Agressor de Victor Meyniel diz a PMs que espancou ator porque ele teria ‘desrespeitado’ sua esposa

Estudante de medicina confirma encontro com a vítima em boate e apresenta crachá falso, enquanto porteiro enfrenta acusações de omissão de socorro

Yuri foi preso em flagrante após ser identificado pelas imagens obtidas pela Polícia — Foto: Reprodução

Na manhã de sábado, por volta das 8h40, o sargento Fabiano Valadão, do 19º BPM (Copacabana), deparou-se com uma cena chocante: o jovem ator e influencer Victor Meyniel, de 26 anos, ensanguentado e gravemente ferido, na portaria de um edifício localizado na Rua Siqueira Campos, em Copacabana. A resposta surpreendente do agressor, identificado como o estudante de medicina Yuri de Moura Alexandre, de 29 anos, aos questionamentos dos policiais desencadeou uma investigação que revelou uma série de mentiras e transgressões.

Em seu depoimento à 12ª DP (Copacabana), o sargento Valadão relatou sua visita ao apartamento de Yuri após o incidente, onde questionou o motivo das agressões infligidas a Victor. Yuri Alexandre justificou suas ações alegando que o ator “teria desrespeitado sua esposa”. Além disso, acrescentou que conheceu Victor em uma “baladinha”, revelando um contexto social inesperado.

No entanto, as descobertas posteriores na delegacia desmascararam Yuri Alexandre. Contrariamente ao que alegara, ele não era militar nem médico, como inicialmente afirmara ao apresentar um crachá falso do Hospital Central da Aeronáutica. Como resultado, além dos crimes de lesão corporal e injúria por preconceito, Yuri enfrentará acusações de falsidade ideológica.

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O depoimento de Victor à polícia ofereceu uma perspectiva diferente do evento. Segundo a vítima, foi Yuri quem o convidou para ir ao seu apartamento, após se encontrarem na boate Fire, localizada na mesma Rua Siqueira Campos em Copacabana. Victor revelou que Yuri se apresentou como médico e, como dividia o imóvel com uma amiga da mesma profissão, sugeriu que ambos poderiam passar a noite juntos. A vítima detalhou que, durante a noite, compartilharam uma garrafa de vinho enquanto assistiam a clipes musicais e acabaram se envolvendo romanticamente.

Entretanto, a situação tomou um rumo sombrio quando a colega de Yuri retornou ao apartamento pela manhã. Yuri demonstrou repentina irritação ao vê-los conversando, o que culminou na expulsão de Victor de sua residência.

Na portaria do prédio, um confronto inevitável aguardava os dois. Victor, perplexo com a súbita hostilidade de Yuri, questionou o motivo por trás de sua mudança de atitude, visto que haviam se envolvido romanticamente durante a noite anterior. Foi nesse momento que Yuri, aparentemente transtornado, revelou publicamente a orientação sexual de Victor, utilizando termos ofensivos e preconceituosos.

As imagens das câmeras de segurança do local capturaram o terrível desfecho do encontro. Yuri Alexandre desferiu uma série de socos, concentrando-se principalmente na cabeça e no rosto de Victor Meyniel. A brutalidade da agressão ficou registrada de maneira incontestável.

Surpreendentemente, o porteiro do edifício, identificado como Gilmar José Agostini, de 58 anos, foi testemunha da agressão, mas optou por não intervir. Segundo o depoimento de Victor à 12ª DP (Copacabana), o porteiro apenas o arrastou para permitir a passagem dos moradores, sem prestar qualquer assistência em sua situação de vulnerabilidade.

Em defesa de suas ações, o porteiro negou qualquer omissão de socorro. Gilmar afirmou ter prestado auxílio à vítima e ter informado o síndico, que teria acionado a polícia. No entanto, as imagens de segurança e o relato de Victor foram decisivos na decisão do delegado João Valentim, titular da delegacia do bairro, que autuou Gilmar por omissão de socorro.

A recusa de Gilmar em fornecer sua identidade às autoridades na chegada da polícia ao edifício adicionou mais complexidade ao caso. Em sua explicação, ele afirmou que “não gosta de se meter na vida dos outros, nem dos vizinhos”, criando uma atmosfera de mistério que envolveu ainda mais o incidente.

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