Agressão a Ator Victor Meyniel: Yuri é Autuado por Agressão, Injúria e Falsidade Ideológica; Porteiro Também é Autuado

Agressor Indiciado por Crimes de Lesão Corporal e Injúria por Motivos Homofóbicos

O delegado da 12ª DP João Valentim — Foto: Felipe Grinberg / Agência O Globo
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A Polícia Civil anunciou o indiciamento do estudante de medicina Yuri de Moura Alexandre, de 29 anos, por lesão corporal, injúria por atos homofóbicos e falsidade ideológica, em decorrência das agressões sofridas pelo ator Victor Meyniel no último sábado. De acordo com o delegado João Valentim, responsável pelo caso na 12ª DP (Copacabana), as evidências apontam para um crime motivado por homofobia. Victor passará por novo exame de corpo de delito para avaliar a gravidade das lesões, e Yuri permanece sob custódia policial. Paralelamente, o porteiro Gilmar José Agostini também enfrenta acusações, sendo indiciado por omissão de socorro, com seu caso encaminhado ao Juizado Especial Criminal, uma vez que testemunhou a agressão sem intervir.

Identificação Mutável do Agressor e a Complexidade das Motivações

Valentim destaca que, de acordo com depoimentos colhidos, as agressões tiveram início no interior do apartamento, no corredor, onde, mesmo se houvesse algum ato de inconveniência, a violência que se seguiu é desproporcional e inaceitável. O delegado também revela que Yuri apresentou diferentes identidades aos policiais: inicialmente se identificando como médico da Aeronáutica e heterossexual, mas posteriormente declarando sua sexualidade de forma diferente. Valentim enfatiza que, assim como um negro pode ser racista, um gay também pode ser homofóbico, ilustrando a complexidade das motivações por trás do crime.

Ator Prestando Novo Depoimento Mantém Versão Anterior

Victor Meyniel compareceu novamente à delegacia para prestar depoimento e manteve a integridade de sua versão original. Quando questionado pelos policiais, negou ter sido inconveniente com a médica Karina de Assis Carvalho, que divide o apartamento com Yuri. Karina havia afirmado anteriormente à polícia que se sentiu importunada pelo ator, que a chamou de “chata e esquisita” e também teria ouvido Victor ameaçar Yuri ao ser expulso da residência: “Sua vida nunca mais será a mesma”.

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Victor Meyniel ao chegar à delegacia com seu advogado para depor — Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Conflitos de Versões e a Questão das Provas

Valentim ressalta que Victor contestou o depoimento de Karina, argumentando que não foram apresentadas provas de sua importunação, e que uma importunação não configura necessariamente um crime. As lesões, segundo o ator, foram causadas devido à repulsa de Yuri em ser identificado como gay. Esses conflitos de versões tornam o caso ainda mais complexo e desafiador.

Karina saiu apressadamente da delegacia, com rosto tapado, e não falou com a imprensa — Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo

Victor Meyniel e Sua Recuperação

O ator Victor Meyniel, acompanhado por seu pai e advogados, passou aproximadamente duas horas na delegacia ao prestar seu depoimento. Quando questionado pela imprensa, ele apenas mencionou que estava melhorando antes de entrar na delegacia. Mais cedo, ele havia postado um vídeo em suas redes sociais mostrando que as feridas em seu rosto estavam cicatrizando e agradeceu o apoio de seus fãs e amigos.

Médica se Sente “Importunada” e Troca de Mensagens Reveladas

A médica Karina de Assis, que divide o apartamento com Yuri, prestou depoimento à 12ª DP (Copacabana) e relatou ter se sentido “importunada” pelo ator, mencionando que ele a chamou de “chata e esquisita”. Ela também afirmou ter ouvido Victor ameaçar Yuri ao ser expulso da residência, dizendo: “Sua vida nunca mais será a mesma”. Prints de mensagens trocadas entre Karina e Yuri momentos antes da discussão foram obtidos pelo GLOBO. Nas mensagens, Karina expressa sua insatisfação com o comportamento de Victor e pede que Yuri retorne, pois o ator a estava “irritando”.

Karina saiu apressadamente da delegacia, com rosto tapado, e não falou com a imprensa — Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo

Contexto do Confronto e Relato de Karina

Karina detalhou que, na manhã do último sábado, Yuri e Victor estavam no apartamento depois de saírem de uma festa em Copacabana, onde mora com Karina. Ela os encontrou na sala quando chegou de um plantão. Segundo Karina, após algumas falas consideradas “inconvenientes” por parte de Victor, ela decidiu ir para o seu quarto e tomar banho. Nesse momento, Yuri foi ao quarto dela e questionou se ela havia “ficado” com Victor. Após a confirmação, Yuri teria dito que estava tentando fazer Victor sair há algum tempo, devido ao comportamento “chato” do ator.

Comportamento de Victor e a Descrição de Karina

Karina relatou que, durante as duas horas de contato com Victor, ele foi considerado “deselegante” e “debochado”. Em um momento, Victor entrou em seu quarto quando ela estava nua após o banho, e mesmo com sua insistência, ele permaneceu. Victor chegou a afirmar que havia trazido estrogonofe para Karina, que negou ter pedido comida. Em outro momento, ela pediu para que Victor se sentisse à vontade em sua casa e afirmou que precisava dormir. Victor, no entanto, respondeu de forma desafiadora. Karina se vestiu e trancou a porta, mas Victor tentou entrar no quarto e bateu incessantemente na porta.

Karina diz a Yuri que Victor a está “irritando” — Foto: Editoria de Arte/Reprodução

Continuação do Relato de Karina e Intervenção de Yuri

Karina também relatou que estava assistindo a uma série quando Victor, mais uma vez, tentou entrar em seu quarto. No entanto, desta vez, ele questionou se Karina sabia falar inglês devido à dublagem da série. Karina explicou que assistia à versão dublada devido ao cansaço e pediu que Victor saísse de seu quarto. Ela afirmou que, após esse episódio, pediu a Yuri para voltar ao apartamento, pois Victor a estava “irritando”.

Discussão na Portaria e Ameaças de Victor

Karina descreveu como Yuri interveio na situação e pediu que Victor deixasse o apartamento, já que ele era o convidado e Karina morava lá. Victor, ao ser colocado para fora, teria esquecido seu tênis, e Yuri o seguiu para devolvê-lo. Karina testemunhou a discussão pela porta da portaria. Yuri teria dito a Victor para sair três vezes, e Victor teria respondido com ameaças, afirmando que a vida de Yuri nunca mais seria a mesma.

Defesa de Victor e a Percepção Sobre o Depoimento de Karina

Os advogados de Victor Meyniel, Maíra Fernandes e Ricardo Brajterman, divulgaram uma nota afirmando que já esperavam um depoimento favorável ao agressor, dada a amizade entre as partes e a tendência de culpar a vítima em casos semelhantes. A defesa argumentou que o depoimento parcial de Karina não justifica as agressões brutais e covardes reveladas pelas imagens do circuito interno do prédio, bem como a omissão de socorro cometida pelo porteiro.

Contexto do Caso e Complexidade das Motivações

O caso envolvendo Victor Meyniel foi desencadeado após uma festa em Copacabana, na qual ele saiu com Yuri, que o convidou para sua residência. Segundo relatos, a situação se agravou devido à presença da médica Karina, que teria deixado Yuri desconfortável. Uma discussão teria eclodido, e o ator foi expulso com violência, culminando em agressões físicas na portaria do prédio. O porteiro, Gilmar José Agostini, foi criticado por não intervir imediatamente.

A Omissão do Porteiro e os Detalhes do Incidente

As imagens das câmeras de segurança do prédio mostram que o porteiro permaneceu sentado enquanto as agressões ocorriam contra o ator. Somente depois de aproximadamente dois minutos ele ajudou a vítima a se levantar. O síndico do condomínio, Marcos de Carvalho, afirmou que o porteiro o alertou sobre a briga e, ao chegar ao local, encontrou Victor machucado. O porteiro foi então acusado de omissão de socorro.

O Relato de Victor sobre a Omissão do Porteiro

Victor Meyniel compartilhou que, enquanto estava caído e quase desacordado, o porteiro segurou sua mão e o arrastou porque estava atrapalhando a passagem. Ele expressou sua decepção pela falta de intervenção imediata do porteiro e destacou a importância da empatia nas situações de agressão. Victor acreditava que o porteiro poderia ter feito mais para ajudar.

Possíveis Consequências Legais para o Agressor

Yuri de Moura Alexandre, caso seja condenado, enfrenta a possibilidade de até 11 anos de prisão devido às agressões cometidas. O episódio de violência foi registrado pelas câmeras de segurança da portaria do edifício. Vale ressaltar que essa não foi a primeira vez que o ator foi vítima de homofobia, o que reforça a importância de investigar a motivação por trás das agressões.

Complexidade das Motivações e a Identidade Sexual do Agressor

A defesa de Victor Meyniel levanta a hipótese de que as agressões podem ter sido motivadas pela exposição pública da sexualidade do agressor. Segundo a advogada Maíra Fernandes, Victor teria questionado na portaria se “ninguém sabia” sobre a orientação sexual de Yuri de Moura Alexandre. Durante as agressões, Yuri teria reforçado: “Eu não sou viado [sic]. Você é que é”.

O ator Victor Meyniel presta depoimento em delegacia no Rio de Janeiro após sofrer agressões por homofobia — Foto: Reprodução/Agência O Globo

Alegação da Defesa do Agressor

O advogado de defesa de Yuri, Lucas Oliveira, argumentou que a identidade sexual de seu cliente nunca foi ocultada, referindo-se ao fato de Yuri já ter sido casado com uma pessoa do mesmo sexo. Oliveira alega que a identidade sexual de Yuri está sendo apagada com a justificativa de que ele teria praticado um crime de homofobia, forçando-o a provar que é gay. Em relação à acusação de lesão corporal, a defesa não nega as agressões registradas pela câmera de segurança, mas argumenta que o exame de corpo de delito não aponta incapacidade, perigo de vida ou debilidade permanente.

Este artigo abrange os eventos e detalhes relacionados à agressão ao ator Victor Meyniel, destacando a complexidade das motivações por trás do incidente, os depoimentos das partes envolvidas e as possíveis consequências legais para o agressor. A situação revela a importância de uma investigação minuciosa para entender os motivos por trás de crimes de ódio e agressões baseadas em preconceito.