Carta de artistas da Globo para Léo filho de Marília Mendonça lida no “Domingão com Huck”

Mensagem que teve trechos lidos por vários artistas foi escrita por Luciano Huck, Pedro Bial, Padre Fábio de Melo, Nizan Guanaes, além da equipe do programa, que realizou neste domingo (7) uma edição especial em homenagem à cantora

RIO – Veja a carta que foi lida para o filho de Marília Mendonça, Leo, que tem 1 ano, por vários artistas no ‘Domingão com Huck’, que fez uma edição especial para homenagear a cantora morta numa acidente aéreo na sexta-feira. Entre eles estavam Carolina Dieckman e Lilia Cabral. O texto foi escrito por várias pessoas: Pedro Bial, Padre Fábio de Melo, Nizan Guanaes, Clarissa Lopes, além da equipe do programa.

A seguir, veja o texto:

“Querido Léo,

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Escrever uma carta para você, hoje, é mandar uma carta pro futuro. Futuro que sua mãe já tinha transformado, antes mesmo de você nascer. Como se ela preparasse o futuro pra você.

Quando puder entender essas palavras, Léo, você terá mais ou menos a idade que sua mãe tinha quando, com as palavras dela, entendeu o coração do Brasil. E, sentindo-se compreendido, o Brasil por ela se apaixonou.

Porque a sua mãe não cantava sozinha, Léo. Sua mãe tirava as palavras da boca de um monte de mulheres e botava na boca dela, dava sentimento a quem nem sabia o que sentia. Quando ela subia no palco, para soltar aquela voz, ela na verdade cantava com a voz de milhões de brasileiras.

Sua mãe libertou, absolveu, perdoou, compreendeu as mulheres como ninguém, Léo. Ela ensinou a gente a amar sem culpa, mostrou que a gente pode encher a cara e cobrar respeito, que pode ser romântica e da noitada, que pode ser mãe e empresária. Ela ensinou que as mulheres, 51% do Brasil, podem ser quem quiser, como quiser. E isso mudou o nosso país pra melhor.

Esta é uma carta escrita a muitas mãos, Léo. E muitas mães. Porque sua mãe queria ter voltado. Ela queria voltar porque você existe, porque depois que você chegou, o verbo voltar virou sinônimo de amor, de felicidade.

Ela queria voltar cansada, com a sensação de dever cumprido, depois de ter cantando para as multidões, que cantariam com ela, que encheriam o coração dela de gratidão, satisfação de ser quem ela sempre foi.

Ela queria voltar para se perder nos seus braços, no seu corpo pequeno, mas tão imenso no significado, porque você, Léo, era para ela uma multidão particular.

Quando sentir o desejo de revê-la, é só buscar sua mãe dentro do coração. O seu coração vai ser a sala, o sofá, o ponto de encontro de vocês.

E para nós, ela também vai estar por perto. Porque ela não foi embora. Ela virou esse ar que nos rodeia, que se chama amor. E ninguém pode com o amor, ninguém, nenhuma distância, nenhum fim.

Então, se a saudade bater, Léo, lembra que um pedacinho da sua mãe mora em cada um de nós. Lembra que a sua mãe não mora somente no passado. Ela espera por você também no futuro, um futuro que embalou pra que a gente te acolhesse – da mesma forma que ela sempre acolheu tanta coisa que vinha da gente.”