinados. Há mais de 85 milhões de americanos elegíveis para a vacinação [contra Covid-19] que ainda não se vacinaram — afirmou o presidente americano à época.

As mortes por Covid-19 nos EUA já ultrapassam as da gripe espanhola. Na pandemia de 1918, 675 mil óbitos foram notificados, segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Em todo o mundo, mais de 4,7 milhões de pessoas morreram desde o início da pandemia do coronavírus.